Miami (16 de julho de 2025) – Com a participação de mais de 160 jornalistas, editores, executivos de mídia e empreendedores de 19 países das Américas e da Europa, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) inaugurou hoje em Miami uma nova edição do SIPConnect, sua conferência principal sobre transformação digital e sustentabilidade dos meios de comunicação.
Sob o lema “Reinventar o futuro da mídia,” o presidente da SIP, José Roberto Dutriz, deu as boas-vindas aos participantes com uma mensagem clara: “O jornalismo livre, independente e de qualidade continua sendo essencial para as nossas democracias. Mas o ambiente em que trabalhamos está sendo redesenhado em uma velocidade sem precedentes. Se não formos protagonistas dessa mudança, seremos suas vítimas.”
A conferência está estruturada em três eixos estratégicos: Explorar, Co-criar e Conectar. Segundo Dutriz, CEO e diretor geral do jornal La Prensa Gráfica de El Salvador, isso implica entender fenômenos como a inteligência artificial, fomentar a colaboração interinstitucional e reconstruir redes de confiança em um ecossistema informativo cada vez mais fragmentado. “Já não basta produzir bom jornalismo; precisamos encontrar formas sustentáveis de financiá-lo, ampliá-lo e distribuí-lo,” acrescentou.
Dutriz destacou a presença valiosa dos diretores e representantes das associações nacionais de imprensa que integram a SIP. “A participação deles nesta conferência é uma demonstração concreta do compromisso coletivo que compartilhamos. Essas alianças regionais são fundamentais para ampliar nossos esforços, trocar boas práticas, defender com mais força a liberdade de expressão e articular estratégias comuns diante de desafios sem fronteiras.”
O diretor executivo da SIP, Carlos Lauría, afirmou que o encontro “não é apenas um evento sobre inovação, tecnologia ou sustentabilidade, mas um espaço para reafirmar nossos valores. Porque não pode haver inovação se os jornalistas forem obrigados a se autocensurar. E não pode haver sustentabilidade se os meios de comunicação forem sufocados economicamente como forma de punição.”
Ambos destacaram que a liberdade de imprensa deve estar no centro de qualquer discussão sobre o futuro do jornalismo. Lauría alertou sobre o avanço do autoritarismo na região, com governos de diferentes orientações políticas adotando posturas cada vez mais hostis contra a imprensa. “Jornalistas forçados ao exílio, redações fechadas, leis ambíguas que facilitam a censura: tudo isso configura uma fase crítica para o jornalismo nas Américas,” afirmou.
Nos próximos dias, o SIPConnect 2025 contará com apresentações sobre inteligência artificial, modelos de negócio, desenvolvimento de audiência, formatos narrativos emergentes, liberdade de imprensa e sustentabilidade. Participarão líderes de grandes redações, meios independentes e startups tecnológicas de toda a região.
A IA não será apenas um tema de conversa, mas também uma experiência prática e colaborativa, com três workshops intensivos voltados para jornalistas, editores e executivos de mídia. Na terça-feira, foi apresentado o NotebookLM, ferramenta da Google baseada em IA, em uma oficina conduzida por Mariana Alvarado, do Google News Initiative. Nesta tarde, Néstor Altuve liderará uma sessão estratégica sobre como integrar a IA a modelos de negócios sustentáveis. E na sexta-feira, Álvaro Liuzzi comandará o bootcamp AI First, no âmbito do programa Redacciones5G — uma experiência imersiva para redesenhar os fluxos de trabalho com criatividade, estratégia e critério jornalístico.
"Que estes dias nos inspirem, nos desafiem e nos ajudem a construir juntos um jornalismo mais forte, mais inovador e mais conectado com as pessoas," concluiu Dutriz ao declarar oficialmente inaugurada a conferência.
A SIP é uma organização sem fins lucrativos dedicada a defender e promover a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão nas Américas. É composta por mais de 1.300 publicações no Hemisfério Ocidental e tem sede em Miami, Flórida, Estados Unidos.