Lugar de Nascimento: Timbuí, município de Fundão, Espírito Santo, Brasil. Idade ao morrer: 48 anos. Estado Civil: Casada com Djalma Juarez Magalhães desde 1961 Filhos (nomes e idades na data da morte da mãe): Fernanda dos Santos Magalhães, 27 anos; Milla dos Santos Magalhães, 24 anos; Djalma Juarez Magalhães Filho (Juca), 23 anos; Paloma dos Santos Magalhães, 21 anos; Melissa Magalhães, 12 anos. Educação: 2º grau completo Profissão/cargo: Colunista social e diretora do Jornal da Cidade Antecedentes Jornalísticos: Trabalhou como colunista social no jornal A Tribuna, de Vitória Atividade Social/Passatempos: Gostava muito de viajar, organizava festas e escrevia livros sobre suas viagens. Escreveu cinco livros. Outras atividades ou funções: Promovia desfiles de moda e festas filantrópicas. Tinha uma papelaria e galeria de arte que administrava com a filha Milla. Apaixonada pelo Peru, tinha uma loja, Artes del Peru. Droga, café e armas* Comenta-se que o Espírito Santo poderá estar na rota do contrabando de cocaína estrategicamente colocada dentro dos sacos de café exportados para os Estados Unidos a países da Europa. Os cães "farejadores" que usam os portos estrangeiros não conseguem detectar a coca porque o cheiro do café neutraliza o poder do olfato dos referidos animais. Quando chega ao local de destino, a coca é retirada da carga previamente demarcada e vendida a peso de ouro. Outro comentário que tem crescido muito é o de que o contrabando de armas tem crescido (sic) no Espírito Santo aparelhando elementos do Crime Organizado com armamento e munição que nem o Exército Brasileiro possui. De que forma as armas são desembarcadas é um mistério, mas podem vir em contêineres para os quais a atenção dos fiscais é previamente desviada, podendo ainda haver corrupção no meio. São enigmas para as autoridades resolverem se os boatos tiverem fundamento.
Maria Nilce dos Santos Magalhães
Maria Nilce dos Santos Magalhães (23 de junho de 1941 a 5 de julho de 1989) Data do assassinato: 5 de julho de 1989 Local e circunstâncias do assassinato: Maria Nilce estava chegando à Academia Corpo e Movimento, na Rua Aleixo Neto, Praia do Canto, em Vitória, capital do Espírito Santo, por volta das 7h, em companhia de sua filha, Milla dos Santos Magalhães. A academia ficava a cerca de 400 metros de sua residência e normalmente as duas iam a pé, mas naquele dia resolveram ir de carro porque Milla seguiria para a universidade onde estudava. Quando Maria Nilce saltou do veículo, um homem apontou uma arma para sua nuca. Acionou o gatilho, mas a arma não disparou. Milla gritou, alertando a mãe, que correu em direção a um ônibus na parada em frente à academia, entrando no veículo. O assassino a seguiu e disparou quatro tiros contra Maria Nilce, dentro do ônibus. Três atingiram Maria Nilce, que chegou morta ao Hospital das Clínicas. Provável causa: Críticas e ameaça de anunciar envolvidos com tráfico de drogas, feitas na coluna social que escrevia para o Jornal da Cidade. Suspeitos: A Polícia Federal apontou como mandante José Alayr Andreatta, que teria contatado Romualdo Eustáquio da Luz Faria. Este, por sua vez, contratou os pistoleiros e intermediários. Cronologia 5 de julho de 1989 - Maria Nilce dos Santos Magalhães é assassinada diante da Academia Corpo e Movimento em Vitória, Espírito Santo, entre 6h45 e 7h. 5 de julho a 15 de setembro de 1989 - O inquérito é presidido pelo delegado da Polícia Civil, Josino Bragança, titular da Delegacia de Homicídios da Secretaria de Segurança do Estado do Espírito Santo. O delegado de Polícia Civil Cláudio Guerra é chamado para auxiliar nas investigações. Agosto de 1989 - O delegado Cláudio Guerra deixa as investigações. Agosto de 1989 - O promotor Gilberto Fabiano Toscano de Mattos questiona o comprometimento das investigações, ao lembrar que o delegado Josino Bragança respondia a um inquérito por homicídio na comarca da Serra e que o delegado Cláudio Guerra havia colhido depoimentos no apartamento