SIP condena a intimidação judicial e física contra jornalistas brasileiros

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Miami (14 de maio de 2014) - A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) apoia a atitude do jornal EXTRA, do Rio de Janeiro, na luta contra as ameaças e intimidações contra sua equipe, e repudia a condenação de outros dois jornalistas, um da Bahia, e outro de São Paulo, pelos crimes de difamação e calúnia, fatos que representam um grave atentado à liberdade de imprensa.
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Miami (14 de maio de 2014) - A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) apoia a atitude do jornal EXTRA, do Rio de Janeiro, na luta contra as ameaças e intimidações contra sua equipe, e repudia a condenação de outros dois jornalistas, um da Bahia, e outro de São Paulo, pelos crimes de difamação e calúnia, fatos que representam um grave atentado à liberdade de imprensa.

No dia 9 de maio de 2014, a repórter Flávia Junqueira, o fotógrafo Fábio Guimarães e o motorista Bruno Guerra, do EXTRA, cobriam uma operação da Polícia Federal contra fraudes no plano de saúde na Empresa de Correios e Telégrafos, quando tiveram o carro atingido por um suspeito de envolvimento na irregularidade conhecido pelo apelido Janjão.

Para mostrar que o jornal não pretende se calar diante das ameaças, em 13 de maio de 2014 a reportagem de denúncia, que vinha sendo investigada desde 2013, foi publicada na capa, junto com as assinaturas de todos os jornalistas do EXTRA e a frase: "A reportagem de Flávia Junqueira, ameaçada por Janjão, é assinada por todos os profissionais do EXTRA para lembrar que a luta contra a corrupção não é trabalho solitário de um repórter, mas dever de todo jornalista".

Por outro lado, em atos judiciais que a SIP considera que “produzem um efeito intimidatório contra a imprensa”, em 28 de abril de 2014, o repórter Aguirre Talento foi condenado pela Justiça da Bahia a seis meses de prisão em regime aberto, convertidos em serviço comunitário e multa. Talento foi acusado de difamação do empresário Humberto Riella Sobrinho em uma notícia sobre crimes ambientais publicada em 2010, quando trabalhava no jornal A Tarde.

Em 12 de maio de 2014, o jornalista Ricardo Boechat, da TV Bandeirantes, foi condenado pela Justiça de São Paulo a seis meses e 16 dias de prisão por calúnia devido a um comentário feito sobre o senador Roberto Requião. A decisão foi convertida em trabalho social.

Claudio Paolillo, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação, disse que as ameaças contra a vida de jornalistas, assim como a intimidação judicial “produzem um efeito intimidatório contra a imprensa, que afeta de forma direta o direito do público de ser informado”.

Paolillo, diretor do jornal Búsqueda do Uruguai, afirmou que “lamentavelmente no Brasil estes dois casos de calúnia e difamação demonstram que segue latente uma crescente indústria de ações com o objetivo de silenciar e amedrontar a imprensa”. Acrescentou que o Brasil é um dos poucos países resistentes a descriminalizar os crimes de difamação e calúnia, o que distancia o país sul-americano de modelos internacionais de liberdade de imprensa e de expressão.

A SIP é uma entidade sem fins lucrativos dedicada à defesa e promoção da liberdade de imprensa e de expressão nas Américas. É composta por mais de 1.300 publicações do hemisfério ocidental e tem sede em Miami, nos Estados Unidos. Para mais informações, por favor, visite http://www.sipiapa.org

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