México

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MÉXICO A liberdade de imprensa tem sido afetada por ameaças e agressões contra jornalistas e episódios de censura por parte de diversas autoridades. Um elemento a mais dificulta agora o exercício pleno da atividade jornalística: a severa crise económica que o país atravessa e que levou ao fechamento de um grande número de empresas e demissões de pelo menos 5.500 empregados relacionados com as tarefas das empresas de informação. Por outro lado, os jornalistas e os meios sofrem, a exemplo do resto da população, as conseqüências do aumento da delinqüência, que se traduz em roubos, assaltos e ainda assassinatos de alguns funcionários de empresas jornalísticas, em circunstâncias inteiramente alheias às tarefas propriamente informativas. Como é comum nos relatórios sobre o México, praticamente todas as agressões contra os comunicadores ficaram impunes, fato pelo qual é impossível estabelecer sua origem. Apenas nos casos dos jornalistas mais críticos costuma-se inferir que as agressões foram conseqüência de seu trabalho. Outro elemento que vem aumentar os riscos à segurança dos profissionais da imprensa é o crescimento do narcotráfico no país. O episódio mais grave de todos parece estar relacionado com as atividades dos traficantes: o assassinato do repórter Dane Espartaco Cortez, ocorrido em Tijuana, Baixa Califórnia, no dia 18 de junho. Em 24 de julho, Dante Cortez, também jornalista, e Galileo Cortez, respectivamente pai e irmão da vítima, foram baleados quando se dirigiam a uma entrevista coletiva na qual supostamente iriam divulgar os detalhes sobre a morte de Dane. Embora gravemente feridos, os dois conseguiram sobreviver. Os agentes policiais divulgam a versão de que as agressões foram vingança de traficantes de drogas supostamente afetados pelo trabalho dos jornalistas. Durante o mês de setembro, foram registrados pelo menos mais dois casos em que traficantes de drogas agridem jornalistas e são soltos mediante o pagamento de elevadas fianças. Um caso semelhante é o da repórter Yolanda López Ordaz, ameaçada de morte em Chiapas por escrever sobre uma quadrilha de seqüestradores, entre os quais dois foram procurá-la armados, na redação em que ela trabalha. Outro episódio é o do diretor do El Diario de Casas Grandes, Javier Pedraza, baleado enquanto passava por uma autoestrada, atentado ao qual se atribuem motivos políticos, porque o jornalista se lançou como candidato de oposição à prefeitura de sua cidade. Por outro lado, a censura tem se apresentado de várias formas. Em uma ocasião, afetou o próprio presidente da República, quando uma pergunta incómoda e sua resposta foram censuradas na transcrição oficial de uma entrevista coletiva, prática que o próprio presidente criticou. Em outubro, o presidente da República condenou pessoalmente os jornais Reforma e El Norte pela publicação de um documento que havia dirigido ao candidato assassinado do PRI, Luis Donaldo Colosio, quando ambos participavam na campanha política do primeiro. Em uma mensagem ao diretor dos jornais, Alejandro Junco de la Vega, que também foi publicada, o presidente considerou que a difusão de sua carta era contrária à ética jornalística e sugeriu que o documentado havia sido subtraído ilegalmente, versão que logo corrigiu, em conversa com um grupo de jornalistas. Por sua vez, Junco de la Vega lamentou o mal-estar do presidente, mas expressou sua convicção de que a carta não era de caráter confidencial ou privado. A censura ocorreu em várias ocasiões, em forma de pressão contra estações de rádio, constantemente ameaçadas pelo regime de concessão sob o qual operam, que as obriga a determinar pautas para seus colaboradores, que várias vezes as rechaçam e denunciam. Outro caso foi o "desparecimento" da revista italiana 30 Dias, precisamente em uma edição na qual tratava do assassinato do cardeal mexicano Juan Jesús Posadas Ocampo. Em outra ordem, as investigações sobre o assassinato de três jornalistas no estado de Morelos, que motivaram o envio de uma missão da SIP em fevereiro passado, não tiveram qualquer avanço. Em maio, a SIP manifestou sua preocupação ao Presidente do México, depois que, em uma reunião, ele elogiou a contribuição do Sindicato dos Vendedores de Jornais do México para a liberdade de imprensa e a circulação dos jornais. O sindicato, como foi informado no relatório anterior, se negou a vender o jornal Reforma e tentou impedir que outros o fizessem, incluindo com agressões que, durante o período deste informe, virtualmente desapareceram. A seguir, uma relação cronológica dos fatos mais importantes: 2 de março - Dezenas de repórteres do estado de Tabasco exigem garantias, depois que cinco deles sofrem agressões durante o desempenho de suas funções, nos últimos 15 dias. 7 de março - Repórteres da editoria de polícia denunciam, através de um programa de rádio, que o governo de Tabasco mandou fechar os escritórios de comunicação social (difusão) da Procuradoria Geral da Justiça do Estado e da Direção de Segurança Pública e Trânsito, como parte de um programa para "centralizar a informação de todas os órgãos governamentais" e estabelecer um bloqueio que afete a liberdade de informação. 