Vislumbram-se nuvens pesadas no horizonte da liberdade de imprensa no país por causa das restrições impostas pelo governo.
O presidente Manuel Zelaya usa uma retórica pouco amistosa quando se refere aos meios de comunicação, acusando-os de exagerarem os erros do governo e de minimizarem seus acertos, de promoverem uma imagem de insegurança maior que a verdadeira, e, em geral, de serem abertamente contrários ao seu governo.
Não ocorreram até agora ataques diretos por parte do presidente, a não ser quando parodiou em público o slogan do jornal El Heraldo, Uma verdade nas suas mãos, como reação a matérias sobre corrupção no governo.
Vários insultos a grupos de poder têm sido feitos, e o pessoal do governo afirma, de forma privada, que se referem a donos de meios de comunicação, mas nem o presidente nem seus assessores próximos explicam ou esclarecem esses insultos. Isso faz com que se multipliquem as insinuações contra os meios, o que cria um ambiente desconfortável para o exercício do jornalismo.
Os principais acontecimentos deste período são:
Em 26 de abril, o presidente disse que Não sou fantoche de poderosos nem de meios de comunicação. Em 25 de maio, reclamou do modo como é tratado pela imprensa, disse que a imprensa deve ser mais positiva e pediu que os diretores de meios e jornalistas aprofundem o jornalismo investigativo, e que além de críticas devemos falar das coisas positivas que nós, hondurenhos, possuímos.
Em 22 de agosto, acusou os meios de comunicação de causarem ansiedade no país com as informações sobre atos violentos, e no dia seguinte acusou os meios de sensacionalismo e de atacarem o ministro de Segurança.
Em 9 de setembro, a modelo Ana Muñoz moveu ação por difamação e calúnia contra o dono do jornal La Tribuna, Carlos Flores, e o editor da seção Extra Entretenimiento do mesmo jornal, Miguel Caballero Leiva. Flores foi liberado do caso por um tribunal, e em 26 de setembro Caballero participou de uma audiência de conciliação para evitar julgamento oral e público.
O jornalista Aníbal Barrow foi considerado culpado pelos crimes de difamação e calúnia em uma ação movida pela também jornalista Roxana Guevara. O julgamento para emissão de sentença ainda não foi realizado.
Em 4 de setembro, o jornalista Ernesto Rojas, do programa San Pedro Sula de Noche, transmitido pela Rádio San Pedro, foi processado por Guillermo Villatoro Hall, membro do conselho municipal.
Nesse mesmo dia, em Tegucigalpa, foi processado o jornalista Francisco Romero do programa Hablemos de Noche de Hondured, por Yansen Juárez, coordenadora nacional de programas e projetos do Ministério de Educação Pública.
Em 1º de agosto, a jornalista Fanny Velásquez e o cinegrafista Geovanny Méndez, do noticiário TVC, da Corporación Televientro, foram agredidos verbal e fisicamente pelo diretor de Medicina Pediátrica do hospital Materno Infantil, Guillermo Villatoro, quando tentavam obter informações para uma matéria no hospital.
O presidente do Congresso, Roberto Michelleti, anunciou que o terceiro e último debate sobre a Lei de Transparência e acesso a informações públicas será realizado na primeira semana de outubro.
Madrid, Espanha