Miami, 20 de maio de 2010 – Alunos de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica, no Rio de Janeiro, trocaram opiniões com especialistas convidados pela Sociedade Interamericana de Imprensa sobre a importância da liberdade de imprensa na sociedade democrática, usando como referência os princípios da Declaração de Chapultepec.
Na reunião, intitulada “Liberdade de imprensa: realidade, obstáculos e soluções”, que faz parte do projeto Embaixadores de Chapultepec, os alunos e especialistas internacionais tiveram debates produtivos sobre normas internacionais relativas à liberdade de imprensa e de expressão que devem ser respeitadas no mesmo nível que os direitos constitucionais no país, por ser o Brasil um dos signatários da Convenção Americana dos Direitos Humanos.
Na abertura da reunião, Julinho Mesquita, ex-presidente da SIP e que estava representando o jornal O Estado de S.Paulo, falou sobre a censura direta sofrida pelo O Estado durante a ditadura militar e explicou os novos métodos de censura, dando como exemplo a decisão judicial de nove meses atrás que não permite que o jornal publique matérias sobre irregularidades cometidas pelo filho do ex-presidente José Sarney.
Jessica Carvalho Morris, na função de “embaixadora” convidada pela SIP, e que é também diretora do programa de direito internacional da pós-graduação da Universidade de Miami e membro da diretoria da Anistia Internacional, comparou os princípios de Chapultepec e os defendidos pelo sistema interamericano sobre liberdade de imprensa. Explicou com exemplos concretos como sua aplicação poderia solucionar muitos dos problemas da imprensa que afetam a liberdade de expressão no país.
O evento foi inaugurado por Angeluccia Habert, diretora do Departamento de Comunicação da PUC-Rio , e contou com a participação da Professora Leise Taveira, do Departamento de Comunicação Social; Chico Octávio, de O Globo, e da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, e Carlos José Guimarães, membro do conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, entre outros. Estudantes de comunicação participaram de um painel no qual discutiram suas experiências sobre liberdade de expressão na era digital.
O coordenador do curso de jornalismo, Leonel Aguiar, e um painel composto por três alunos da PUC falaram sobre a necessidade dos valores éticos na profissão e da investigação como formas de obter qualidade. No painel foram discutidos também os efeitos da exigência de diploma no Brasil, o que foi rejeitado pela Corte Suprema de Justiça.
No encerramento das reuniões, Ricardo Trotti apresentou as conclusões do dia anterior de um outro fórum sobre crimes contra jornalistas e esclareceu a posição da SIP quanto à exigência de diploma para o exercício do jornalismo. Disse que a organização hemisférica defende o aperfeiçoamento jornalístico em todos os níveis, mas, conforme o estabelecido no artigo 8 da Declaração de Chapultepec, desde que sejam sempre – tanto a exigência de diploma universitário quanto a obrigatoriedade de filiação a organizações profissionais – aspectos de caráter totalmente voluntário.
A SIP é uma entidade sem fins lucrativos que se dedica a defender e promover a liberdade de imprensa e de expressão nas Américas. É formada por mais de 1.300 publicações do hemisfério ocidental e sua sede fica em Miami, Estados Unidos. O projeto “Contra a Impunidade”, da SIP, conta com o patrocíonio da Fundação John S. e James L. Knight e sua missão é combater a violência contra jornalistas e diminuir a impunidade que existe na maioria destes crimes. http://www.sipiapa.org; http://www.impunidad.com