30 Outubro 2012
Detalles del Caso Guzmán Quintero Torres
Caso Guzmán Quintero Torres Chefe de redação do jornal El Pilón Valledupar, Cesar, Colômbia
Data do assassinato: 16 de setembro de 1999
Fatos: Quintero estava em um bar no Hotel Los Cardones com dois colegas. Um pistoleiro entrou e fez quatro disparos contra ele. O jornalista morreu antes de chegar ao hospital. O pistoleiro escapou em uma motocicleta que o esperava.
Antecedentes: No mesmo ano em que o mataram, dois meses antes, Quintero publicou três artigos na primeira página do El Pilón. O primeiro, em 10 de maio, tinha o seguinte título: "Exército mata duas mulheres". No artigo, o jornalista denunciava que uma tropa do Grupo Mecanizado Rondón havia atacado um veículo que viajava em Conejo, Guajira, e matado três mulheres, entre elas uma grávida, e ferido oito crianças. Segundo a matéria, os soldados haviam confundido os civis com uma coluna guerrilheira cuja passagem pelo local estava marcada para às 9 horas do sábado. Quintero denunciou que os militares, depois que seu engano foi denunciado, colocaram armas dentro do ônibus para tentar justificar sua ação. O comandante do batalhão recusou-se a dar declarações para o El Pilón.
Dois meses depois, em julho, Quintero publica outros dois artigos com os títulos: "Exército dispara fora da área de tiro" e "Assassinadas quatro pessoas em Patillal e Río Seco". A história é a seguinte: durante as práticas de tiro, os soldados dispararam contra uma casa, em Patillal, há 20 minutos de Valledupar, e mataram um menino e vários animais. A mãe do menor, Saida Maestre, vendedora de comida, procurou o El Pilón em busca de conselho. Quintero aconselhou-a a processar o Exército.
Na semana seguinte, na madrugada de terça-feira, 6 de julho, três pessoas foram arrancadas de suas casas e assassinadas a tiros em Patillal, e Saida Maestre desapareceu. Segundo os moradores do local, ela havia sido obrigada a subir em um veículo descalça e ainda de camisola. Quatro dias depois, seu corpo foi encontrado. Tinha várias marcas de tiros e sinais de torturas nos seios. Quintero denunciou o ocorrido. O jornalista havia recebido ameaças de morte anteriormente junto com seu colega Fernando Oviedo, do El Tiempo, de Barranquilla. Quintero e Oviedo publicaram juntos, em 1995, no El Heraldo e no El Tiempo, um artigo chamado "Filhos das Montanhas", no qual denunciavam os paramilitares.
Processo: Estão detidos sob acusação de execução do assassinato de Quintero: Jorge Eliécer Espinel Velásquez e Rodolfo Nelson Rosado. A Procuradoria ordenou a apreensão de cópias do El Pilón e El Heraldo. Quando Rosado, apelidado El Pichi (O Menino), foi preso, portava um revólver calibre 38 e uma licença falsa de porte de armas. A procuradoria obteve testemunhos jurados da viúva de Quintero e de seus colegas de trabalho. Em março passado, antes do encerramento da primeira etapa da investigação, realizou-se acareação para reconhecimento dos dois suspeitos e o resultado foi positivo.
Irregularidades no processo: A principal testemunha do assassinato, que já deu diversas declarações, não quis se submeter ao programa de proteção de testemunhas. Utilizou identidade falsa. A Procuradoria pediu a Fernando Ibarra, da Presidência da República, que transferisse os dois suspeitos, mas Ibarra não concordou, segundo declarações da própria Procuradoria. O fato é que a Procuradoria realizou corretamente as investigações em termos dos assassinos, mas nenhuma investigação foi ainda realizada para descobrir quem foi o mandante do crime.
A investigação realizada pela SIP até o momento aponta para membros do Exército na zona de Cesar devido a ameaças de que Quintero foi vítima, devido às suas publicações. As declarações do diretor do jornal El Pilón e do comandante da Polícia de Valledupar assim o indicam.
