Miami (30 de dezembro de 2009) – O presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Alejandro Aguirre, subdiretor do Diario Las Américas, de Miami, Flórida, fez uma retrospectiva dos fatos de 2009 relacionados à liberdade de imprensa e de expressão no hemisfério ocidental.
A seguir, a íntegra do texto.
“Ao iniciarmos este novo ano, quero agradecer a todos os jornalistas e meios de comunicação por terem mantido inalterada sua missão de informar, fiscalizar, investigar, educar e orientar as suas comunidades.
Apesar da terrível violência, característica singular do ano que termina, esses homens e mulheres mostraram uma coragem admirável ao usar suas ferramentas, as da comunicação social, para trabalhar diariamente e difundir seus trabalhos. Muitas dessas pessoas têm que enfrentar atos de intimidação e violência sabendo que suas vidas estão realmente em perigo, visto que só no ano de 2009, 23 jornalistas foram assassinados, 11 deles no México. Além do mais, muitos dos seus colegas foram ameaçados, feridos, sequestrados ou encontram-se presos. Só em Cuba, 27 jornalistas continuam na prisão.
Vimos alguns avanços em termos de liberdade de expressão no nosso hemisfério, mas em geral o saldo foi negativo. Muitas das novas leis de imprensa foram criadas para exercer mais controle sobre os meios de comunicação independentes e sobre o fluxo de informações nos seus respectivos países.
Nesse período, a nossa sociedade não ficou tranquila diante da óbvia ameaça que existe em muitos países que fazem parte do nosso hemisfério.
Enviamos no último ano várias delegações internacionais de sócios e executivos da SIP para investigar, no local, as situações na Nicarágua, México, Bolívia, Venezuela e Equador. Em todas essas missões contribuímos para aumentar a conscientização sobre a importância e a necessidade da liberdade de expressão para que se possa fortalecer a democracia autêntica. Como resultado do nosso acompanhamento diário das violações dessa liberdade, emitimos 151 comunicados de imprensa e enviamos 201 cartas às autoridades exigindo o respeito de direitos e garantias para todos os cidadãos em geral e para os jornalistas em particular.
Graças ao apoio dos mais de 1.300 sócios que compõem a nossa instituição, realizamos 42 atividades em que a SIP esteve presente em diversos países do continente. Realizamos fóruns jurídicos e judiciais, seminários e visitas a todos os poderes públicos, civis e acadêmicos para difundir a nossa mensagem. Mais de 550 pessoas receberam capacitação em todos os aspectos do nosso setor, com ênfase especial no mercado digital.
Além do indispensável apoio dos nossos sócios, contamos com os nossos amigos da Fundação John S. e James L. Knight que nos ajudam com o Projeto contra a Impunidade, e a Fundação Robert R. McCormick, que apoia a Declaração de Chapultepec. Recebemos apoio também da Fundação James McChatchy, Fundação John D. e Catherine T. MacArthur e Fundação John P. Scripps.
Somos sempre gratos aos nossos sócios e às organizações que nos apoiam, mas nesse ano de tantas dificuldades econômicas quero expressar minha mais profunda gratidão a todas as pessoas e instituições que compartilham a nossa visão sobre a liberdade de expressão e que nos ajudam a fortalecê-la de forma concreta.
Quero reafirmar aqui a nossa obrigação de manter um jornalismo ético e responsável.
Dentro da imperfeição humana existem certamente situações em que é impossível cumprir essa meta. Mas também é verdade que, desde as suas origens, essa instituição deixou claro qual é a conduta que nos orienta, a começar com a “Ética do Jornalismo”, que foi confirmada como seu código pelos participantes do Primeiro Congresso Panamericano de Jornalistas em 1926, em seguida pela Sociedade Interamericana de Imprensa na sua sexta Assembleia Geral de 1950, e mais recentemente pela aprovação das “Intenções” da SIP, em que se resume claramente a conduta que, a nosso ver, deve orientar os meios e jornalistas. E diante das imperfeições mencionadas, pedimos mais liberdade para os que nos observam, para que tenham também a oportunidade de discordar de nós e mostrar exatamente onde acreditam que estamos equivocados. Mas isso deve ser feito dentro de um ambiente de mais liberdade e não através de métodos jurídicos e extra-jurídicos que nos levam para a autocensura ou para a eliminação de um jornalista ou de um meio.
Em nome dos nossos sócios, nossos executivos e nossos funcionários, aproveito para reafirmar a missão que nos tem orientado há quase sete décadas, reiterando nosso compromisso para continuar promovendo a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão em todos os cantos da nossa América nesse Ano Novo que começa.
E para todos vocês, meus melhores votos de um Ano Novo de paz e felicidade.”