México

Aa
$.-
Neste semestre, sete comunicadores foram assassinados em diferentes estados, um número que levou os organismos nacionais e internacionais a buscar uma aproximação com as autoridades face a um ambiente de violência e impunidade. Os repórteres e a mídia não têm segurança garantida para realizar o seu trabalho. O governo federal não conseguiu brecar a impunidade que existe nos crimes perpetrados nos últimos anos. A onda de violência que castiga o México deixou mais de 28.500 vítimas nos quase quatro anos em que o presidente Felipe Calderón declarou guerra contra o crime organizado. A imprensa mexicana aumentou os níveis de autocensura e, em alguns lugares do país, não comunica ocorrências violentas onde o crime organizado estiver envolvido. A Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) registrou a morte de 65 jornalistas desde 2000 até agora. O órgão exigiu que o governo nacional tome medidas para evitar as agressões, pois fere os direitos à informação de toda a sociedade. Além dos homicídios já assinalados no período de 2005 até agora, a CNDH registrou o desaparecimento de 12 comunicadores, entre os quais o do jornalista Alfredo Jiménez Mota, do El Imparcial, em abril de 2005, além de 16 atentados contra instalações de meios de comunicação. A federalização dos crimes contra a liberdade de expressão e sua não prescrição, bem como o agravamento das penas e medidas de proteção são temas pendentes no legislativo mexicano, apesar de insistentes apelos da SIP e outros órgãos nacionais e internacionais. De 22 a 24 de setembro deste ano, uma delegação internacional da SIP e do Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) se reuniu com o presidente do México, Felipe Calderón Hinojosa, que se comprometeu a incluir o tema da liberdade de imprensa na agenda pública nacional. O Presidente prometeu também garantir a segurança dos repórteres e promover uma reforma legal em que os crimes contra a liberdade de expressão sejam considerados delitos federais. Na reunião, o Presidente responsabilizou o crime organizado por essa violência, ficando estabelecida a realização de projetos que contemplem medidas, como um sistema de aviso prévio e um pacote de “práticas ideais” do exercício jornalístico. Por outro lado, perante organizações da sociedade civil e de jornalistas, o presidente da CNDH, Raúl Plascencia Villanueva, apresentou o “Guia de Implantação de Medidas Cautelares em Benefício de Jornalista se Comunicadores no México”, que tem como objetivo “uma oposição à situação violenta que enfrentam os defensores de direitos humanos e jornalistas”. Outros fatos relevantes neste período: Em 29 de março, a SIP pediu a intervenção do Presidente Calderón para que seja dado seguimento ao processo judicial paralisado referente à morte do profissional Armando “El Choco” Rodríguez. Em 8 de junho, a SIP exprimiu a sua preocupação e “pediu sanidade” na campanha política relacionada aos comícios em Sinaloa, que descambou para ataques contra o diário El Debate e ameaças diretas contra seus donos. Em junho, registrou-se uma série de incidentes contra trabalhadores e distribuidores do diário Noroeste de Culiacán, em Sinaloa. Houve sete incidentes contra os entregadores encarregados da distribuição do jornal, alguns dos quais foram ameaçados e despojados violentamente de suas motocicletas ou bicicletas, ficando outra pessoa ferida com dois tiros. Em 24 de junho, homens armados com rifles automáticos AR-15 e pistolas de 9 milímetros dispararam mais de 160 vezes contra a antena e instalações da repetidora da cadeia Televisa, em Torreón. Não há registro de pessoas feridas. Em 9 de julho, a SIP expressou sua concordância com a esperada decisão do governo do México de criar um novo ministério público especial (Promotoria Especial) para tratar de crimes cometidos contra a liberdade de expressão, fato anunciado durante a visita da organização em fevereiro passado ao então secretário de governo Fernando Gómez Mont. Os repórteres Jaime Canales, fotógrafo de