30 Outubro 2012

Um condenado, cinco foragidos

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Quando chegar aos 50 anos, Milcíades Maylin, de apenas 24, terá passado mais da metade da sua vida na prisão depois de ter sido considerado culpado, em outubro de 2001, do assassinato de Salvador Medina Velásquez, jornalista da rádio comunitária Ñemity FM¸ de Capiibary, departamento de San Pedro, Paraguai, enquanto outros cinco suspeitos envolvidos no caso continuam foragidos. No local onde o crime ocorreu, reina o medo. Especialmente na família do jornalista assassinado. Assassinado por motivos profissionais, políticos ou pessoais. Ou por uma rara combinação desses fatores e de outros talvez. No caso de Medina Velásquez, sua morte foi resultado de um grosseiro atentado a balas, em 5 de janeiro de 2001, enquanto ele andava em sua moto na empoeirada e deserta rua 1º de Março, em Capiibary, com seu irmão Gaspar, apresentador de um programa de música no rádio e que ficou milagrosamente ileso durante o ataque. Outro de seus irmãos, Pablo, é correspondente do jornal ABC Color, de Assunção.
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Salvador tinha 27 anos. Era presidente da diretoria da rádio e dava aulas de guarani em uma escola primária a 20 km de Capiibary. Tinha uma vida ativa e denunciava a corrupção freqüentemente no seu programa, até que Maylin decidiu silenciá-lo premeditadamente, segundo conclui, em 16 de outubro, nove meses e 11 dias depois do assassinato, o Tribunal de Alto Paraná e Canindeyú, que o condenou em primeira instância a 25 anos de prisão. Apesar disso, a família Medina Velásquez recebeu pouco depois ameaças de morte. Houve também um estranho seqüestro, que durou algumas horas, de um dos irmãos de Salvador. Pouco antes, o juiz de Curuguaty, Silvio Flores Mendoza, havia suspendido o processo contra dois supostos envolvidos no crime de Mailyn: seu primo, Daniel Enciso Marilin (dono da arma, ao que parece), o professor Timoteo Cáceres e o filho de um dirigente político, Luis Alberto Franco. Não foram encontradas evidências quanto a essas pistas por parte do promotor Ramón Trinidad Zelaya Bogado durante o período em que os suspeitos ficaram detidos na prisão de Coronel Oviedo. O sofrimento da família A questão continua sendo descobrir o motivo do crime. Motivos profissionais, devido a denúncias feitas no rádio sobre tráfico de madeiras e de drogas, feitas também às vezes no jornal por seu irmão Pablo, no ABC Color? Motivos políticos, por supostos vínculos de "seccionaleros" (dirigentes do Partido Colorado, que domina no Paraguai) a negócios, talvez escusos, na Reserva Florestal, parte do Ministério da Agricultura e Pecuária? Ou motivos pessoais, devido a supostos problemas com um professor e colega? Miguel Angel Rojas e Joaquín Díaz, defensores de Maylin, apelaram em dezembro da sentença e pediram uma redução da pena para cinco anos. A advogada Raquel Talavera, representante do ministério público, se opôs terminantemente. Prevaleceu, finalmente, a condenação inicial a 25 anos de prisão, assinada em 27 de março. Continua desconhecido o paradeiro de Claudio Bareiro López, Mirta Miranda, Pablo Quiñones e dos irmãos Alfredo e Gilberto Salinas, foragidos. Ligados de um modo ou de outro a Maylin, que usava máscara no momento do crime. Um condenado, cinco foragidos. "Os familiares da vítima continuam tentando descobrir algo que permita reabrir o caso com novos elementos contra os supostos mentores desse terrível crime", disse Pablo Medina Velásquez. Essa busca continua devido ao assassinato e a seus desdobramentos. Principalmente devido ao medo das ameaças. A família numerosa é tal qual uma árvore que perdeu seu ramos e, a pesar disso, debe ainda lidar com a insegurança e com a falta de proteção. Vivem como culpados, em vez de alvo de ataques, enquanto Maylin, eventual bode expiatório, passará mais da metade da vida na prisão. E ninguém ainda sabe a resposta para a pregunta: por quê?

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