Outros: Sabe-se que os assassinos pertenciam a grupos paramilitares. Cinco anos atrás foram expulsos da organização por excessos. E no momento do assassinato eram pistoleiros contratados.
A investigação do caso Guzmán Quintero Torres
Estes são os fatos, narrados por Oscar Martínez, colega de Quintero e que estava com ele quando o assassinaram. "...Foi uma quinta-feira, 16 de setembro. Meu aniversário era dois dias depois. Guzmán queria comemorar comigo antecipadamente. Uma desculpa para tomarmos algumas cervejas depois do fechamento. Naquela quinta-feira, como todos os dias, Guzmán Quintero havia feito uma reunião com as editorias. Começou por volta das 7h30. Estava mais falante do que de costume. Terminou cedo a reunião e saímos por volta das 8h30 para buscar as notícias do dia. Guzmán também saiu. Voltou ao meio-dia. Estava de mau-humor. Não havia recebido um dinheiro de que estava precisando. Saiu novamente à tarde. Voltou por volta das 16 horas. Seu mau-humor havia piorado. Tinha tido um problema com a polícia. Haviam confiscado sua moto por falta de documentos. Ele disse que havia dito à polícia que fosse para Pueblo Bello, local com um sério problema de crimes, onde há muita necessidade de polícia. Pouco depois, já estava tranqüilo e sorridente. Mas nesse dia não escreveu, nem mesmo os artigos principais, como costumava fazer. Quero paz, disse. Às sete da noite, quando já terminávamos, me disse: Vamos, professor, era assim que falávamos um com outro, para a cerveja!. Como não me sentia bem, concordei, mas para tomar apenas uma. Saímos do jornal na minha moto, Guzmán ia no carona. Junto conosco, em sua moto, estava Edgard de la Hoz, fotógrafo que havia tirado a foto da primeira página e da qual Guzmán havia gostado muito. Como sempre, Guzmán levou com ele um exemplar do jornal que circularia no dia seguinte com a primeira página em branco, espaço que utilizava para escrever suas avaliações e os temas dos quais falaríamos na reunião seguinte. Chegamos ao bar do Hotel Los Cardones, do qual Guzmán tanto gostava. Sentamos na nossa mesa e ele se sentou na cadeira de sempre, olhando para a rua. Falamos sobre o jornal daquele dia. Convenceu-nos a tomar mais uma cerveja. E depois a terceira. Quando o garçom terminou de colocá-las sobre a mesa, um homem entrou e disparou contra ele. Acho que atirou oito vezes. Guzmán tentou se defender das balas com as mãos. Eu corri. Edgar ficou paralisado. Guzmán tentou correr, mas não conseguiu. Quando vi, saía sangue pela sua garganta e pela boca
Havia três homens no local, de Maicao, acho. E um casal de Bogotá. Eram turistas. A polícia chegou logo, dois minutos depois
".
O que Guzmán Quintero escreveu
No mesmo ano em que o mataram, dois meses antes, Quintero publicou três artigos na primeira página do El Pilón. O primeiro, em 10 de maio, tinha o seguinte título: "Exército mata duas mulheres". No artigo, o jornalista denunciava que uma tropa do Grupo Mecanizado Rondón havia atacado um veículo que viajava em Conejo, Guajira, e matado três mulheres, entre elas uma grávida, e ferido oito crianças. Segundo a matéria, os soldados haviam confundido os civis com uma coluna guerrilheira cuja passagem pelo local estava marcada para às 9 horas do sábado. Quintero denunciou que os militares, depois que seu engano foi denunciado, colocaram armas dentro do ônibus para tentar justificar sua ação. O comandante do batalhão recusou-se a dar declarações para o El Pilón.
