05 Setembro 2013
Família de jornalista pede federalização de julgamento
Especial para Terra
Mirelle Irene, Direto de Goiânia
Desconfiada de influências externas no julgamento, a família do cronista esportivo Valério Luiz de Oliveira, assassinado a tiros em 2013 quando saía da Rádio Jornal, onde trabalhava, defende a federalização do crime, para que o julgamento do caso seja mais isento.
Cronista esportivo Valério Luiz de Oliveira. (radioamantes.files)
O cronista esportivo foi assassinado no dia 5 de julho de 2012. Após oito meses de investigações, o inquérito da Polícia Civil concluiu que o empresário e ex-vice-presidente do Atlético Clube Goianiense Maurício Sampaio foi o mandante do crime.
Urbano de Carvalho Malta e o sargento da PM Djalma da Silva organizaram o assassinato com o apoio do açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier. Ainda segundo o inquérito, o cabo da PM Ademá Figueiredo foi o executor do radialista. A motivação teria sido as opiniões profissionais do radialista e críticas à diretoria do clube de futebol.
Todos os acusados estão em liberdade por conta de habeas-corpus. A fase de instrução do julgamento foi encerrada na segunda-feira, com a oitiva das últimas testemunhas e o interrogatório dos réus.
O juiz Antônio Fernandes de Oliveira vai decidir nos próximos dias a realização ou não de um júri popular sobre o caso do radialista assassinado. Porém, Valério Filho apontou, em depoimento na audiência, dificuldades enfrentadas na justiça goiana para manter os acusados presos e apontou influência que o poder econômico do empresário Maurício Sampaio, que também é cartorário, teria no judiciário do Estado.
“Um exemplo disso acontece no Tribunal de Justiça. O Sampaio foi afastado de seu cartório pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) por irregularidades, por três vezes. E, em todas elas, o TJ o retornou para a função, passando por cima até do STF”, disse.
Valério Filho apontou ainda que em Goiás a Justiça vem mantendo um padrão de não julgar policiais militares quando esses são acusados de assassinatos. “Percebo que nesses casos tudo para na hora da pronúncia (a sentença que manda os acusados ao Júri Popular) e os acusados acabam não sendo submetidos a julgamento. Não podemos deixar que isso continue acontecendo. Por isso, vejo como oportuno a federalização de crimes como esse do meu pai”, explicou.
Além de Valério Luiz Filho, outras famílias e vítimas de violência policial em Goiás compareceram à audiência. Participaram ainda o deputado estadual Mauro Rubem (PT), o subprocurador-geral da República Luciano Mariz Maia, que também é Procurador Federal dos Direitos do Cidadão Adjunto; o deputado federal Luiz Couto (PT-PB), ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM); e o coordenador do Centro de Referência em Direitos Humanos Padre Burnier, de Goiânia, Eduardo Mota.