O saldo dos últimos seis meses mostra que não houve nenhuma mudança positiva no nível de violência e intimidação contra os jornalistas e meios de comunicação.
Nesse período, três jornalistas foram assassinados por motivos relacionados ao seu trabalho e dois estão desaparecidos, sem que até o momento se conheça seu paradeiro; sete jornalistas foram agredidos fisicamente.
A impunidade continua sendo uma constante na maioria desses crimes e agressões.
Nesse sentido, é emblemático o caso de Alfredo Jiménez Mota, repórter do El Imparcial de Sonora. As investigações não tiveram nenhum resultado e as autoridades não demonstram interesse em esclarecê-lo.
O clima de violência gerou uma perigosa autocensura nos meios de comunicação no que se refere à investigação e publicação de assuntos relacionados ao crime organizado.
Em alguns estados, persistem antigas práticas, com governos estaduais e municipais controlando a imprensa independente através da publicidade oficial ou subsídios econômicos.
Infelizmente, em certos casos, os próprios donos das empresas de mídia tornam-se cúmplices ao aceitar essas práticas e trabalhar a favor dos interesses dos que estão no poder.
Outro assunto pendente é o pedido da Sociedade Interamericana de Imprensa para que os crimes ligados à liberdade de expressão sejam assumidos pela jurisdição federal, tipificados como graves e não prescrevam.
Outros fatos importantes são:
Na última semana de outubro, o diretor da revista Semana Ahora, Víctor Rubén Hernández Guerrero, moveu ação contra um empresário local por agressões físicas e ameaças. O incidente ocorreu em um restaurante na Cidade do México onde ele foi atacado por supostas publicações contra o empresário.
Em 29 de novembro, a Suprema Corte do México decidiu por uma escassa maioria que as garantias individuais de Lydia Cacho, quando foi detida em dezembro de 2005 a mando do governador Mario Marin, não foram seriamente violadas. Cacho, que mora e trabalha em Cancún, Quintana Roo, foi presa depois de publicar um livro afirmando que Marin fornecia proteção a uma rede de pedófilos.
Em 8 de dezembro, foi assassinado com 20 tiros o jornalista Gerardo Israel García Pimental, do jornal La Opinión de Michoacán. Cobria o setor de agricultura e ocasionalmente assuntos policiais.
Em 19 de dezembro, um acusado foi condenado a 23 anos de prisão pelo assassinato de Adolfo Sánchez Guzmán, correspondente para a Televisa em Veracruz. Sánchez Guzmán foi morto a tiros em 30 de novembro de 2006. Os incidentes ocorreram depois que o jornalista recebeu ameaças de morte.
Em 7 de janeiro, denunciou-se a perseguição aos jornais Síntesis de Puebla, Hidalgo e Tiaxcala. Os proprietários garantiam que estavam sendo perseguidos através de medidas fiscais pelo Sistema de Administração Tributárias (SAT) e difamações contra o presidente do grupo, Armando Prida Huerta.
Em 9 e 16 de janeiro, Andrés Timoteo Morales, correspondente do estado de Veracruz do jornal La Jornada, foi vítima de dois roubos suspeitos. No primeiro levaram seu laptop e uma memória USB que continha arquivos de investigações realizadas entre 2004 e 2007. Nenhum responsável foi preso.
Em 23 de janeiro, o jornalista Octavio Soto Torres, conhecido em Veracruz por suas críticas às autoridades locais, ficou ferido quando quatro homens armados e mascarados o atacaram em Panuco, Veracruz.
Em 22 de janeiro, o jornalista Edi Daniel López Zacarías foi fisicamente agredido por supostos militantes do PRI, em Unión Juarez, estado de Chiapas.
Nesse mesmo dia, também em Benito Juarez, Chiapas, os repórteres Juan Emilio Carrasco Hernández e Ruth Sansores foram agredidos por membros da campanha de Gregorio Sánchez Martínez, um dos candidatos do PRI nas eleições locais.
Em 27 de janeiro, a jornalista Cecilia Vargas Simón, do jornal La Verdad del Sureste, de Villa Hermosa, Tabasco, recebeu ameaças de morte no seu celular. Você recebeu a mensagem que deixamos na sua casa. Pare de escrever. Não tente descobrir quem somos, disse a voz. Poucas horas antes da chamada, haviam entrado na casa da jornalista, sem roubar nada.
Em 30 de janeiro, o jornalista Carlos Huerta Muñoz, do jornal Norte de Ciudad Juárez, Chihuahua, viu-se obrigado a sair do país depois de receber ameaças de morte. O jornal em que trabalhava decidiu limitar as matérias que publicava sobre tráfico de drogas depois das ameaças recebidas por suas publicações, supostamente vindas do crime organizado. Outros meios locais, como o Diario de Juárez e o Canal 44 receberam ameaças do mesmo tipo.
Encontra-se desaparecido desde 12 de fevereiro no estado de Michoacán o jornalista Mauricio Estrada Zamora, do jornal regional La Opinión de Apatzingán. Suas últimas publicações foram sobre insegurança, entre elas uma reportagem sobre policiais.
Antes disso, em 7 de dezembro, foi seqüestrado também nesse estado Juan Pablo Solís, empresário de rádio e televisão. Seu paradeiro é desconhecido.
Em 5 de fevereiro Francisco Ortiz Monroy, correspondente do jornal nacional El Diario do México, foi assassinado a tiros em Ciudad Camargo, Tamaulipas, quando saía do Palácio Municipal. O crime parece não ter ligação com seu trabalho.
Em 7 de fevereiro foram assassinados Bonifácio Cruz Santiago, diretor do semanário El Real, e seu filho Alfonso Cruz Cruz, chefe de redação do jornal. Os dois esperavam o prefeito de Chimalhuacán, Raymundo Olivares Díaz. Apesar de a PGR ter assumido o caso, os interrogatórios ainda não foram concluídos e se desconhece o móvel do crime.
Em 24 de fevereiro passado, o repórter gráfico Gabriel Hugo Córdova, do jornal Notiver de Veracruz, acusou os Policiais Federais Preventivos de o terem seqüestrado e torturado fisica e psicologicamente durante cinco horas. A entidade moveu ação contra Córdova por desacato a autoridade.
Madrid, Espanha