Cuba

Aa
$.-
CUBA Em Cuba, continua a repressão contra jornalistas independentes e o Estado continua controlando todas as informações, logo a liberdade de imprensa é inexistente. Uma novidade é que o governo permitiu recentemente que a agência de notícias Associated Press abrisse um escritório de correspondentes, o que a torna a segunda organização norte-americana, depois da CNN, a ter um escritório na ilha. Em 1969, o governo cubano expulsou todas as organizações norte-americanas. Apesar do embargo, o governo dos Estados Unidos permitiu que 10 organizações jornalísticas operassem em Cuba, mas até agora apenas duas foram autorizadas por Havana. Depois de setembro, as autoridades recorreram novamente a medidas repressoras diretas como prisões, perseguições e ameaças contra a imprensa independente. Durante esse período, três jornalistas continuam cumprindo pena de prisão, e existem processos pendentes contra outros dois. Tratam-se de Bernardo Arévalo Padrón, condenado a seis anos de prisão em Ariza, Cienfuegos; Lorenzo Páez Núnez, com pena de 18 meses em Kilo Cinco y Medio, Pinar deI Río; e Juan Carlos Recio Martínez, que cumpre pena de um ano em uma cooperativa de Camajuaní, Villa Clara. Os dois correspondentes que aguardam julgamento são Mario Viera, que responde a processo por injúrias aberto pelo diretor jurídico da Chancelaria, e Manuel Antonio Castellanos, de Holguín, acusado de desacatar o presidente Fidel Castro. Em 31 de outubro, em Villa Clara, o jornalista Edel José García foi interrogado e ameaçado. Foi informado de que seria julgado por divulgação de notícias falsas. Em 8 de setembro, o jornalista Héctor Trujillo Pais de Caibarién, em Villa Clara, foi intimado a comparecer à sede de operações da Segurança de Estado, na cidade de Santa Clara, onde foi interrogado por seis horas e ameaçado para que abandonasse seu trabalho de jornalista independente. Em 10 de setembro, foi preso em Havana o jornalista Juan Antonio Sánchez, que ficou seis dias detido nas dependências da Segurança do Estado, em Pinar deI Río. Durante esse período, a polícia política parece ter inaugurado uma nova forma de perseguição aos jornalistas, pressionando os proprietários de imóveis alugados a jornalistas a não renovar seus contratos. Isso é ilustrado por dois episódios: em 28 de agosto, Efraín Martínez Pulgarón foi expulso de uma casa que alugara, e em 6 de novembro o jornalista Orlando Bordón foi obrigado a abandonar sua residência devido à pressão da polícia sobre o proprietário. Depois de um período de hipocrisia que cercou a visita do Papa, no final do ano, intensificaram-se as agressões contra o jornalismo independente em Cuba e aumentou também a tendência dos comunicadores a sair do país. Segue-se uma lista cronológica dos principais fatos do último período: 29 de outubro - Chegou a Miami a jornalista independente Ana Luisa López Baeza, que foi alvo de uma intensa perseguição nos últimos anos pela Segurança do Estado por causa de seu trabalho. López Baeza era jornalista da Cuba Press, agência de imprensa independente dirigida e fundada por Raúl Rivero. A jornalista trabalhou também para a Associação de Jornalistas Independentes de Cuba (APIC) após renunciar a seu trabalho no jornal oficial Tribuna de la Habana, em março de 1995. Outubro - O diretor jurídico do Ministério cubano de Relações Exteriores, José Peraza Chapeu, entrou com uma ação no Tribunal de Havana contra o jornalista independente Manuel Viera por crime de injúrias, por ter sido criticado em um artigo difundido pela Internet. Se for considerado culpado, Viera, de S6 anos, poderá ser condenado a um ano e meio de prisão. I' de outubro - Manuel González Castellanos, da Cuba Press, foi preso sem motivo aparente e sua casa foi invadida violentamente pela Segurança do Estado. A mãe e irmãos menores do jornalista foram agredidos pelos policiais durante a invasão. Nesse mesmo dia, a jornalista María de los Angeles González foi intimada a se apresentar a um funcionário do Ministério do Interior, que sugeriu que "se exilasse na Nicarágua, Venezuela, Rússia ou qualquer outro país disposto a acolhê-Ia". Em um outro caso, o presidente da agência Línea Sur Press, Bernardo Arévalo Padrón, está definhando em uma prisão do interior sem cuidados médicos, apesar de seu delicado estado de saúde. 16 de setembro - Cinco oficiais da Segurança do Estado interrogaram e ameaçaram durante duas horas Jesús Labrador Arias, correspondente da Cuba Press em Granma, território cubano. Antes de ser posto em liberdade, recebeu uma "advertência" que não assinou. 