Colômbia

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COLÔMBIA Relatório da Reunião de Meio de Ano Caracas, Venezuela 28 a 30 de março de 2008 A liberdade de imprensa sofreu nos últimos meses como resultado de ameaças e agressões a jornalistas dos jornais El Meridiano de Córdoba, de Vanguardia Liberal e La Tarde de Barrancabermeja; e executivos da RCN Radio, Maravilla, e Radio Guatapurí no departamento de Cesar e Acción Estéreo no departamento de Tolima. A maioria dessas ameaças ocorreu após a publicação ou divulgação de notícias sobre grupos armados ilegais e sobre a conduta de oficiais do governo e candidatos a prefeito nas eleições de outubro. Trinta e cinco jornalistas informaram ter recebido ameaças de morte. A Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP) confirmou que o Comitê para a Proteção de Jornalistas do Ministério do Interior revisou 29 desses casos entre outubro e janeiro. Cinco desses jornalistas foram exilados. Nenhum jornalista foi assassinado nos últimos seis meses como resultado do seu trabalho. Três jornalistas foram assassinados por razões aparentemente não relacionadas com a profissão. Um jornalista continua desaparecido depois de ter sido seqüestrado em 17 de fevereiro. Mario Alfonso Puello, do noticiário “En Línea con la Noticia” na Radio Delfín em Riohacha, departamento de Guajira, foi seqüestrado por indivíduos ainda não identificados. O veículo no qual Puello viajava com pessoas de um programa de alfabetização para indígenas adultos foi forçado a parar na estrada de Riohacha para Santa Marta. Em uma chamada feita à Radio Caracol no departamento de Guajira, uma pessoa que se identificou como porta-voz de uma facção da FARC disse não ter o jornalista em seu poder. Enquanto isso, a Divisão Criminal do Supremo Tribunal deferiu uma petição de proteção judicial para Ricardo Ávila, ex-editor da revista Cambio, anulando as decisões de um juiz de um tribunal de primeira instância e do Tribunal Superior de Bogotá, que tinha determinado a prisão de Ávila e multa por desacato a uma ordem judicial para que publicasse uma correção a um artigo de 12 de março de 2007, no qual se reportava que Álvaro Fernández Bonilla tinha sido encontrado com posse de pornografia infantil. O artigo declarava que Fernández Bonilla trabalhou como “assessor de comunicações” do governador de Cundinamarca, Pablo Ardila Sierra. Encontram-se a seguir os acontecimentos de maior destaque dos últimos seis meses: Em outubro, Ulilo Acevedo, editor do jornal Hoy Diario del Magdalena, denunciou que um grupo de estudantes da Universidade de Magdalena que estavam protestando contra uma decisão judicial contra o ex-reitor da universidade atacou a sede do jornal, blasfemando contra o jornal e pintando grafite nas paredes do edifício. Acevedo afirmou que ele e sua família tinham recebido chamadas telefônicas e notas ameaçadoras em sua casa. Jazmín Romero, correspondente do jornal Vanguardia Liberal em Socorro, no município de Socorro, em Santander, informou à FLIP que recebeu uma chamada ameaçadora em 27 de outubro passado e uma nota de um grupo autodenominado Águias Negras, dizendo que não podiam garantir sua segurança. A ameaça estaria relacionada com a publicação de uma decisão por incompetência contra Camilo Reyes, candidato a prefeito do município de Socorro. Em 29 de outubro o jornalista Omar Orlando García identificou alguém em um processo de reconhecimento de pessoas da polícia como o homem que matou seu chefe, José Duviel Vásquez, o diretor de estação de La Voz de la Selva em Florencia, departamento de Caquetá, que foi assassinado em 6 de julho de 2001. García voltou para a Colômbia depois de passar seis anos no exílio como resultado de ameaças de morte e uma tentativa contra sua vida. Ele reconheceu o assassino de Vásquez em uma fotografia no Web site do jornal La Nación de Huila. Em novembro, um tribunal municipal em Caloto, Cauca, ordenou que a prefeitura local entregasse registros públicos relativos à compra de espaço de publicidade a um jornalista local a quem esses registros tinham sido negados com o argumento de que se tratava de informação confidencial. O tribunal determinou que não é necessário especificar a razão do pedido ao solicitar informação. Em 12 de dezembro, uma carta assinada por um grupo paramilitar chamado Novas Forças de Autodefesa-Cesar foi enviado à estação de rádio Maravilla em Valledupar, no departamento de Cesar, com o nome de Enrique Camargo Plata, diretor de notícias da Radio Guatapurí, como alvo militar, a menos que “se entendesse” com a organização paramilitar. Em janeiro, o jornalista Alexander Guerrero foi forçado a sair do departamento de Cesar devido a ameaças e uma suposta conspiração contra sua vida como resultado