Dois meses depois, em julho, Quintero publica outros dois artigos com os títulos: "Exército dispara fora da área de tiro" e "Assassinadas quatro pessoas em Patillal e Río Seco". A história é a seguinte: durante as práticas de tiro, os soldados dispararam contra uma casa, em Patillal, há 20 minutos de Valledupar, e mataram um menino e vários animais. A mãe do menor, Saida Maestre, vendedora de comida, procurou o El Pilón em busca de conselho. Quintero aconselhou-a a processar o Exército.
As conseqüências
Segundo apurações da SIP, militares do batalhão San Juan pediram à diretoria do El Pilón que se desculpasse pela manchete: "Exército assassinou duas mulheres", relativa às unidades de Guajira. "Um general nos visitou", disse Dickson Quiroz, diretor do jornal. "Conversamos muito sobre o caso. Discutimos muito sobre se devíamos fazer algo a respeito". Nenhuma desculpa foi dada. Quintero foi assassinado em 16 de setembro de 1999, às 22h30.
As autoridades
Logo depois do assassinato, a Polícia de Valledupar, a mando do coronel Hernando Chitiva, fez circular o retrato falado dos pistoleiros e ofereceu uma recompensa de 10 milhões de pesos. Dois homens foram capturados graças à confissão de uma testemunha a quem a procuradoria negou proteção porque não quis revelar sua identidade. Utilizada identidade falsa. A testemunha entregou à polícia as cápsulas das balas que os pistoleiros haviam deixado cair quando a moto em que fugiam tropeçou, quando fugiam da polícia.
Quando a SIP assumiu as investigações do crime de Quintero, no final de fevereiro, o promotor do caso trabalhava sobre o móvel do crime e alegava que poderia estar relacionado a um artigo publicado pelo jornalista cinco anos atrás sobre os paramilitares: "Os Filhos da Serra". O promotor procurava, então, uma testemunha antes que o prazo para a primeira parte do processo expirasse, em 30 de março. A testemunha deveria fazer o reconhecimento dos dois suspeitos. Dois indivíduos ligados ao paramilitarismo e que estariam também envolvidos no assassinato do também jornalista Amparo Jiménez.
Quem era Guzmán Quintero
Jornalista da Universidade Autônoma do Caribe, em Barranquilla, e professor adjunto na universidade aberta da UNAD, trabalhava como correspondente para a Caracol Radio, Televisa del Caribe, NTC News, El Heraldo, e Radio Macondo. Era o segundo de cinco filhos em uma família de baixa renda. Seu pai, também chamado Guzmán Quintero, trabalha para a cooperativa de Cesar.
Casado com a professora de psicologia, Alcira Vitola, tinha dois filhos: Camilo, de dois, e Sebastián, de 7. Tinha 1,68 m de altura, era magro, e tinha um bigode bem cuidado. "Acordava às 5 todas as manhãs. Lia os jornais, escutava o rádio, e freqüentemente saía para trabalhar sem tomar café da manhã. Desafiou os envolvidos na guerra civil. Foi ameaçado em 1995, quando trabalhava para o El Heraldo. Recebeu telefonemas nos quais era ameaçado para abandonar sua profissão. Voltou a ficar preocupado no ano passado por causa de uma notícia sobre o Exército e um batalhão de reserva em Guajira", contou a viúva à SIP. Alcira Vitola insiste em dizer que os colegas de Quintero, Oscar Martínez e Edgar de la Hoz, não deram todas as informações à procuradoria porque estão com medo.
Fatos mais recentes
A Procuradoria encontrou a Testemunha No 1. Conseguiram, finalmente, sua verdadeira identidade e lhe deram proteção e tomaram sua declaração, na qual identifica os pistoleiros. Encontraram uma Testemunha No 2 (nova). Essa testemunha havia estado em um local dois dias depois do assassinato de Quintero, quando ali chegou um dos pistoleiros (El Parce) e se encontrou com outra pessoa. Escutou uma conversa e a pergunta: "Como foi com o jornalista?". A testemunha foi à Polícia de Valledupar, apresentou a denúncia e recebeu do comandante Hernando Chitiva uma moto para localizá-los. Encontrou-os e identificou-os, confirmando a identificação da primeira testemunha.