Canadá

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Neste período, uma decisão importante do Supremo Tribunal afetou de modo positivo a liberdade de imprensa. Em dezembro, em uma sentença aprovada por unanimidade, o Supremo Tribunal do Canadá criou uma nova defesa das “comunicações responsáveis” para os meios de imprensa, rádio e televisão além de blogueiros. A decisão decorreu de audiência relativa a recurso interposto por um grupo de jornais e organizações de imprensa no processo judicial de Cusson versus Quan, em que um jornalista do Ottawa Citizen era processado por difamação. Os jornalistas ganharam uma nova arma contra processos por difamação com a decisão do Supremo Tribunal de admitir o “interesse público” como legítima defesa. O Tribunal decidiu que este tipo de defesa será válido nos casos de apresentação de processo envolvendo notícias sobre algo de interesse público legítimo, supostamente proveniente de fonte confiável, no qual o réu (ou a ré) se comporte de modo responsável. Em consequência, os jornalistas ou blogueiros sob processo por difamação não mais terão que provar ser verdadeira cada alegação por eles noticiada desde que tenham sido tomadas todas as providências apropriadas para confirmação das informações. A sentença determinou que haverá um novo julgamento no processo Cusson além de outro no processo do Toronto Star. Comunicações da recusa de entrada de jornalistas dos Estados Unidos no Canadá para cobertura de protestos relativos às Olimpíadas de Inverno realizadas em Vancouver em fevereiro geraram preocupação em diversos grupos de liberdades civis e na imprensa. Em duas ocasiões distintas, as autoridades canadenses interrogaram e recusaram a entrada de repórteres dos EUA – John Weston Osburn, um jornalista freelancer de Salt Lake City, Utah, e Martin Macias Jr., um colaborador de Vocalo, um canal de notícias on-line afiliado à Chicago Public Radio. John Osburn, associado da organização de notícias IndyMedia, foi interrogado pelas autoridades na fronteira canadense em 10 de fevereiro e mandado de volta devido à uma condenação no passado por contravenção. Martin Macias pretendia participar de uma conferência de imprensa a ser dada por um grupo de críticos dos Jogos, denominado Olympic Resistance Network (Rede de Resistência às Olimpíadas). Houve também preocupações sobre o que foi visto como interferência política no direito do povo canadense de conhecer os atos do governo. A questão envolveu um pedido de Acesso às Informações pela agência de notícias Canadian Press referente a um relatório sobre a carteira de imóveis do departamento de Obras Públicas. Ataques violentos contra pessoas e bens dos meios de notícias na comunidade tâmil no Canadá, observados desde a década de 1990, continuaram com notícias sobre vandalismo em 21 de fevereiro contra as instalações do Uthayan, um jornal que presta serviços aos tâmiles em Scarborough, Ontário. O editor do jornal, Logan Logendralingam, recebeu um telefonema naquela manhã dizendo: “Vá ao seu escritório, há um recado para você”. Ao chegar lá, encontrou a janela de vidro quebrada. Ele acha que o ataque está relacionado a uma reunião recente que alguns tâmiles mantiveram com Mahinda Rajapaska, presidente do Sri Lanka, e realizado por outros tâmiles seus oponentes. Em outra ocorrência que afetou a mídia, sem violar a liberdade de imprensa, em dezembro, a repórter Michelle Lang do Calgary Herald foi morta a desempenhar sua missão no Afeganistão. Ela viajava em um veículo blindado ao sul da cidade de Kandahar quando este foi atingido por um dispositivo explosivo improvisado (IED). Quatro soldados também morreram. Michelle Lang, de 34 anos, estava no Afeganistão há apenas poucas semanas. Ela foi a primeira repórter canadense a morrer naquele país. Um mês antes, Amanda Lindhout, de Calgary, foi libertada após 15 meses de sequestro na Somália. A jornalista freelancer, de 28 anos, disse que foi torturada no cativeiro. A sua família pagou um valor não especificado pelo resgate para a sua liberação.

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