Mexico

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O jornalismo mexicano enfrenta uma ameaça constante com os casos de assassinatos e agressões a jornalistas e meios de comunicação que continuam aumentando em um ambiente de impunidade e autocensura. Desde a reunião da SIP em Assunção, Paraguai, em março deste ano, oito jornalistas foram assassinados e foram registrados inumeráveis atentados contra repórteres e meios de comunicação. Existem zonas onde os jornalistas são testemunhas todos os dias das dificuldades de exercer seu trabalho pelo avanço do crime organizado e pelos efeitos da luta que o Governo Federal organizou contra estes grupos, que resultou na morte de mais de seis mil pessoas até 21 de outubro, entre eles policiais, militares e civis Desde 2006 até a data, o Governo contabilizou 14.300 assassinatos vinculados ao crime organizado, grande parte deles registrados nos estados de Chihuahua, Durango, Coahuila, Guerrero, Sinaloa e Jalisco. Com este clima de violência geral e em específico contra a imprensa, a SIP protestou e lamentou que a nova Legislatura do México não tenha a mesma vontade política que a anterior, ao saber que se eliminou a Comissão Especial de Acompanhamento das Agressões a Jornalistas e Meios de Comunicação. A Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH), em um relatório difundido em agosto, considerou que as autoridades da justiça deixam de cumprir sua função de proteger os direitos dos informadores. “A impunidade persiste na maioria dos casos de afrontas a jornalistas porque nossos sistemas da procuradoria da justiça costumam ser crescentemente omissos ou ineficazes” salientou José Luis Soberanes, titular do organismo. De 2000 a 2009, a CNDH registrou a morte de 53 jornalistas ou trabalhadores dos meios de comunicação, além do desaparecimento de sete jornalistas, entre eles Alfredo Jiménez Mota, repórter do El Imparcial de Sonora, caso que a SIP enviou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos em março. A federalização dos crimes contra a liberdade de expressão, já solicitada pela SIP, é um tópico que continua pendente na legislatura mexicana. Por outro lado, alguns governos mantêm a prática de tentar controlar os meios de comunicação através da publicidade oficial. No que se refere ao acesso à informação do governo, a presidente do Instituto de Acesso à Informação Pública, Jacqueline Peschard, denunciou publicamente que existem setores do governo do presidente Felipe Calderón que não aderem à transparência e alertou que existem tentativas de promover reformas legais para que uma entidade do governo revise as resoluções do Instituto, o que prejudicaria seriamente o seu trabalho. Estes são os casos dos oito jornalistas assassinados: Em 3 de maio, o jornalista Carlos Ortega Samper foi assassinado por três balas na cabeça no município de Santa María El Oro, Durango, onde era correspondente do jornal Tiempo de Durango, que é publicado na capital do estado. Ortega Samper tinha escrito sobre corrupção de autoridades locais. Em 26 de maio localizaram o cadáver do repórter do La Opinión, de Torreón, Coahuila, Eliseo Barrón Hernández com uma bala na cabeça, que tinha sido sequestrado de sua casa em Gómez Palacios, Durango. Barrón Hernández, repórter dos diários Milenio, tinha escrito sobre a corrupção na polícia local. Em 12 de julho, aparece morto por duas punhaladas nas costas Martín Javier Miranda Avilés, repórter do jornal Panorama e correspondente da agência informativa e de análise Quadratin, em sua casa de Zitacuaro, Michoacán. Em 14 de julho, o jornalista Ernesto Montañez Valdivia, editor da revista Enfoque do jornal Sol de Chihuahua, foi assassinado a balas na Ciudad Juárez, Chihuahua, enquanto estava em um veículo dirigido por seu filho. Em 28 de julho em Acapulco, Guerrero, a Secretaria de Segurança Pública informou que tinha sido localizado o corpo semisoterrado com notáveis sinais de golpes de Juan Daniel Martínez Gil, jornalista e correspondente da cadeia W Radio. Em 24 de setembro, um comando armado assassinou o jornalista Norberto Miranda Madrid enquanto este trabalhava na redação do jornal digital na cidade de Nuevo Casas Grandes, Chihuahua. Miranda Madrid tinha dedicado sua coluna “Cotorreando con el Gallito”, a criticar o aumento da violência em sua região. Em 11 de outubro é localizado sem vida o locutor Fabián Ramírez López, da emissora de rádio regional La Magia 97.1, nos arredores de Mazatlán, Sinaloa. A vítima tinha desaparecido quarenta e oito horas antes, depois de sair de sua casa para ir para o trabalho. Em 2 de novembro foi assassinado Bladimir Antuna Garcia, repórter do jornal El Tiempo de Durango, que cobria temas de segurança pública e justiça. O jornalista foi levado em um sequestro nessa manhã, e 12 horas depois seu cadáver foi encontrado com sinais de tortura. Foi estrangulado e em seu pescoço foi pendurado um cartaz que dizia: “Isso aconteceu por eu oferecer informações aos soldados e por escrever mais do que devia”. Entre inumeráveis atos de violência contra os jornalistas e meios destacam-se: Em 19 de abril Mario Robles, caricaturista do jornal Noticias Voz e Imagen de Oaxaca, denunciou que foi golpeado gravemente e ameaçado de morte por membros do Partido Revolucionário Institucional (PRI). Em 27 de maio, o jornalista e colunista de Vera Cruz, Fidel Pérez Sánchez, foi registrado como desaparecido, motivo pelo qual seus familiares apresentaram uma denúncia perante a Procuradoria Geral de Justiça. Ele apareceu assassinado 24 horas depois. Em 18 de agosto o edifício do jornal El Siglo de Torreón, em Coahuila, foi atingido por tiros disparados por desconhecidos. Não houve registro de feridos e houve apenas danos materiais, conforme informou o próprio jornal. Em 29 de agosto a casa do jornalista de Oaxaca, Guillermo Bejarano Soto, localizada no porto de Salina Cruz, foi atacada a balas por pessoas desconhecidas. Em 8 de setembro o semanário Río Doce, em Culiacán, Sinaloa, foi atacado por granadas, lançadas por um grupo criminoso.

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