A liberdade de expressão e o direito de informar continuam sendo alvo de ataques e pressões por parte de funcionários públicos e setores vinculados ao governo.
A hostilidade indisfarçada do governo contra a mídia independente chega a extremos. Um exemplo ocorreu durante um evento público que contou com a presença do presidente da República, Salvador Sánchez Cerén. Nesse evento, o prefeito de Villa de Panchimalco, Mario Meléndez, do partido do governo, declarou que a mídia lança "fezes" todos os dias ao seu público.
Mas há aspectos alentadores. O Segundo Tribunal de Instrução de Santa Tecla ordenou que Andrés Ortiz Lara, José Navarro, Mayra Lisseth Morán, Óscar Dominguez e Sofia Medina, gerente de comunicação da prefeitura de San Salvador, compareçam a juízo com respeito ao ataque cibernético contra o La Prensa Gráfica. Devido a trâmites legais, o tribunal não acrescentou as acusações pelos ataques cibernéticos contra El Diario de Hoy, atribuídos ao mesmo grupo.
Na audiência, o juiz não identificou diretamente o acusado "N" como Nayib Bukele, mas considerou que o referido "N" deve ser processado também por dar ordens aos membros do resto do grupo.
O juiz se baseou em três relatórios técnicos enviados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos e em pesquisas realizadas por especialistas locais por ordem da Procuradoria-Geral.
Os relatórios mostram como dois dos acusados compraram domínios no exterior – através de pagamentos com cartões de crédito – para clonar e desacreditar os websites www.laprensagrafica.com e www.elsalvador.com.
Destacam-se também nesse período iniciativas para proteger os jornalistas por parte da Fundação Democracia, Transparência e Justiça (DTJ) e a Associação de Jornalistas de El Salvador (APES). Eles propõem uma Lei de Proteção ao Exercício do Jornalismo e a criação de uma entidade de proteção composta por organizações e universidades que trabalham com direitos humanos, jornalismo e comunicação.
Outros acontecimentos relevantes nesse período:
O jornalista do La Prensa Gráfica, Cristian Meléndez, recebeu ameaças de morte publicadas na conta de Facebook denominada Sociedade Civil (SV), uma organização ligada ao governo que critica o jornalismo crítico ao governo. O jornalista apresentou denúncia perante a Procuradoria-Geral. Alegou que as represálias ocorreram depois da publicação de investigações sobre a prefeitura da capital e sobre armas extraviadas nas Forças Armadas.
O prefeito Nayib Bukele vinculou o assassinato de seis pessoas no centro de San Salvador a uma matéria publicada pelo La Prensa Gráfica. A mídia incitou a polêmica desacreditando o jornal, em uma manobra para disfarçar a insegurança pública. Ocorrem nessa área quatro homicídios por dia e os comerciantes são vítimas de extorsão pelas gangues.
O prefeito ameaçou mover ação judicial por difamação contra o La Prensa Gráfica por publicar matérias questionando um projeto milionário para implementar um sistema de vigilância por vídeo. Disse que o jornal causou "danos à honra, à moral e à integridade" dos vereadores que votaram a favor do projeto.
O prefeito mandou que se proibisse a entrada de jornalistas do El Diario de Hoy em uma coletiva de imprensa convocada para anunciar a medida, e posteriormente o Conselho Municipal anulou o projeto.
A justiça condenou a 20 anos de prisão quatro membros de uma gangue envolvidos no assassinato de Nicolás García Silvestre, morto em 10 de março de 2016. Ele era locutor da rádio comunitária Expresa, em Tacuba, departamento de Ahuachapán e apresentava o programa "Voces al aire", sobre prevenção da violência.