ESTADOS UNIDOS

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O ataque mais horroroso contra um jornalista norte-americano este ano foi o assassinato de Chauncey Wendell Bailey, Jr., em Oakland, Califórnia, em agosto. Ele tinha 57 anos. Bailey, um ex-repórter do Oakland Tribune que era diretor do Oakland Post, foi morto a tiros em Oakland enquanto caminhava para o seu trabalho, como costumava fazê-lo. De acordo com o San José Mercury News, foi preso um suspeito de 19 anos, que disse à polícia que se considerava “um bom soldado” por matar Bailey. Aparentemente o motivo do crime foram os artigos negativos que Bailey havia escrito sobre a padaria Your Black Muslim Bakery, onde o jovem trabalhava. Disse que estava preocupado com artigos que Bailey poderia escrever no futuro com base nas investigações que estava realizando. Vários jornalistas, organizações de meios de comunicação e escolas de jornalismo das universidades da área da Baía de São Francisco formaram uma equipe de investigação para completar o trabalho que Bailey estava preparando e encontrar respostas para perguntas relacionadas com sua morte. Em outro incidente violento, um ataque a tiros na madrugada proveniente de um carro em movimento rompeu vidros das janelas e causou danos à sala de controle da emissora de rádio KPFT-FM, de Houston, Texas, cujo web site tem o lema “Rádio para a Paz”. O diretor de programação, Ernesto Aguilar, acreditava que tinha sido obra de um ouvinte que não estava de acordo com algum programa ou tema transmitido pela estação. No início deste mês, ocorreu outro fato positivo na longa campanha para conseguir proteção federal para os jornalistas solicitados por advogados e promotores federais a identificar fontes confidenciais. A Comissão de Justiça do Senado federal aprovou por grande maioria a Lei de Fluxo de Informação, um projeto que daria proteção tanto aos jornalistas como às fontes confidenciais. Uma lei de proteção federal similar foi aprovada pela Comissão de Justiça da Câmara de Representantes no início de agosto. O novo projeto de lei passará agora ao Senado. E fontes da liderança da câmara anunciaram há alguns dias que há grande possibilidade que seja submetido a votação esta semana. Por outro lado, existe preocupação com a decisão tomada em agosto por um juiz federal de Washington, D.C., ordenando a cinco jornalistas que identifiquem os funcionários do governo que lhes disseram que o ex-cientista do governo Steven Hatfill era um suspeito de uma série de ataques com antrax ocorridos em 2001. Hatfill está processando o Ministério da Justiça com base na Lei de Privacidade por suposta e inapropriadamente revelar sua informação pessoal. Os cinco jornalistas são Allan Lengel, do Washington Post; Michael Isikoff e Daniel Klaidman, de Newsweek; a ex-jornalista de USA Today, Toni Locy, e James Stewart, da CBS News. A promulgação de uma lei de proteção severa é uma das prioridades máximas dos jornais dos Estados Unidos e da Sociedade Americana de Editores de Jornais. Mas o governo do presidente George W. Bush e o Ministério da Justiça, que se opõem ao projeto alegando que poderia afetar a aplicação da lei e tornar mais difícil rastrear as filtragens de informações de segurança sensíveis, continuam sendo um grande obstáculo. Ressoando os sentimentos de muitos de seus colegas, o editor executivo do New York Times, Bill Keller, disse à Associação Mundial de Jornais em maio, no Dia Mundial de Liberdade de Imprensa, que a decisão de publicar segredos governamentais nunca é fácil, e que se tornou ainda mais difícil depois dos ataques de 11 de setembro de 2001 bis Estados Unidos. Um sinal positivo nos últimos meses foi a aprovação da Lei de Governo Aberto em agosto pelo Senado dos Estados Unidos. O projeto de lei fortaleceria a Lei de Liberdade de Informação ao impor penas contra as agências federais que não responderem a pedidos de Liberdade de Informação dentro de 20 dias. Um projeto similar foi aprovado em março pela Câmara de Representantes por ampla margem. Entre