26 Junho 2013
Audiência pública, violência contra jornalistas em São Paulo
Florianópolis - Manifestações 20 junho de 2013 - Cadu Rolim/Fotoarena
Elaine Patricia Cruz, Fonte: Agência Brasil (www.jornaldamidia.com.br)
São Paulo – O Grupo de Trabalho sobre Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República fez na tarde de hoje (25) uma audiência pública para apurar a violência contra profissionais da imprensa em São Paulo. Durante a audiência pública, que ocorreu no Ministério Público, diversos jornalistas foram ouvidos e relataram casos de perseguição e ameaças após divulgação de matérias, principalmente de cunho investigativo policial, e também casos de agressão física e de prisões ocorridas na cobertura da imprensa das manifestações lideradas pelo Movimento Passe Livre.
O grupo de trabalho foi criado pela secretaria por meio da Resolução nº 5, publicada no Diário Oficial da Uniãono último dia 18. O grupo exercerá suas atividades pelo prazo de 180 dias, que podem ser prorrogados por igual período. A intenção do grupo é receber o maior número de informações sobre violações ao trabalho da imprensa e de utilização de armamentos de baixa letalidade pela força policial e tentar propor medidas para monitorar o uso da força policial e de proteção ao trabalho dos jornalistas.
De acordo com José Augusto Camargo, presidente do Sindicato de Jornalistas do Estado de São Paulo, três jornalistas paulistas foram detidos nas manifestações ocorridas nos dias 11 e 13 de junho. Nestas mesmas duas manifestações foram registrados 20 casos de agressões, todos eles comandados por policiais. No dia 17 de junho ocorreram quatro casos de agressão contra jornalistas praticadas por manifestantes. “Também houve casos no interior, que estamos buscando”, disse.
No caso da violência propagada contra jornalistas por policiais, Camargo disse que o sindicato já fez uma ação prévia. “Vamos acionar o Estado. O sindicato está à disposição dos profissionais que queiram individualmente pleitear um dano moral ou agressão e pretendemos entrar também com ação coletiva de prejuízo dos jornalistas. A ação tem muito mais um caráter político do que uma reparação efetiva. É uma condenação coletiva pelo problema que o Estado causou. Ela tem um valor pecuniário que será destinado para uma entidade sem fins lucrativos. Já na questão envolvendo agressão por particulares, a questão jurídica é mais complicada e então teremos que fazer ações políticas”, explicou.
Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) apontou 41 casos de violência contra jornalistas em todo o país somente do início das manifestações até a manhã de hoje (25). Do total, 19 ocorreram em São Paulo (com três jornalistas presos, 13 agredidos por policiais e três por manifestantes), seis no Rio de Janeiro (quatro agredidos ou feridos por policiais e dois agredidos por manifestantes), quatro na Bahia (um jornalista preso e três agredidos por policiais), um jornalista ameaçado por um segurança em Brasília, um agredido por manifestante em Porto Alegre, seis agredidos por policiais em Fortaleza, dois agredidos por manifestantes em Porto Velho, uma agressão por manifestante em Campinas e uma agressão por manifestante em Manaus. Além disso, houve vários relatos de carros de imprensa que sofreram ações de manifestantes, como o carro de link da TV Record que foi queimado na frente da prefeitura de São Paulo.
Durante a audiência pública, sete jornalistas foram ouvidos. Dois deles contaram ser alvos de ameaças após a publicação de matérias investigativas. Um deles disse que instalou 16 câmeras de segurança no local onde vive por causa das ameaças. Os demais foram vítimas de violência policial na cobertura das manifestações em São Paulo.
A repórter Gisele Brito, da Rede Brasil Atual, disse ter participado da cobertura de cinco das sete manifestações. Na quinta delas, ocorrida no dia 13 de junho, ela contou ter sido vítima de golpes de cassetete desferidos por um policial em sua nuca, nas pernas e até no rosto. O repórter Vágner Magalhães, do Portal Terra, disse que um policial desferiu um golpe de cassetete contra ele no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na noite do mesmo dia, mesmo após ele ter se identificado como jornalista. “Não oferecíamos qualquer perigo à ordem pública”, disse Magalhães, durante a audiência.
http://www.jornaldamidia.com.br/2013/06/25/audiencia-publica-apura-casos-de-violencia-contra-jornalistas-em-sao-paulo/#.UcrAgvnYfSg