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Este período foi de particular importância para o reconhecimento e promoção da liberdade de imprensa e expressão, assim como para a luta contra a impunidade nos crimes contra jornalistas. Em 17 de maio, o presidente Alan García Pérez assinou a Declaração de Chapultepec, comprometendo seu governo a respeitar e garantir a liberdade de expressão, e instou outros setores do governo a considerar medidas jurídicas e legais para frear a impunidade que cerca os crimes contra jornalistas no país. O presidente também se mostrou favorável à criação de um Tribunal Nacional que resolva os casos de crimes contra jornalistas e contra a liberdade de expressão. Ao retornar da Conferência Hemisférica: Poder Judiciário, Imprensa e Impunidade, organizada pela SIP em Santo Domingo, em julho, o presidente do Supremo Tribunal e Presidente do Poder Judiciário, Francisco Távara Córdova, anunciou que vai propor ao Conselho Executivo deste setor a criação de um Tribunal Nacional Especial para os Crimes contra Liberdade de Imprensa e Expressão, além de reformas legislativas que também permitam estender o prazo legal de detenção de suspeitos e a imprescribilidade das sentenças por crimes cometidos contra jornalistas. Como aspecto positivo, a SIP ressaltou a decisão da juíza Clotilde Cavero Nalvarte, presidente do Tribunal Criminal Nacional, que em 2 de outubro condenou a 15 anos de prisão o ex-comandante do Exército Peruano Víctor Fernando La Vera, e a 17 anos de prisão o ex-tenente coronel Amador Vidal Sambento, por sua participação como instigador e autor material, respectivamente, no assassinato do correspondente da revista Caretas, Hugo Bustíos Saavedra. A juíza também ordenou que os réus pagassem 50.000 soles novos em reparação civil à família da vítima. Os culpados apelaram da sentença no Supremo Tribunal. É também bastante alentador o início do julgamento contra os supostos assassinos de Jaime Ayala Sulca, correspondente do La República, assassinado em 1984, em Huanta. Em maio, membros da SIP e do Conselho da Imprensa Peruana viajaram a Pucallpa, totalizando quatro visitas a essa região do país desde abril de 2004, data do assassinato do radialista Alberto Rivera Fernández. Durante as reuniões realizadas com os promotores e juízes envolvidos no julgamento no Tribunal Superior de Justiça de Ucayali, foi comprovado e denunciado um evidente conflito de interesse da Presidente da Sala, Miriam Calmet Caynero, que mantinha como advogado, em um julgamento familiar, um dos advogados de defesa do prefeito da província de Coronel Portillo, Víctor Valdez Villacorta, processado como autor intelectual, junto com o ex-presidente do Tribunal Superior de Ucayali, Solio Ramírez Garay e outros. Em 10 de setembro, um fato de suma importância para que não continue impune o assassinato do radialista Antonio de la Torre Echeandía, foi a captura pela Polícia Nacional do Peru, de David Julca Orrillo, que está sendo julgado como autor material do crime ocorrido em fevereiro de 2004 na província de Yungay, departamento de Ancash. Por outro lado, é evidente a falta de empenho e transparência da polícia nacional no esclarecimento de denúncias jornalísticas sobre irregularidades na investigação policial e a possível participação de membros dessa força no assassinato do jornalista Miguel Pérez Julca, da Radio Éxitos, ocorrido na província de Jaén, departamento de Cajamarca, em 17 de março de 2007. Os relatórios policiais também não contribuíram para resolver as suspeitas sobre uma possível participação de policiais na morte de Pérez Julca, que nesse dia havia anunciado que durante seu próximo programa revelaria a identidade dos membros da polícia nacional envolvidos em atos de corrupção na região. Por outro lado, uma série de decisões controvertidas e irregulares contra jornalistas e meios de comunicação, emitidas em julgamentos por difamação, começam a afetar o livre exercício do jornalismo. Em 24 de setembro, a Primeira Sala Penal Transitória do Supremo Tribunal ratificou sua decisão, considerando culpado do crime de difamação agravada o jornalista Juan Carlos Tafur devido à publicação de uma série de artigos de investigação, assinados por diferentes jornalistas do jornal Correo, que era então dirigido por Tafur, e nos quais se afirma que uma juíza estava sendo investigada devido a uma sentença questionável, que revogou uma ordem de prisão de um traficante de drogas, que imediatamente fugiu do país. Há nove ações tramitando em várias salas do Tribunal Superior de Justiça de La Libertad, movidas por Walter Vásquez Vejarano, que até dezembro de 2006 era chefe do Judiciário, e os membros de sua família imediata, contra o diretor e o editor responsável pela edição do jornal Correo de Trujillo, Rolando Rodrich Sarango e Luis Bahamonde Amaya, respectivamente. Em setembro, durante uma entrevista transmitida pela Radio Nacional, Vásquez Vejarano informou ao diretor do jornal Perú.21, Augusto Álvarez Rodrich, que apresentaria uma denúncia alegando crime contra a liberdade individual, por “perseguição e assédio”, devido à publicação sucessiva de fotografias que vinculam o ex-Presidente do Supremo Tribunal a um escândalo político dos “empregados fantasmas” do Congresso da República, que nesse momento ameaçava privar de direitos sua sobrinha, a congressista Tula Benites Vásquez. Por outro lado, em 18 de setembro a juíza suplente do Primeiro Tribunal Transitório Especializado em Crime de Lima, Haydeé Silvia Monzón Gonzáles, condenou em primeira instância Gustavo Mohme, diretor do La República, os jornalistas Ángel Páez Salcedo e Edmundo Cruz Vílchez e o caricaturista Carlos Tovar Samanez "Carlín", a dois anos de prisão e e o pagamento de 50 mil soles de indenização civil, por crime contra a honra, na modalidade de difamação agravada por meio de imprensa escrita, em prejuízo da ex-funcionária da Direção Geral de Imigração e Naturalização e ex-diretora de pessoal do Ministério do Interior, Gladys Barboza Peña. A sentença, que havia sido apelada e ficou em suspenso, baseia-se na publicação, em 2005, de seis artigos dos jornalistas pelos quais se responsabiliza a diretora. As reportagens se referiam a fatos documentados que vinculam a ex-funcionária de imigração à fuga do país de uma testemunha no escândalo da falsificação de assinaturas para o registro do então partido do governo, Perú Posible. Em 3 de maio, o Congresso da República aprovou uma medida que propõe proibir qualquer material de difusão que ofereça serviços sexuais ou pornografia em meios de comunicação. Segundo o Presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, Yonhy Lescano, a medida é necessária para proteger a dignidade da mulher, que é apresentada como objeto nesse tipo de anúncio. Por último, em 19 de junho, a exposição “Dibujos en Prensa/1990-2007”, do caricaturista político Piero Quijano, que se apresentava na Casa Museo Mariátegui, em Lima, foi censurada pela Diretora de Registros e Cultura Peruana, Soledad Mujica, e a Diretora do Escritório de Comunicações do Instituto Nacional de Cultura, Karina Moreno, porque uma obra da exposição, sobre violações de direitos humanos, não agradou o Exército peruano.

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