10 de setembro - Juan Antonio Sánchez Rodríguez, Cuba Press, foi preso em Havana por uma patrulha da Polícia Nacional e transferido no mesmo dia para a sede da Segurança do Estado, em Pinar deI Río. Em 1997, ficou preso durante 10 dias. 7 de setembro - Os jornalistas María de los Angeles González, Luis López Prendes e Ofelia Nardo Cruz foram detidos por membros da Segurança do Estado e liberados no dia seguinte. Supõe-se que as prisões estejam relacionadas à cobertura dos jornalistas sobre os preparativos para a comemoração do dia da Virgem da Caridade do Cobre, celebrado no dia 8 de setembro, e por informar sobre uma manifestação realizada na semana anterior diante de um tribunal em Havana em protesto contra a sentença outorgada a um dirigente da oposição. Em outros fatos relacionados, os jornalistas da Cuba Press, Ana Luisa López Baeza e Efrén Martínez Pulgarón, também foram perseguidos. Baeza teve seu telefone desconectado e Martínez foi obrigado subitamente por seu locador a abandonar sua casa por ser considerado "contra-revolucionário". 21 de julho: Correspondentes estrangeiros em Cuba foram expulsos da Assembléia Legislativa quando cobriam o início das sessões. O mandatário cubano Fidel Castro pediu que os correspondentes abandonassem a Assembléia para que, segundo ele, "pudesse falar com total liberdade" . Junho - Em meados desse mês chegou ao conhecimento público um documento distribuído em uma reunião do Partido Comunista de Cuba em Havana durante a qual foram feitas alusões aos jornalistas independentes de forma ameaçadora. "Colaboradores confessas dos planos macabros que são tecidos contra Cuba são os grupelhos contra-revolucionários anexionistas cuja atividade infiltrativa insinua-se no arsenal de meios utilizados pelo inimigo para solapar a revolução; são os chamados 'jornalistas independentes'. Dedicados a difamar nosso povo através das rádios de Miami que fazem transmissões contrárias a Cuba". O governo de Cuba negou novamente o visto de saída temporária do país a Raúl Rivero. O jornalista recebeu um convite para ir a Espanha, mas as autoridades da imigração lhe recusaram o visto de saída. 27 de maio: Ariel Tapia, da Cuba Press, foi intimado a comparecer perante o chefe do Sistema Unico de Vigilancia e Protección (SUVP) de seu bairro. O SUVP é formado por membros do Ministério do Interior, dos Comitês de Defesa da Revolução e do Partido Comunista. Em abril, o mesmo chefe havia declarado em uma reunião que" existe nessa área um indivíduo que pertence aos autodenominados jornalistas independentes financiados pelo imperialismo". 3 de maio - Oliver Clarke, presidente da SIP, manifestou sua preocupação quanto às restrições à mobilidade de jornalistas impostas pelo governo de Cuba e pediu à Comunidade de Governos do Caribe (CARl COM) que reconheça e respeite a liberdade de imprensa e os direitos humanos. Clarke fez essas declarações depois que o governo cubano não permitiu que os jornalistas independentes Néstor Baguer e Raúl Rivero saíssem do país para participar do seminário "Os meios do Caribe: liberdade e entendimento", que foi realizado em Kingston, Jamaica. Maio: Autoridades alfandegárias confiscaram várias revistas estrangeiras do jornalista e diretor da agência de imprensa independente Cuba Press, Raúl Rivero. Alegou-se que as publicações continham material de oposição. Continua, também, a interceptação de suas comunicações telefónicas. 28 de abril: O jornalista independente Bernardo Arévalo Padrón foi agredido fisicamente por ter supostamente distribuído panfletos antigovernamentais na prisão onde está detido desde o ano passado. Dois funcionários do Ministério do Interior golpearam o jornalista no presídio de Ariza, a 7km de Cienfuegos. O jornalista cumpre pena de seis anos de prisão desde novembro de 1997 pelo suposto crime de desacato contra o presidente Pidel Castro e o vice-presidente Carlos Lange. 11 de abril: O jornalista Bernardo Arévalo Padrón foi seriamente agredido por dois funcionários da Segurança do Estado na prisão de Ariza, na província de Cienfuegos. Lorenzo Paez NuÍÍez. A situação desse jornalista não se modificou. Informações fornecidas por sua família revelam que ele continua preso na Kilo 5 da província de Pinar dei Río. Seu estado de saúde é aceitável. Paez NUÍÍez cumpre pena de 18 meses por um suposto crime de difusão de notícias falsas.

Compartilhar

0