dele, sem a presença de um promotor. Diz que o inquérito está cheio de "entulhos" e propõe que as investigações passem para a Polícia Federal. A promotora Marly Saramago Hermann alega razões de "foro íntimo" para se afastar. Setembro de 1989 - O ministro da Justiça, José Saulo Pereira Ramos, encaminha ao delegado Romeu Tuma, diretor-geral do Departamento de Polícia Federal, ofício da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado do Espírito Santo solicitando a cooperação da Polícia Federal para as investigações do caso de Maria Nilce e possíveis ligações com o crime organizado, tráfico de drogas, roubo e furto de veículos. O documento assinado pelo ministro recomenda rigor no inquérito. Assume o delegado federal Pedro Luiz Berwanger. O promotor Gilberto Toscano é designado para acompanhar o caso Novembro de 1989 - Com base no inquérito da Polícia Federal, o promotor Gilberto Fabiano Toscano de Mattos elabora um relatório e diz que o crime teve como mandante José Alayr Andreatta, que teria contratado seu amigo pessoal, Romualdo Eustáquio da Luz Faria, conhecido como Japonês, para matar Maria Nilce. Eustáquio convocou o pistoleiro José Sasso para a empreitada, o qual, por sua vez, convidou o policial César Narcizo da Silva para executar o crime. Segundo as apurações da polícia, foi Sasso quem disparou os tiros que mataram Maria Nilce. César Narcizo era o encarregado de matá-la, mas sua pistola não funcionou. O escrivão de polícia Charles Roberto Lisboa providenciou o transporte e a arma para o crime. Durante as investigações, atuando como auxiliar do delegado Cláudio Guerra, o escrivão elaborou um relatório confuso sobre a fuga dos pistoleiros. Andreatta é ainda acusado de usar o nome do desembargador Geraldo Correia Lima para contratar o piloto de avião Marcos Egydio Costa, encarregado de levar os assassinos para outro Estado. A polícia utiliza, entre outras provas, uma fita cassete com a confissão de José Sasso, gravada pelo policial militar Paulo Jorge dos Santos Ferreira no Presídio Militar em que se encontrava o pistoleiro. O promotor remete o relatório direto para o Tribunal Superior de Justiça, sem passar pelo crivo do juiz Joseph Haddad Sobrinho, designado para acompanhar o inquérito. Este ato é considerado irregular e usado na defesa dos acusados. Novembro de 1989 - É instalada uma sindicância no Tribunal de Justiça para verificar as notícias veiculadas na imprensa sobre a participação do desembargador Geraldo Correia Lima no crime de Maria Nilce. Correia Lima defende-se. Diz que tudo não passa de uma trama armada pela Polícia Federal, em represália a uma ordem de prisão a policiais federais envolvidos no espancamento e morte de um operário, quando o desembargador presidia o Tribunal, entre 1982 e 1983. Alega também que o promotor Gilberto Toscano atuou contra ele porque Correia Lima interveio em problemas do casamento de Toscano, acusado de espancar a mulher. A comissão conclui que não há fatos que comprovem a participação de Correia Lima na morte de Maria Nilce. As testemunhas (advogados dos acusados e os próprios suspeitos do crime) acusam o promotor Toscano de tentar incriminar o desembargador. Dezembro de 1989 - Os suspeitos de participação no crime são soltos. Junho de 1990 - Os ministros da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça votam pelo não indiciamento do desembargador Geraldo Correia Lima e pela continuidade das investigações. Novembro de 1990 - Djalma, marido de Maria Nilce, declara que não concorda com a conclusão do inquérito e pede que prossigam as investigações. Na opinião de Djalma, José Alayr Andreatta foi apenas o intermediário do crime. Dezembro de 2000 - O relatório final da Comissão Parlamentar do Inquérito (CPI) sobre o Narcotráfico, da Câmara dos Deputados, reproduz as conclusões da Polícia Federal sobre o caso de Maria Nilce, apontando mandantes, pistoleiros e demais envolvidos. A CPI ressalta que é um exemplo de impunidade no Espírito Santo.