os motivos citados para ter uma lei mais severa é que sete agências federais passaram mais de 10 anos sem responder aos pedidos de informação sob a lei atual. O fotógrafo da Associated Press, Bilal Hussein, continua preso no Iraque pelo exército dos Estados Unidos. Está preso desde abril de 2006, mas nunca foram feitas acusações nem lhe foi concedida uma audiência pública para que se defendesse. O exército afirma que tem informações que o vinculam a atividades insurgentes, mas não revelou porque em sua opinião são confidenciais. Uma acusação contra Hussein, de 35 anos, é que tirou fotos no Iraque que foram sincronizadas com explosões, o que indicaria que tinha conhecimento prévio. A AP examinou 900 de suas fotos e disse que não havia indícios de que estivera na cena antes que ocorressem os ataques, e continua a objetar com firmeza a detenção de Hussein. Continua a preocupação com a política do Pentágono de negar à imprensa os pedidos para cobrir as audiências militares de suspeitos de terrorismo presos na base naval norte-americana de Guantánamo. A Associated Press afirma que a decisão viola os próprios regulamentos do Ministério de Defesa. A AP está de acordo que algumas partes dos tribunais – chamadas Juntas de Revisão Administrativa – poderiam ter que ser fechadas, mas seria um erro fechar todas. Entretanto, circularam informações de que um cinematógrafo da cadeia de televisão Al-Jazeera, Sami al-Haj, detido em Guantánamo há mais de cinco anos sem que sejam feitas acusações, se encontrava com a saúde debilitada depois de fazer uma greve de fome. O porta-voz do Pentágono, o comandante Jeffrey D. Gordon, disse que os relatórios eram falsos. Al-Haj é o único jornalista que se sabe estar preso em Guantánamo. Três repórteres de CNET Networks, um boletim informativo de tecnologia, processou a Hewlett-Packard, acusando a empresa de computadores de violar sua intimidade ao obter seus registros telefônicos privados. A empresa foi no ano passado foco de um escândalo depois de revelações de que sua diretoria contratou investigadores privados para averiguar se seus membros haviam passado informações sensíveis a repórteres da CNET, do New York Times e do Wall Street Journal. A Hewlett-Packard reconheceu posteriormente que seus investigadores utilizaram subterfúgios para obter os registros telefônicos dos repórteres e pediu desculpas. Um projeto de lei para limitar os poderes do Escritório Federal de Investigações, outorgados com base na Lei Patriótica dos Estados Unidos, para ter acesso praticamente ilimitado aos documentos de transações e comunicações eletrônicas sem supervisão judicial foi apresentado ao Senado. A medida foi aplaudida pela Campanha para a Privacidade da Leitura, uma coalizão de organizações que representa editoriais, autores, bibliotecas e livrarias. Em setembro, o ex-apresentador do noticiário “CBS Evening News”, Dan Rather, entrou com uma ação de 70 milhões de dólares contra a cadeia CBS, afirmando que foi um “bode expiatório” por uma nota que não foi corroborada sobre o serviço do presidente George W. Bush na Guarda Nacional. Rather, de 75 anos, deixou a CBS em junho de 2006, depois de 44 anos com a empresa. Em 4 de outubro soube-se que uma ação movida por um grupo de associações de editoras e autores contra o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro (OFAC, por sua sigla em inglês) foi retirada depois que a entidade eliminou os regulamentos que impediam que as editoras dos Estados Unidos publicassem obras de escritores de países “banidos”. A ação foi movida originalmente depois que o OFAC, que aplica os embargos comerciais norte-americanos contra nações “inimigas” como Cuba e Irã, emitiu regulamentos em 2003 que exigiam que as editoras dos Estados Unidos obtivessem permissão do Departamento do Tesouro para poder editar e publicar as obras de escritores das chamadas nações banidas. Os regulamentos do OFAC incluíam multas vultosas e penas de prisão para os infratores.

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