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Intimidação.

A SIP condena processo do presidente Trump contra o The Wall Street Journal

21 de julio de 2025 - 15:34

Miami (21 de julho de 2025) – A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condena veementemente a ação por difamação movida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o jornal The Wall Street Journal, sua empresa controladora Dow Jones, o conglomerado News Corp. e dois repórteres do diário, em mais um episódio de confronto judicial contra meios de comunicação que publicam informações críticas sobre ele.

A ação, apresentada em um tribunal federal em Miami, exige uma indenização de pelo menos 20 bilhões de dólares e acusa o jornal de ter cometido “graves falhas éticas e jornalísticas”, segundo a equipe jurídica do presidente, conforme noticiado pela CNN.

O caso refere-se a uma reportagem recentemente publicada que revela a existência de um álbum de cartas de aniversário pelo 50º aniversário do falecido empresário Jeffrey Epstein, em 2003, que incluiria uma nota assinada por Trump, com um desenho de uma mulher nua, segundo o The Wall Street Journal.

O presidente Trump negou ter escrito a carta ou feito o desenho, classificando a reportagem como “notícia falsa” e alegando que “não existe carta ou desenho autêntico”, segundo informações da imprensa.

Na rede Truth Social, Trump afirmou ter advertido diretamente Rupert Murdoch, presidente da News Corp., para que a informação não fosse publicada, e que este “prometeu resolver a situação, mas evidentemente não teve poder para impedi-la”.

Um porta-voz do The Wall Street Journal afirmou que confiam “plenamente no rigor e na precisão” do trabalho jornalístico realizado e que defenderão com firmeza sua reportagem.

“Esta ação judicial não é um caso isolado; faz parte de uma estratégia para intimidar a imprensa independente e desencorajar a cobertura crítica. Utilizar o aparato legal do Estado para silenciar vozes jornalísticas representa um retrocesso democrático e estabelece um precedente perigoso”, afirmou José Roberto Dutriz, presidente da SIP e CEO do jornal La Prensa Gráfica, de El Salvador.

Martha Ramos, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP e diretora da Organização Editorial Mexicana (OEM), alertou: “Quando os mais altos níveis de poder buscam punir a imprensa por exercer seu papel fiscalizador, minam um pilar fundamental de toda democracia: o direito do público à informação. Esta ação judicial é uma clara tentativa de censura disfarçada.”

O processo faz parte de uma série de ações judiciais iniciadas por Trump contra veículos de imprensa desde sua campanha eleitoral de 2024. Segundo especialistas legais citados pela CNN, não há precedentes de um presidente em exercício processar diretamente jornalistas ou veículos por difamação. Em outros casos recentes, Trump processou as redes ABC News e CBS, com acordos extrajudiciais em que as emissoras concordaram em pagar somas milionárias destinadas à sua futura biblioteca presidencial.

Um relatório recente da organização Repórteres Sem Fronteiras, intitulado Seis meses da guerra de Trump contra a imprensa: importando e exportando tendências autoritárias, denuncia que a administração Trump aumentou sua hostilidade contra a imprensa com o uso de táticas autoritárias presentes em diversos regimes ao redor do mundo.

A Declaração de Chapultepec da SIP, em seus princípios 4 e 5, afirma que a “intimidação” de jornalistas e as “restrições à circulação dos meios ou à divulgação de suas mensagens” se opõem diretamente à liberdade de imprensa e a restringem severamente.

Por sua vez, a Declaração de Salta II, em seu princípio 3, desencoraja ações judiciais desproporcionais “que possam gerar autocensura ou custos que comprometam a sustentabilidade do meio de comunicação”. Tais ações abusivas, conhecidas como SLAPP (sigla em inglês para "ações estratégicas contra a participação pública"), buscam silenciar ou intimidar a imprensa por meio de desgaste financeiro e judicial, muitas vezes sem base legal.

A Declaração de Princípios sobre Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos também alerta que “pressões diretas ou indiretas destinadas a silenciar o trabalho informativo dos comunicadores sociais são incompatíveis com a liberdade de expressão.”

A SIP é uma organização sem fins lucrativos dedicada a defender e promover a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão nas Américas. É composta por mais de 1.300 publicações no Hemisfério Ocidental e tem sede em Miami, Flórida, Estados Unidos.

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