O acesso à informação pública, o tratamento dos repórteres e fotojornalistas nas coberturas de protestos e incidentes e a negação de uma solução satisfatória de um antigo caso de agressão federal a jornalistas, constituem os assuntos que têm causado a preocupação do setor da imprensa durante este semestre.
No último 2 de setembro, várias organizações jornalísticas e o Centro para a Liberdade de Imprensa (CLP) pediram ao governador Luis Fortuño que dê seguimento a uma série de propostas formuladas desde janeiro sobre a cobertura e fiscalização de assuntos de interesse público, na relação imprensa-governo.
Outro elemento de preocupação é a informação seletiva sobre atividades públicas do Governador, o que consistiu em não trazer ao conhecimento dos meios diferentes eventos dos quais participa, sob a alegação de que são fatos privados.
Como consequência das políticas de cortes fiscais e a demissão de cerca de 17.000 funcionários públicos, foram realizados vários atos de protesto sindical. Antes de uma greve nacional no último 15 de outubro, a polícia estatal interveio para remover vários líderes sindicais que tinham se colocado nos arredores de La Fortaleza, a casa do governo. Ao intervir, os agentes o fizeram de forma indiscriminada, provocando também danos físicos a jornalistas devidamente identificados.
Em 13 de agosto o juiz-presidente do Tribunal Federal em San Juan, José A. Fusté, depreciou o processo civil por violação de direitos civis e da Quarta Emenda da Constituição dos Estados Unidos, apresentado por seis jornalistas e organizações de imprensa contra o Escritório Federal de Investigações (FBI). Os jornalistas foram atacados com gás lacrimejante e golpeados por agentes do FBI em 10 de fevereiro de 2006, enquanto cobriam uma operação do FBI. Fusté argumentou que os jornalistas poderiam razoavelmente pensar que havia um perímetro estabelecido e que os repórteres violaram esse perímetro ao entrar no condomínio.
A União Americana de Liberdades Civis (ACLU, sua sigla em inglês), representando os jornalistas, apelará a decisão no sentido em que os agentes do FBI não podem responder por suas ações, argumentando que a decisão judicial mantém um manto de impunidade sobre atos ilegais de uma força pública.
Em uma medida destinada a restringir o trabalho da imprensa, principalmente do jornalismo investigativo, a maioria do partido do governo, no Senado, apresentou em 28 de outubro um projeto para estabelecer a "Lei de crimes eletrônicos na Internet".
Apesar de o projeto de lei começar tipificando como crime a promoção, marketing e venda na Internet de artigos roubados, é o seu Capítulo II, Crimes Eletrônicos contra o Estado, Seção 1, que estabelece o objetivo que condenamos:
Todas as pessoas que obtiverem acesso fraudulento ou illegal a um computador ou sistemas de computadores sem autorização ou excedendo a autorização que lhes foi concedida e que por esse meio obtiverem informações que foram estabelecidas pelo governo como sendo confidenciais e privilegiadas, e cuja divulgação não está autorizada por motivos de ordem pública, segurança ou qualquer outro motivo, com a intenção ou com motivos para acreditar que as informações assim obtidas serão utilizadas para prejudicar o governo, qualquer uma das suas agências, órgãos ou departamentos, perturbar a paz pública ou conceder qualquer tipo de vantagem a uma pessoa física ou jurídica em detrimento do governo, estarão cometendo um crime grave.....
Madrid, Espanha