8 de março - Policiais de trânsito do município de Nacucalpan, estado do México, agridem a repórter Lourdes de la Torre, do Núcleo Radio Mil, que pretendia entrevistá-los sobre denúncias de cidadãos que alegavam ser vítimas de extorsão. 15 de março - Escritores e jornalistas informam que o colunista Carlos Ramírez recebeu ameaças de morte, enquanto sua família foi molestada. 22 de abril -O político Jesús González Schmall, editorialista e comentarista de rádio, informa que foi condicionada a sua habitual participação na Radio Fórmula, em que criticara a atitude da Comissão Nacional de Intermediação, um grupo encabeçado pelo polêmico religioso Samuel Ruiz, que intervém nas conversas de paz entre os rebeldes de Chiapas e o governo. Como González se negou, foi impedido de ir ao ar, já que Gabriel Nufiez, um diretor da emissora,lhe explicou que tinha instruções da Secretaria de governo para atuar desta maneira. 5 de maio - Vários sujeitos assaltam as instalações do jornal Siglo 21, de Guadalajara, roubando e ferindo gravemente uma pessoa. 13 de maio - A Comissão Nacional dos Direitos Humanos aprovou uma recomendação na qual solicita à Procuradoria Geral da República que investigue a agressão que sofreu o repórter ]oaquín Moreno Navarro, em mãos de agentes da agência antidrogas americana (DEA), nas imediações da guarita internacional na fronteira de Tijuana. A agressão, ocorrida em 23 de dezembro de 1994, foi relatada em informe anterior. 14 de maio - Gregorio López Vásquez editor do semanário El Gráfico, foi detido em cumprimento de uma ordem de apreensão emitida por causa de um processo por danos em propriedade alheia. A captura ocorreu quando o jornalista protestava, junto com outras pessoas, em frente ao Ministério Público, contra o fato de nada ter sido feito contra a pessoa que o agrediu semanas antes, num conflito entre vizinhos. Vásquez López assegurou que não tinha conhecimento do motivo pelo qual foi detido. 17 de maio - Assaltam os escritórios da revistaNexos e a Editora Cal y Arena. 19 de maio - Repórteres dos jornals La Jornada e El Financiero e a revista Proceso são barrados de entrevistas privadas com o Procurador Geral da República - com as quais contaram jornalistas de outros meios - depois que publicaram informações que desagradaram ao porta voz da repartição. 21 de maio -A edição do jornal A.M., de La Piedad, estado de Michoacán, que informava sobre a captura do encarregado de Segurança Pública da cidade por elementos de outra agência policial, foi comprado por capangas do prefeito, entre os quais foi possível reconhecer elementos da Polícia Preventiva. 24 de maio - Agentes da Polícia Fiscal Federal agridem, na Ponte Internacional Número 1 de Nuevo Laredo, Tamaulipas, os repórteres Santiago Palmeros e ]avier Quiroz e destroem o equipamento do fotógrafo Reynaldo García. 30 de maio - Graças a uma proteção definitiva do Supremo Tribunal de Justiça da nação, regressa ao país o editor da Mafiana de Reynosa, Heriberto Deandar Martínez. 30 de maio - Ao comemorar-se o décimo primeiro aniversário do assassinato do jornalista Manuel Buendía, Omar Raúl Martínez, diretor da Revista Mexicana de Comunicación, expõe que durante a administração do presidente Carlos Salinas de Gortari (1988-1994) foram assassinados 46 jornalistas: 26 por motivos desconhecidos, 10 por questões relacionadas com o trabalho e 9 por causas alheias ao trabalho. Além disso, durante o mesmo período, a Fundação Manuel Buendia havia registrado 512 agravos contra trabalhadores dos meios de comunicação. 6 de junho - Os jornalistas Adalberto Carvajal Berber, subdiretor do jornal Ecos de la Costa, e Sergio Venancia Osegueda, subdiretor de El Correo de Manzanillo, ambos no estado de Colima, enfrentam processos penais por difamação. 6 de junho - Intelectuais e jornalistas protestam publicamente contra o governo do estado de Veracruz, que acusam de atentar contra o direito à informação e a liberdade de expressão. Denunciam particularmente o caso do jornalista]osé Pablo Robles Martínez, cuja perseguição foi relatada em relatórios anteriores. 22 de junho -Tomás Pérez Medrano, repórter do jornal El Ciudadano, de San Luis Potosí, apresenta uma denúncia pelas ameaças recebidas por parte do subdelegado da Polícia ]udicial Federal, Oscar Benjamín García Dávila, molestado por ter divulgado informações a cerca de enfrentamentos entre diferentes corpos policiais, o que fez com que García Dávila fosse removido de seu posto no mesmo dia. 26 de junho - Desconhecidos disparam na madrugada contra a casa do jornalista Isidoro Pedrero Totosaus, que não estava presente: três tiros almejaram a cama do profissional, que responsabiliza pelos fatos o governador do estado, Roberto Madrazo Pintado. 