CUBA

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Neste período continuaram as práticas de espancamentos, prisões, intimidações, atos de vandalismo e perseguição contra os adversários e os jornalistas independentes. A imprensa oficial ainda é o veículo de propaganda, escondendo e distorcendo o que acontece dentro e fora do país. Isso é óbvio nos casos da Venezuela, Equador, Síria, Rússia e China, governos com os quais o regime cubano mantém melhores relações. Atualmente, quatro jornalistas estão presos: Juliet Michelena Díazpresa em 7 de abril; Yoennis de Jesus Guerra García preso em outubro de 2013 e condenado a sete anos de prisão em março de 2014; o escritor e blogueiro Ángel Santiesteban-Prats, preso desde 28 de fevereiro de 2013 e o correspondente do jornal Granma em Santiago de Cuba, José Antonio Torres, preso em fevereiro de 2011 e condenado a 14 anos de prisão. Em 26 de setembro, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos solicitou ao governo a concessão de medidas de proteção para Santiesteban Prats. A Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional informou que houve 905 prisões de dissidentes em abril por razões puramente políticas; 1.120 prisões em maio; 963 em junho; 652 em julho e 632 em agosto. Em abril, policiais agrediram a jornalista independente Dania Virgen García quando ela deixava o seu sobrinho na escola. Em junho, um policial agrediu violentamente em Havana Jesús Roberto Guerra, fundador da agência de imprensa Hablemos Press. Quatro dias antes, Raúl Ramírez Puig, correspondente dessa agência na província de Mayabeque, foi atropelado por um carro e depois ameaçado pelos seus ocupantes. Naquele mesmo mês, agentes do Departamento de Segurança do Estado prenderam Mario Hechavarría Driggs, colaborador de Hablemos Press. Agentes do Departamento de Segurança do Estado intimaram Magaly Norvis Otero Suárez e a instaram a mudar o tom de seus artigos. Ela recebeu ameaças de morte pelo telefone. Vários jornalistas tiveram seus telefones bloqueados. O jornalista Bernardo Arévalo Padrón foi preso duas vezes em setembro. Arévalo Padrón foi prisioneiro de consciência de 1997 a 2003. O jornalista independente Miguel Guerra Pérez ficou detido por uma semana e foi solto em 1o de setembro. Vários colaboradores da agência Hablemos Press têm sido vítimas de ameaças: José Leonel Silva Guerrero, correspondente em Holguin, foi obrigado a suspender seus trabalhos por causa de ameaças de retaliação contra sua família. Em abril, a agência Prensa Associada (AP) publicou uma extensa reportagem que denunciava o programa Zunzuneo da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID, em inglês), conhecido como o "Twitter Cubano". De acordo com a AP, este programa era escondido e visava instabilizar o governo. O programa, iniciado pela USAID em 2009 e encerrado em 2012, estabeleceu uma rede social na ilha que conseguiu atrair mais de 40.000 assinantes para compartilhar notícias e trocar pontos de vista, sem saber que o serviço tinha sido criado pelo governo dos EUA. O diretor da USAID, Rajiv Shah, disse que o programa não era secreto e se destinava somente a "dar apoio à sociedade civil, com uma plataforma de comunicação entre os cubanos". Em 21 de maio, a blogueira Yoani Sánchez, vice-presidente regional da SIP para Cuba, lançou um jornal digital, "14ymedio.com", a primeira publicação digital independente na ilha. O conteúdo é impresso e distribuído em versão PDF e para isso conta com muitos colaboradores. Nos cinco meses desde a sua fundação, a revista sofreu bloqueios intermitentes do governo cubano. Em junho, o Chicago Council on Global Affairs homenageou e premiou Yoani Sánchez por sua luta em defesa da liberdade de imprensa. A blogueira recebeu recentemente uma bolsa da renomada empresa Yahoo para estudar na Universidade de Georgetown, em Washington. O presidente da Google, Eric Schmidt, visitou Havana no final de junho, acompanhado de outros três executivos dessa empresa. Os representantes da Google se reuniram com representantes do governo, alunos de informática e blogueiros dissidentes. A mídia cubana informou com atraso sobre a visita que, segundo a Google, visa "promover as virtudes de uma Internet livre e aberta". Em junho, anunciou-se a criação de salas de navegação "livre" na Internet. A taxa por hora de serviço é igual a um quarto do salário médio, motivo pelo qual o acesso à rede é ainda proibitivo. No entanto, agora o acesso não é tão caro e constitui um avanço importante em relação à oferta anterior de Intranet (Internet filtrada e limitada). A conexão também é supervisionada e monitorada. O acesso interno para o cidadão comum é quase impossível. O antigo empreiteiro da Agência dos EUA para o Desenvolvimento internacional (USAID), Alan Gross, está prestes a cumprir cinco anos na prisão. Conforme informações de seu advogado e parentes, Gross encontra-se gravemente enfermo e eles temem por sua vida. Segundo informações, ele perdeu a visão do olho direito e sofre de depressão profunda, tendo por isso se recusado a receber visitas. Até agora fracassaram todas as negociações com o governo cubano, tanto oficiais e quanto pessoais, para conseguir a sua libertação. Gross foi preso em dezembro de 2009 em Havana, após levar equipamentos de telecomunicação destinados a facilitar o acesso da comunidade judaica à Internet. As conversações entre a União Europeia e Cuba se desenvolvem normalmente como parte do acordo de Diálogo Político e Cooperação Bilateral que começaram a negociar no final de abril. A dissidência cubana insiste que a União Europeia condicione a assinatura do acordo aos avanços para a democratização e o respeito aos direitos humanos.

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