Multimedios Laguna, Alejandro Hernández, fotógrafo da Televisa Torreón, Héctor Gordoa, enviado da Televisa México e Oscar Solís, repórter do diário El Vespertino, foram sequestrados em 26 de julho, logo após cobrir uma rebelião no presídio Centro de Readaptación Social número 2, de Gómez Palacio, em Durango. Em 30 de agosto, houve uma mobilização de centenas de jornalistas em todo o país exigindo das autoridades o acionamento da justiça nos casos de jornalistas assassinados. Em 1º de setembro, o diário Noroeste, em Mazatlán, foi atacado a tiros, após ameaças telefônicas devidas a uma informação publicada sobre ataques entre criminosos de diversos cartéis do narcotráfico. Também em setembro, a SIP manifestou sua preocupação com a grave ameaça enfrentada pelos meios de comunicação em Zacatecas, onde houve um aumento da violência e registro de denúncias públicas de degradação da segurança da imprensa. Em 3 de outubro, as instalações de El Debate de Mazatlán, em Sinaloa, foram atacadas por desconhecidos. O diário estimou que 17 disparos, provavelmente de fuzis AR-15 e AK- 47, atingiram o edifício através da entrada de acesso para os clientes. Os seis jornalistas assassinados neste semestre, provavelmente por motivo de trabalho, são: Juan Francisco Rodríguez Ríos, repórter/correspondente de El Sol de Acapulco e do Diario Objetivo de Chilpancingo, assassinado em 29 de junho, em Coyuca de Benítez, Guerrero. Foi baleado com a sua mulher, María Elvira Hernández Galeana, em um pequeno cybercafé de que eram proprietários. Rodríguez Ríos era também diretor local do Sindicato Nacional de Redatores de Imprensa. Segundo comunicados policiais, dois desconhecidos entraram no local e dispararam à queima-roupa contra o repórter e sua mulher. Levou quatro tiros no peito. Tinha 49 anos. María Elvira Hernández Galeana, jornalista do semanário Nueva Línea, assassinada em 29 de junho, em Coyuca de Benítez, Guerrero. Foi baleada com seu marido Juan Francisco Rodríguez, também jornalista. Segundo comunicados policiais, dois desconhecidos entraram no local e atiraram nos dois à queima-roupa. Levou um tiro na cabeça. Tinha 36 anos. Hugo Alfredo Olivera Cartas, editor e diretor de La Voz e El Día de Michoacán/Quadratín, assassinado em 6 de julho, em Apatzingán, Michoacán. Foi encontrado morto na madrugada de 6 de julho, terça-feira. Segundo informações da imprensa, horas antes do seu desaparecimento, recebeu uma chamada em seu celular, em que lhe pediram para ir a um lugar onde teria havido um acidente, para obter mais informações. Tinha 27 anos. Marco Aurelio Martínez Tijerina trabalhava para XERN, XEDD; TV Azteca, Multimediose W Radio. Foi assassinado em 10 de julho, em Montemorelos, Nuevo León. Foi encontrado morto depois de seu sequestro na noite anterior por um comando armado, no meio da rua. Horas depois de a família denunciar seu sequestro, um telefonema anônimo informou às autoridades que haviam encontrado o corpo do jornalista. Tinha 45 anos. Guillermo Alcaraz Trejo, fotógrafo da Comissão Estatal de Direitos Humanos (CEDH) de Chihuahua, assassinado em 11 de julho, em Chihuahua, Chihuahua. Um grupo de homens armados o executou quando estava dentro do seu veículo. Trabalhou inicialmente como fotógrafo em diversos meios de comunicação da cidade e posteriormente como editor de vídeo. Tinha 24 anos. Luis Carlos Santiago Orozco, repórter de El Diario, assassinado em 16 de setembro em Ciudad Juárez, Chihuahua. Em maio de 2010, tinha começado a se preparar para integrar a equipe de composição gráfica de reportagens. No Río Grande Mall, bastante concorrido, entre a Avenida López Mateoseo Paseo Triunfo de la República, foi surpreendido pelos ocupantes de um veículo. Junto com ele viajava Carlos Manuel Sánchez, também fotógrafo, que ficou ferido. Tinha 21 anos. Carlos Alberto Guajardo Romero, jornalista do Expreso de Matamoros, Tamaulipas, foi baleado e morreu no fogo cruzado entre policiais federais e membros do crime organizado, em 5 de novembro de 2010.

Compartilhar

0