HAITI
Durante os últimos seis meses, continuaram ocorrendo violações à liberdade de expressão.
O incidente mais grave foi o assassinato, em 3 de abril, do jornalista e comentarista político mais famoso do Haiti, Jean Leopold Dominique, proprietário da Radio Haití Inter. O assassinato abalou a comunidade internacional e foi o mais duro golpe à imprensa durante o último semestre nessa nação caribenha.
Jean Leopold Dominique, que durante seus últimos anos de vida havia feito críticas a setores públicos que impedem o progresso da democracia, foi assassinado junto com o vigilante Jean-Claude Louissaint quando se preparava para entrar na rádio, no bairro de Delmas, em Porto Príncipe.
A existência de zenglendos delinqüentes armados que atuam sob o comando de certos setores políticos e econômicos e que às vezes se passam por membros de organizações populares é a principal ameaça à liberdade de imprensa no Haiti.
No início de junho, homens encapuzados postaram-se diante da estação de rádio privada Visión 2000, pintaram as paredes e proferiram sérias ameaças contra os funcionários da redação de notícias.
Posteriormente, houve uma série de chamadas telefônicas insultantes e intimidatórias que obrigaram dois jornalistas da estação a abandonar o país temendo por sua segurança. Os zenglendos atacaram diretamente a rádio afirmando que seu diretor, Leopold Belanger, é um conhecido macoute que apóia o setor duvalierista e impede o progresso da democracia no país.
Em agosto, desconhecidos lançaram uma granada contra o edifício da Televisión Nacional de Haití (TNH). O atentado causou apenas danos materiais.
Em junho, policiais agrediram e apreenderam o equipamento de gravação do correspondente da estatal Radio Nacional de Haití na cidade de Leogan, 30 km a sul da capital. Este caso, junto com outra violação cometida por policiais em Porto Príncipe contra um jornalista do Haití Progress, foi levado à justiça.
Em 4 de abril, a estação privada Radio Unidad foi invadida por indivíduos mascarados e armados que levaram os transmissores e destruíram grande parte das instalações elétricas e os estúdios de gravação. Essa emissora, localizada em uma comunidade do Departamento de Artibonito (centro do país), havia se convertido, nos últimos meses, na voz dos camponeses que lutam por uma reforma agrária.
Em 3 de maio, Dia Internacional da Imprensa, a estação de rádio comunitária Vwa Peyizan Sid (Voz dos camponeses do Sul) sofreu um atentado semelhante, liderado pelo padre católico Yves Edmon.
Durante a primeira semana de junho, a rádio privada Horizonte FM alertou a opinião pública para as ameaças verbais que estavam recebendo seu diretor e vários de seus funcionários, por parte de desconhecidos.
A maior parte dos agredidos são jornalistas e meios de comunicação que denunciaram o narcotráfico, a corrupção administrativa e a ligação de certos setores políticos com o antigo regime ditatorial.
Madrid, Espanha