de seus relatórios criticando o Prefeito Jorge Luis Alfonso. Alfonso tinha sido objeto de uma medida de segurança por lavagem de dinheiro e desvio de fundos de assistência médica através da empresária Enilse López, também conhecida como “La Gata,” proprietária de uma operação de jogos que está sendo investigada por possíveis vínculos com grupos paramilitares. Em 12 de fevereiro um promotor de Cartagena, no departamento de Bolívar, acusou o jornalista Edinson Lucio Torres de injúria qualificada contra o Senador Javier Cáceres Leal. Isso ocorreu depois que Lucio Torres afirmou em 18 de outubro de 2007 que Cáceres e vários comerciantes tinham vínculos com grupos paramilitares. A Polícia Nacional confirmou para a SIP que está investigando um correio eletrônico que circula com o rosto da jornalista Vicky Dávila marcado com uma cruz, e uma conversa gravada na qual membros da FARC falam sobre a “coleta da dívida pendente dos meios de comunicação”, com relação a Dávila e seu trabalho como âncora para Noticias RCN e diretor da estação de rádio FM da RCN Radio. Juan Gossain, diretor de notícias da RCN Radio, declarou no website da estação de rádio que desde que “as marchas contra sequestradores e terroristas foram anunciadas, a RCN em geral e em particular tinha sido alvo de chamadas telefônicas ameaçadoras em nossas estações em várias cidades, incluindo Medellín.” William Salleg Tabeada, editor do jornal El Meridiano de Córdoba, denunciou ameaças contra ele e vários de seus jornalistas depois que seu jornal publicou artigos sobre corrupção na administração de obras públicas do governo de Córdoba. José Joaquín Chávez, diretor da emissora Acción Estéreo e correspondente da Voz de Tolima, foi forçado a sair de Tolima devido a ameaças persistentes à sua vida,, relacionadas com um anúncio do Exército sobre a desmobilização de forças guerrilheiras, que foi transmitido pela emissora. Diro César González, editor do semanário La Tarde, de Barrancabermeja e sua esposa, Tatiana Sánchez, denunciaram à FLIP que foram seguidos em 16 de fevereiro no departamento de Santander e que havia pessoas suspeitas nos escritórios do jornal. Os jornalistas começaram a receber ameaças em dezembro de 2005, desde que La Tarde publicou a foto de uma pessoa que teria assassinado um jovem no porto petroleiro de Barrancabermeja. Depois de passar vários meses sob proteção em Bogotá, o casal retornou a Santander com medidas de segurança. Em 6 de março vários jornalistas que cobriam a marcha contra a violência foram agredidas por manifestantes. Uma equipe de jornalistas da RCN TV recebeu insultos e reclamações sobre as transmissões de notícias do canal em Medellín, no departamento de Antioquia. O mesmo ocorreu com outros jornalistas em Bucaramanga, no departamento de Santander. Enquanto isso, fotógrafos de El Heraldo que estavam cobrindo a marcha em Barranquilla foram perseguidos por grupos de estudantes universitários. Jornalistas do jornal Nuestro Diario em Valledupar foram ameaçados pelo grupo autodenominado Águias Negras. Eles receberam chamadas telefônicas advertindo para que parassem de reportar, caso contrário seriam mortos um a um. Os autores do assassinato de José Duviel Vásquez em 6 de julho de 2001, em Florencia, Caquetá, e Carlos José Restrepo Rocha em 7 de setembro de 2000, em San Luis, Tolima, foram identificados e presos. Ricuarte Soria Ortiz confessou o crime que tirou a vida de Restrepo Rocha e fez um acordo com a promotoria para obter redução de pena. Nos casos de Francisco Castro Menco, assassinado em 8 de novembro de 1997, em Majagual, Sucre, e Jaime Garzón, assassinado em 13 de agosto de 199, em Bogotá, a Unidade de Direitos Humanos da Procuradoria Geral da República solicitou que membros desmobilizados de grupos paramilitares fossem questionados por promotores da Unidade de Justiça e Paz sobre sua responsabilidade nesses homicídios. Enquanto isso, a Unidade de Direitos Humanos relatou que estava fazendo progresso na investigação dos assassinatos de Pablo Emilio Medina em 3 de dezembro de 1999, em Garzón, Huila, e Jaime Rengifo Revero em 29 de abril de 2003, em Maicao, Guajira, embora não tenha fornecido detalhes. Apesar de insistentes exortações da SIP, investigações de várias divisões regionais da Procuradoria Geral da República em todo país continuam arquivadas ou suspensas. E não foi feito nenhum progresso nos casos dos crimes contra os jornalistas Jairo Elías Márquez, Ernesto Acero Cadena, Gustavo Ruiz Cantillo, Gerardo Bedoya, Carlos Lajud Catalán, Hernando Rangel Moreno, Guillermo Bravo Vega, Amparo Leonor Jiménez, Guzmán Quintero Torres, Nelson Carvajal Carvajal, Efraín Varela Noriega e Francisco Castro Menco.

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