15 Novembro 2012
Jornalista comenta a violência e a impunidade enfrentadas por jornalistas no México
Em texto publicado na mais recente edição da New York Review of Books, a renomada jornalista Alma Guillermoprieto menciona uma coletiva de imprensa convocada há alguns anos no estado mexicano de Durango pela organização criminosa Los Zetas.
Em texto publicado na mais recente edição da New York Review of Books, a renomada jornalista Alma Guillermoprieto menciona uma coletiva de imprensa convocada há alguns anos no estado mexicano de Durango pela organização criminosa Los Zetas.
Ela pede aos leitores que se coloquem no lugar nos repórteres que participaram do encontro:
"Imagine que você chega no horário e local indicados e é saudado por diversos homens vestidos com roupas caras e muito amáveis. Assim que as saudações acabam, eles têm algo a dizer e o tom do discurso muda. Nos gostaríamos que vocês, eles dizem, nos considerassem em suas coberturas. Vimos matérias injustas conosco ou, ousamos dizer, que nos desagradaram. Estamos de olho em vocês. Gostaríamos que considerassem as consequências de continuar nos ofendendo. Sabemos que vocês não vão querer saber. Não vamos falar duas vezes. Vocês estão dispensados".
Guillermoprieto ilustra assim as mudanças no desempenho da função para os jornalistas mexicanos, vítimas da violência no país.
Em seu texto, Guillermoprieto descreve a escalada da violência no país, onde dezenas de jornalistas morreram nos últimos anos - a maioria dos crimes segue impune.
Guillermoprieto destaca o caso de Armando El Choco Rodríguez, repórter policial de Ciudad Juárez assassinado há quatro anos. O crime teve repercussão nacional e, em 2010, o então presidente Felipe Calderón disse que o caso havia sido solucionado. No entanto, a responsabilidade do suspeito da morte do profissional foi questionada. Ele nunca foi acusado.
Baixos salários e as condições de trabalho em algumas áreas do país são descritos por Guillermoprieto como duras e frequentemente humilhantes. Além disso, tais condições abrem espaço para o pagamento de propinas a jornalistas. Segundo Guillermoprieto, essa prática voltou ao uso por conta do aumento do poder e da influência dos traficantes. Enquanto as propinas são um complemento salarial para alguns profissionais, outros precisam entre aceitar o dinheiro ou enfrentar a ira dos criminosos.
Artigo completo da jornalista, em inglês: http://www.nybooks.com/articles/archives/2012/nov/22/mexico-risking-life-truth/?pagination=false