Estados Unidos

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As acentuadas perdas financeiras que afligem os meios de comunicação estão provocando uma inevitável reavaliação sobre a forma de cobrir as notícias e sobre quem é o nosso público potencial. As redações estão enfrentando graves cortes de verbas e reduções de funcionários que vão de 20% a 30% - e até mais em alguns casos -, e os editores estão repensando os tópicos que cobrem e a filosofia por trás dessa cobertura. Nesse contexto, os editores e diretores de meios dos Estados Unidos devem decidir entre continuar investindo seus reduzidos recursos de pessoal para cobrir assuntos de utilidade pública, que consomem muito tempo, tais como matérias investigativas ou de prestação de contas, ou cobrir notícias de última hora e atender às exigências da cobertura on-line, instantânea e ininterrupta (24 x 7). Os valores básicos da mídia para justificar os privilégios concedidos pela Primeira Emenda e ser o “cão de guarda” do governo estão sendo testados de forma inédita. Em termos legislativos, o item pendente para os defensores da liberdade de imprensa nos Estados Unidos continua sendo a aprovação da “Free Flow Information Act” ou “Lei do Livre Fluxo de Informações””, também conhecida como “shield law” (lei de sigilo das fontes). O projeto de lei foi aprovado pela Câmara dos Estados Unidos em outubro passado. Mas a “shield law” federal continua parada, e é pouco provável que seja aprovada pelo Senado esse ano. Um grande obstáculo é a oposição do governo Bush. O ministro da Justiça e o diretor nacional dos serviços de inteligência afirmam que pedirão que o presidente vete o projeto de lei se for aprovado porque acham que pode ser perigoso para a segurança nacional e pode encorajar mais vazamentos de informações secretas. A “shield law” proposta no Senado não abrange os jornalistas que revelam informações secretas. Os defensores da liberdade de imprensa têm pedido a adoção da lei federal para impedir que os jornalistas identifiquem suas fontes confidenciais. Mais recentemente, um grupo bipartidário de 41 procuradores-gerais estaduais escreveu para os líderes do Senado dando seu apoio à “shield law” federal porque a falta de uma lei desse tipo “enfraquece os benefícios que os estados têm tentado conseguir através das suas ‘shield laws’”. Alguns eventos importantes neste período são apresentados a seguir: Em abril, Bial Hussein, fotógrafo da Associated Press, foi libertado pelo Exército americano depois de ficar preso durante dois anos como suspeito de vínculos com insurgentes. Hussein era parte de uma equipe da AP que ganhou o Prêmio Pulitzer de fotografia em 2005. Não foram feitas acusações formais contra ele e não se apresentou nenhuma prova como suporte às acusações. A AP realizou uma investigação profunda e abrangente e não encontrou nenhuma evidência do envolvimento alegado. Durante sua Reunião de Meio de Ano, realizada em março deste ano e um mês antes de Hussein ser libertado, a SIP adotou uma resolução que pedia que o Exército libertasse Hussein, o acusasse ou apresentasse provas contra ele para sustentar as acusações. Em maio, Sami al-Haj, cinegrafista da Al Jazeera, foi libertado de Guantánamo Bay depois de ficar seis anos preso. Foi acusado de criar um web site com vínculos com a Al-Qaeda. Segundo seu advogado, al-Haj foi forçado a assinar documentos que descreviam a Al Jazeera como uma organização terrorista, e se recusou a fazê-lo. O sistema militar para julgamento de presos famosos em Guantánamo continua sendo alvo de críticas. O coronel Morris Davis, ex-chefe dos promotores de Guantánamo, pediu demissão no ano passado e escreveu para o Los Angeles Times dizendo que tinha “concluído que julgamentos completos, justos e abertos não eram possíveis dentro do sistema atual”. Em agosto, o juiz federal Richard J. Leon, que supervisiona dezenas de casos envolvendo presos de Guantánamo, pediu que o governo Bush encontrasse uma forma para julgar pelo menos alguns casos em público. Leon disse que, “Se isso não for possível, fico muito preocupado porque essas audiências serão praticamente ou exclusivamente secretas, fechadas ao público, e, posso acrescentar, aos prisioneiros também”. Em junho, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos concordou em pagar a Steven Hatfil, ex-cientista do Exército, 5,2 milhões para encerrar seu caso. Hatfil havia processado o departamento de Justiça e várias organizações noticiosas depois que o então ministro da Justiça, general John Ashcroft, o descreveu como uma “pessoa de interesse” no caso das correspondências com antraz em 2001. Um juiz federal impôs multas à ex-repórter Toni Locy por se recusar a divulgar as fontes do governo nas matérias sobre Haltfil, e as multas estão sendo contestadas. Com esse acordo, os advogados de Haltfil suspenderam a intimação para Locy divulgar suas fontes e o juiz federal que havia emitido sentença de desacato disse que vai suspender a acusação.

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