1 º de julho - Policiais do estado de Guerrero golpearam e ameaçaram de morte cinegrafistas do telejornal Hoy, do canal local 12, da Televisa, quando tentavam filmá-los. Eles estavam uniformizados e dispararam suas armas para o alto, em estado de ebriedade. Um comandante e dois agentes foram demitidos pelos fatos: estes dois últimos foram presos, mas o chefe conseguiu fugir. 1 º de agosto - Escoltas do governador de Campeche, Jorge Salomón Azar García agridem vários jornalistas que tentavam entrevistar uma dirigente camponesa que acompanhava o funcionário. Na ação, é golpeado o repórter Leandro Dzib Reyes, do jornal Tribuna. 2 de agosto - Ramón Coria Nunez, secretário municipal da fazenda de Suyaltepec, Oaxaca, ameaçou de morte o jornalista Roberto Hernández Torres, diretor do semanário El Pinero de la Cuenca que o havia surpreendido e fotografado enquanto disparava uma metralhadora. 5 de agosto - O jornalista Marco Lara Klahr é detido por policiais do estado de Michoacán, que o mantêm preso e o maltratam durante mais de 12 horas, supostamente por considerá-lo suspeito de ter roubado o carro no qual passeava pela cidade de Pátzcuaro, em companhia de dois de seus filhos pequenos. Só é liberado depois da intervenção de colegas que alertaram as autoridades. 10 de agosto - Durante uma entrevista coletiva com o Presidente da República, o repórter David Romero, do jornal Ovadones,perguntou a Ernesto Zedillo sobre a possibilidade dele não terminar o mandato ou de sofrer um golpe de estado. O presidente respondeu conclamando os meios a não se prestarem a converter opiniões neste sentido em notícias. O intercâmbio teve duas conseqüências: em primeiro lugar, o repórter foi suspenso em seu jornal. De sua parte, a Direção de Comunicação Social da Presidência da República omitiu a pergunta e a resposta na transcrição da entrevista que enviou a diversos meios. A censura originou muitos comentários, ao ponto do próprio presidente Zedillo enviar no dia 13 de junho uma carta ao repórter em que desautoriza a atitude de sua assessoria de imprensa. Em setembro, o jornalista Benjamín Flores diretor da Prensa, de San Luis Río Colorado, Sonora, cuja captura e posterior libertação foi relatada em informe anterior, é condenado a seis meses de prisão ou 1.500 pesos de multa, acusado de ter caluniado José Cruz Bedolla, um funcionário que, de acordo com vários documentos publicados por Flores, havia incorrido em atos de corrupção. A linha combativa da publicação de Benjamin Flores permite suspeitar que, durante o seu julgamento, foi vítima de autoridades políticas e judiciais cujo desempenho havia criticado. 1 Q de setembro -O dirigente do Partido da Revolução Democrática em Campeche, Abraham Bagdali Estrella, denuncia por difamação e calúnia o diretor do jornal El Sur de Campeche, José Luis Llovera Baranda, o colunista Shoemaker Xaman Noh (um pseudónimo) e os donos do jornal, Francisco Castillo Goytia e Carlos e Alejandro Azar García, irmãos do governador de Campeche, Jorge Salomón Azar García. 7 de setembro - A Associação dos Correspondentes Nacionais de Reynosa envia ao governador de Tamaulipas, Manuel Cavazos Lerma, uma carta na qual exigem respeito à liberdade de expressão e manifestam sua preocupação pelos atos intimidatórios do Procurador de Justiça do Estado, César Cevallos Blanco, contra os jornalistas José Luis Deanda Yancey e Miguel Angel Domínguez Zamora, colunista e repórter do El Manana de Reynosa e Arturo Solís Gómez, correspondente de La Jornada, como conseqüência da publicação de denúncias sobre atos de um agente do Ministério Público. 13 de setembro - Dois sujeitos, aparentemente pistoleiros de um conhecido traficante de drogas, foram entregues à justiça depois de serem acusados de ter seqüestrado e golpeado dois repórteres de El Norte, de Ciudad Juarez. Sairam livres imediatamente mediante o pagamento de elevadas fianças. 20 de setembro - Francisco Tijerina González, diretor do jornal regional La Razón, denuncia que recebeu ameaças de morte por parte de Jesús Heriberto González Pena, gerente do grupo Nort, por publicar denúncias de que a empresa, freqüentemente favorecida em licitações públicas, havia incorrido em práticas corruptas que a beneficiavam. 24 de setembro - Margarito Castro Orozco "El Mago", suposto traficante de drogas, alcança liberdade sob fiança em Matamoros, Tamaulipas, por ter sido acusado de agredir o repórter Pablo Pineda Gaucín, do vespertino PM.

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