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Escalada de ataques.

A SIP alarmada pelo aumento da violência contra a imprensa na Bolívia

23 de junio de 2025 - 12:55

Miami (23 de junho de 2025) – A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) expressa profunda preocupação com o aumento da violência, estigmatização e restrições contra jornalistas e meios de comunicação na Bolívia, o que representa uma séria ameaça ao direito constitucional à liberdade de imprensa. A organização insta o governo boliviano a promover um clima de respeito, cessar a retórica de descrédito contra a imprensa e garantir condições seguras para o exercício do jornalismo.

O alerta da SIP complementa o pronunciamento da Associação Nacional de Jornalistas da Bolívia (ANPB) e da Associação de Correspondentes da Imprensa Internacional (ACPI) sobre a escalada de "ataques, assédios e restrições ao exercício jornalístico, em um contexto de tensão eleitoral e crise econômica" desde janeiro. Entre outras violações à liberdade de imprensa, jornalistas têm sido vítimas de agressões verbais e físicas, especialmente mulheres jornalistas; ameaças e apreensão de equipamentos.

Mensagens incitadas pelo ex-presidente Evo Morales, que, apesar de uma proibição do Tribunal Constitucional, tenta candidatar-se pela quarta vez à presidência, visam o silenciamento e a intimidação da imprensa independente. Morales e seus seguidores acusam a imprensa de tentar anulá-lo politicamente. Jornalistas de veículos independentes têm sido agredidos em estradas, manifestações de rua e através das redes sociais, e ameaçados com ocupação, incêndio e assalto de suas sedes.

O relatório semestral da SIP destacou que na Bolívia "as restrições se manifestam em quatro cenários: exclusão de publicidade estatal, perseguição tributária e discurso contrário ao trabalho da imprensa livre, que por sua vez se transforma em violência" e acrescentou que "o discurso ideológico contra meios de comunicação e jornalistas se manifesta em slogans estigmatizantes, chamando-os de 'imprensa vendida' e 'cartéis da mentira'".

Também foi denunciado assédio judicial contra jornalistas para que revelem suas fontes de informação. Na semana passada, o procurador-geral do Estado, Roger Mariaca, acusou o canal privado Unitel de "uma conspiração", de acordo com a Associação Nacional de Imprensa (ANP).

O presidente da SIP, José Roberto Dutriz, CEO e diretor geral do La Prensa Gráfica de El Salvador, expressou que "é alarmante constatar como a violência e a estigmatização afetam diretamente jornalistas e meios na Bolívia. É indispensável proteger a liberdade de imprensa, pilar essencial de toda democracia e garantia de acesso da cidadania a informações livres e verídicas".

Martha Ramos, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP e diretora da Organização Editorial Mexicana (OEM), instou o governo a "demonstrar tolerância diante da diversidade de opiniões e a garantir investigações exaustivas e imparciais sobre qualquer ato de violência ou ameaça contra jornalistas e meios". Acrescentou que "o Estado deve assumir sua responsabilidade de promover um ambiente seguro para o exercício do jornalismo, desencorajar todo tipo de discurso estigmatizante e acabar com qualquer incitação à violência".

O Índice de Chapultepec 2024 da SIP relatou que a Bolívia recebeu a classificação de "alta restrição", indicativa dos múltiplos casos de violência contra jornalistas e meios; da impunidade diante desses fatos, do fechamento de meios e das crescentes restrições para informar e se expressar. Conclui que "o jornalismo é vítima múltipla da asfixia econômica do governo, do assédio e de ataques físicos, verbais, cibernéticos, policiais e judiciais, entre outros, que agravam a vulnerabilidade de seu exercício e violam a garantia democrática de uma sociedade informada e com liberdade de expressão". O país foi classificado em 18º lugar entre 22 países analisados no estudo sobre o comportamento das liberdades de expressão e imprensa."

A SIP é uma organização sem fins lucrativos dedicada a defender e promover a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão nas Américas. É composta por mais de 1.300 publicações no Hemisfério Ocidental e tem sede em Miami, Flórida, Estados Unidos.

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