30 Outubro 2012
Suspeito nega participação no crime e teme ser acusado de bode expiatório
Thomaz Iracy Moisés Guedes, 63 anos, mecânico agrícola, teme ser apontado como o bode expiatório do assassinato do jornalista Manoel Leal de Oliveira em Itabuna, Bahia, em 14 de janeiro de 1998. Guedes foi reconhecido por uma das testemunhas no caso do jornalista e tem a prisão preventiva decretada. Seu filho, Thomaz Jaci, foi acusado pela morte do taxista Leopoldino Bezerra Nobre, conhecido como Popó, em 9 de fevereiro de 1998, também em Itabuna.
O mecânico deu entrevista por telefone a SIP, em junho deste ano, negando sua participação e do filho nas mortes de Leal e do taxista. Acredita que os dois foram acusados porque Guedes já tinha uma condenação por receptação de carros - ele trabalha com desmanche de veículos. Uma das testemunhas do caso de Manoel Leal de Oliveira, que não quer ser identificada com medo de represálias, confirma ter reconhecido, por foto, Guedes como sendo o motorista que ficou em campana na caminhonete Silverado estacionada na rua onde morava o jornalista no dia do crime.
O filho de Guedes, Thomaz Jaci, de 28 anos, foi morto em 16 de março de 2000. "Foi uma execução, deram tiros na nuca e no peito", acusa o pai. Segundo Guedes, ele e o filho estavam na frente da casa onde moravam, na cidade de Santo Antônio de Jesus, consertando um caminhão, quando chegaram três pessoas atirando. Os homens não possuíam identificação, mas um deles foi chamado de Fonseca e teria sido reconhecido por Guedes como sendo o policial que havia torturado o filho, quando ele foi preso sob suspeita de participação na morte do taxista. Guedes escapou da morte porque conseguiu fugir.
Guedes diz que só conhece Itabuna de passagem. O filho, Thomaz Jaci, namorava uma moça que vivia na cidade e por isso ia com mais freqüência para lá. Na época do crime do taxista, os dois haviam recém chegado de Brasília, onde pensavam em buscar trabalho. "Eu me submeto a qualquer tipo de interrogatório: psíquico, telepatia, detector de mentira", afirma. Alega que a mesma testemunha que reconheceu seu filho no crime do taxista depois se retratou. Lembra que havia boatos na cidade de que o taxista teria comentado, pouco antes de morrer, que havia transportado em seu táxi um suspeito do crime de Leal, Marcone Sarmento, no dia do assassinato do jornalista. Acredita que seu nome tenha sido envolvido no caso de Leal porque ele e o taxista eram parecidos fisicamente.
"Resolvi falar agora porque eu quero saber quem matou meu filho. e quero saber baseado em quê pediram minha prisão preventiva. Por que não prendem Marcone Sarmento, ou não ouvem a secretária Maria Alice, também suspeitos?", pergunta. Para Guedes, a morte do filho e a sua seriam uma forma de encerrar os casos, sem apontar os verdadeiros culpados.
Socorro Nobre, irmã do taxista assassinado, afirma que a testemunha que reconheceu Thomaz Jaci só mudou seu depoimento, e negou o reconhecimento depois, porque haviam lhe prometido benefícios em troca. "Como no caso de Leal, o inquérito de Popó não sai do lugar. É possível que Popó tenha visto ou levado Marcone Sarmento no dia da morte do jornalista", diz Socorro.
O delegado de Itabuna responsável pelo caso de Leal, Gilberto Mouzinho, informa que têm feito audiências todas as terças e quintas-feiras para ouvir testemunhas que possam ajudar a encontrar os assassinos do jornalista. "Não há crime perfeito, só mal investigado", observa o delegado. Ele pediu a designação de um promotor público também em Salvador para acompanhar as audiências que serão feitas naquela cidade.