HAITI

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A liberdade de imprensa continua ameaçada e teme-se que a etapa pré-eleitoral possa agudizar ainda mais a violência contra jornalistas e meios de comunicação. Neste período foi assassinado um jornalista durante um confronto entre as forças policiais, o segundo do ano. Em janeiro o jornalista Abdias Jean morreu quando cobria uma intervenção policial em Cité de Dieu. Neste período, o jornalista da Radio Contacto FM Robenson Laraque, de 26 anos, morreu em 4 de abril, depois de ter sido atingido por duas balas, durante confrontos violentos em 20 de março entre as forças da Missão das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH) e militares mobilizados, en Petit-Goâve, a 68 quilômetros ao sul de Port-au-Prince. O caso que mais chamou a atenção da opinião pública foi o assassinato do conhecido jornalista Jacques Roche. Acredita-se que este não esteja relacionado com questões profissionais, mas sim com o crime comum. Roche, chefe do serviço cultural do jornal Le Matin foi seqüestrado em 10 de julho em Port-au-Prince. Seus seqüestradores exigiram um resgate de 250.000 dólares. Apesar das negociações, em 14 de julho foi encontrado seu cadáver nu, mutilado e com as mãos algemadas em um bairro da capital. Roche era o responsável pela coluna cultural do Le Matin, apresentador de um programa de entrevistas na televisão local e comentarista esportivo do rádio. Em 11 de junho, o diretor da Radio Métropole, Richard Widmaier, escapou de uma tentativa de rapto. Em 16 de junho, a apresentadora do programa “Metrópolis en Radio” da Radio Métropole, Nancy Roc, foi obrigada a sair do país, depois de ter recebido ameaças. Em 9 de setembro, o correspondente da agência norte-americana AP, Jean Ristil Baptiste, e o cinegrafista Kevin Pina, foram presos e liberados três dias depois. Os dois jornalistas foram detidos enquanto cobriam uma operação da polícia nacional na igreja Santa-Claire de Petite Place Cazeau. Em junho, houve uma greve de jornalistas promovida por Joseph Guyler C. Delva, presidente da Associação de Jornalistas Haitianos. Três cadeias de televisão (Télémax, Canal 11 e Tele Ginen), oito estações de rádio, entre elas, Mélodie FM, Solidarité, Tropic FM, Mega Star, Ginen e a Agência Haitiana de Imprensa figuram entre os meios de comunicação que participaram. "O governo de transição não tem nenhuma competência para ameaçar os meios de comunicação com sanções", declarou Delva, com relação a um comunicado oficial do Conselho de Ministros que adverte "a todos os meios de comunicação e jornalistas que transmitem um discurso de ódio, uma linguagem perniciosa e que oferecem seu microfone a bandidos". O comunicado do Conselho de Ministros denuncia, em especial, "os abusos do direito de expressão". Em 3 de outubro, um agente de segurança do Palácio Nacional proibiu a entrada ao jornalista Joseph Guyler C. Delva, também correspondente da agência Reuters, no ato de abertura do Tribunal de Justiça, cuja cerimônia esteve a cargo do presidente Boniface Alexandre. Por seu lado, o jornalista Méroné Jn Wickens, da Radio Métropole, também foi interpelado por outro agente, que reteve sua credencial de acesso ao Palácio Nacional.

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