07 Agosto 2009
Repórter recebe ameaças após denunciar tentativa de suborno
Denúncias feitas pelo radialista Carlos Baía Mendes, 30 anos, chefe de jornalismo da Rádio Metropolitana FM 94,3, de Barcarena, resultaram na prisão de um funcionário da Prefeitura por suborno e em ameaças de morte por telefone.
(Sólo en portugués)
Denúncias feitas pelo radialista Carlos Baía Mendes, 30 anos, chefe de jornalismo da Rádio Metropolitana FM 94,3, de Barcarena, resultaram na prisão de um funcionário da Prefeitura por suborno e em ameaças de morte por telefone.
Desde 2006, o radialista tem denunciado no programa matinal Comando Geral, levado ao ar de segunda a sexta-feira, pela Metropolitana FM, irregularidades das administrações públicas da região. Somos diariamente procurados pela população, diz Mendes. A rádio alcança mais de 100 municípios, embora a sede seja em Barcarena, com cerca de 89 mil habitantes, a uns 22 quilômetros da capital, Belém.
As ameaças vieram depois que, em 16 de junho de 2009, Mendes registrou uma representação no Ministério Público contra o prefeito, João Carlos Dias, o procurador geral do município, Gladston da Paixão Lopes, e o diretor do Departamento de Pessoal da Prefeitura, Olival José do Espírito Santo. Na representação, ele informou que Santo havia publicado no Diário Oficial de Barcarena a contratação de uma funcionária fantasma (que de fato não atuava no cargo) como assessora da Procuradoria Geral do Município. A representação dizia ainda que o procurador geral do município havia sido contratado ilegalmente e praticado atos de nepotismo, empregando parentes.
O fato foi noticiado no jornal Diário do Pará de 30 de junho. Mendes foi então procurado por Santo, que lhe ofereceu R$ 3 mil (cerca de US$ 1,5 mil) para que negasse a informação em seu depoimento ao Ministério Público conversa que foi gravada pelo radialista e cuja gravação foi entregue ao Ministério Público. Em 8 de julho de 2009, data marcada para a entrega da primeira parcela do dinheiro, Santo foi preso em flagrante com os R$ 1 mil (cerca de US$ 500) da tentativa de suborno. Um dia depois, começaram os telefonemas para a Rádio Metropolitana FM dizendo que era bom Mendes se cuidar e insinuando que sua vida estava em perigo.
Em 14 de julho de 2009, a 2ª promotora de Justiça em exercício, Fábia Mussi de Oliveira Lima, apresentou uma denúncia formal contra Santo, com base nas denúncias feitas por Mendes, e se manifestou contra o pedido de liberdade provisória do acusado.
Em nota enviada aos jornais da região, a Prefeitura de Barcarena lamentou o episódio e informou que o prefeito, João Carlos Dias, decidiu afastar Olival do cargo. O procurador Gladston Lopes e o próprio Santo enviaram uma nota ao Diário do Pará, em 30 de junho de 2006, negando que a funcionária contratada fosse fantasma: segundo os acusados, ela teria servido em cargo comissionado de assessora de janeiro de 2009 a maio de 2009, mas teria pedido a exoneração alegando a necessidade de estudar e de mudar-se para outro município, em maio, quando o procedimento foi assinado pelo procurador. Também afirmaram que a prefeitura entraria com uma queixa-crime contra o radialista. E insinuaram que as denúncias eram uma retaliação de Mendes: (...) que chegou a se candidatar a vereador do município e por não conseguir seus objetivos tenta revidar com calúnias e difamação aos membros da administração municipal.
Não foi a primeira vez que o radialista recebeu ameaças por seu trabalho, mas ele não pretende deixar que interfiram ou o impeçam de continuar denunciando. Há três anos como repórter da Metropolitana FM, Mendes diz que tem todo o apoio da direção da Rádio para executar o Jornalismo Investigativo que gosta de fazer.