Cuba

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CUBA A situação da imprensa alternativa cubana manteve-se, nesse período, em um estado estacionário. Ocorreram detenções esporádicas, de forma seletiva. Desde março de 1999, quando entrou em vigor a Lei 88 - conhecida como Lei Mordaça -, não ocorreram detenções em massa de jornalistas, mas as autoridades mantêm uma vigilància permanente sobre o desempenho de nossas atividades. Atualmente, encontram-se presos os seguintes comunicadores: Bernardo Arévalo Padrón, na prisão de Ariza, província de Cienfuegos, condenado a seis anos por crime de desacato ao presidente Fidel Castro e ao vice-presidente Carlos Lage. Jesús Joel Díaz Hernández, condenado a quatro anos por um suposto crime de periculosidade, na prisão de Canaleta, Ciego de Avila. Manuel González Castellanos e Leonardo Varona, condenados a dois anos e meio por desacato ao presidente Fidel Castro, na prisão EI Típico, na província de Holguín. O episódio mais importante dos últimos tempos ocorreu em 24 de setembro de 1999, na cidade oriental de Santiago de Cuba. A Polícia Política prendeu o jornalista Santiago Santana quando esse se dirigia a uma missa na catedral da província. No momento em que foi detido, confiscaram seu gravador e uma câmara fotográfica. Foram presos também no mesmo dia, com intervalo de algumas horas, os jornalistas Osvaldo de Céspedes, Pablo Polanco, e María dei Carmen Carro. Outros foram interpelados por agentes nas ruas ou em suas residências e ameaçados com a aplicação da Lei 88. Na verdade, a lei está em vigor mas ainda não foi aplicada a ninguém. Continuam os cortes telefõnicos aos correspondentes nas chamadas nacionais e nas internacionais. Funcionam atualmente no território 20 pequenas agências de imprensa que agrupam cerca de cem jornalistas, colaboradores e aprendizes. Essa informação foi obtida através de uma investigação direta, realizada pelo jornalista Ricardo González Alfonso, com os diretores dos grupos. Apesar da proliferação de agências especializadas e instaladas na província, depois que entrou em vigor a Lei 88 saíram de Cuba ou solicitaram saída cerca de vinte jonalistas. Esse grupo inclui muitos dos que faziam um trabalho de destaque dentro do jornalismo alternativo. O governo cubano negou a permissão de viagem para o jornalista Raúl Rivero, que recebeu uma menção no prestigiado prêmio Maria Moors Cabot, que é concedido anualmente pela Universidade de Columbia, Nova York. No primeiro semestre do ano, a situação dos jornalistas fora do controle do governo ficou semelhante à que se teve antes e depois da visita do Papa, em 1998. Tratava-se de um ambiente de tolerância no qual a presença policial estava mais dissimulada, com diminuição notável das detenções e da perseguição. Ocorreu o que se pode chamar de uma repressão seletiva, contra alguns comunicadores, tais como Lorenzo Páez Núfiez, que trabalha na zona de Artemisa, a 60 kms a oeste de Havana. Esse jornalista já cumpriu pena de 18 meses de detenção por um suposto crime de difusão de notícias falsas, e que foi perseguido freqüentemente pelas autoridades de seu município e ameaçado de ser alvo da Lei 88. Nesse sentido, também foi ameaçado o correspondente jesús Labrador Arias, na província oriental de Manzanillo, a 900 kms a leste de Havana. Duas comunicadoras de Havana, María de los Angeles González Amaro, e Aurora García deI Busto, também registraram episódios nos quais a polícia ou instituições paramilitares as ameaçaram e perseguiram. Continua sendo um elemento já perigosamente natural em nosso trabalho os cortes das comunicações telefónicas. É importante destacar a cumplicidade da ETECSA, empresa do governo cubano, que trabalha com capital italiano e tem importantes convênios com empresas norte-americanas.

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