Colômbia

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COLÔMBIA O conflito armado interno que assola o país continua provocando as maiores violações à liberdade de imprensa. Os grupos paramilitares e guerrilheiros criaram um clima de intimidação e violência que impede o livre exercício da profissão. Nos últimos seis meses, 3 jornalistas foram assassinados no exercício de sua profissão; 13 foram ameaçados, sendo que 3 deles saíram do país; 17 foram seqüestrados por grupos guerrilheiros e libertados em seguida. No campo judicial, houve avanços e retrocessos. Houve muitos progressos nas investigações sobre assassinatos de jornalistas da Procuradoria-Geral. Por outro lado, foram absolvidas pessoas acusadas desse crime. Seguem-se, em ordem cronológica, os principais fatos que afetaram a liberdade de imprensa: Outubro: o jornalista Jorge Enrique Botero denuncia censura ao Canal Caracol Televisión, que se negou a transmistir sua reportagem sobre os soldados e policiais seqüestrados pelas FARCs. Entra em funcionamento o Comitê de Proteção a Jornalistas do Ministério do Interior, criado por decreto em agosto de 2000 por iniciativa da SIP. Integram esse comitê a Fundação para a Liberdade de Imprensa, a Associação Nacional e Jornais, a Divisão de Direitos Humanos da Polícia, a vice-presidência e o escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas. Em 13 de outubro, mais de 50 pessoas de Usme, região próxima a Bogotá, tomaram, de forma violenta, o Canal de RCN Televisión. A ação foi feita em protesto por um informe sobre a suposta corrupção do prefeito do local. A ocupação durou um dia e deixou ferido um vigia do Canal. Uma equipe jornalística da Gama Visión, do Equador, foi atacada na fronteira Colômbia-Equador. O jornalista Carlos Bravo e o cinegrafista César Paredes foram interceptados por um grupo armado não identificado que os insultou, confiscou seu material gravado e depois disparou contra eles. O motorista do veículo ficou ferido. Os jornalistas Guillermo Aguilar e Carlos Aristizábal, de uma emissora de Cali, denunciaram ter recebido repetidas ameaças do Eln devido ao serviço que prestaram aos seqüestrados por esse grupo guerrilheiro em seu programa “Voces de Libertad”. Os dois jornalistas foram transferidos para Bogotá com o amparo do Comitê de Proteção a Jornalistas, do Ministério do Interior. Novembro: Em 15 de novembro, foi assassinado em Pivijai, Magdalena, o jornalista Gustavo Ruiz Cantillo, diretor de um noticiário de rádio na emissora Radio Galeón. Sua morte causou consternação, pois Ruiz Cantillo era muito popular. Como se tratava de uma zona de marcada influência paramilitar, acredita-se que esses grupos possam ter sido os autores do crime, ainda que opere também na área a guerrilha das FARCs. O assassinato de Cantillo está nitidamente relacionado a sua profissão. Carlos Armando Uribe, conhecido como o “Professor Yarumo” e um jornalista muito respeitado, que apresentava um programa ecológico na televisão, foi seqüestrado por um grupo do Eln no município de Palocabildo, em Tolima. Uribe foi libertado cinco dias depois. Um juiz de Bogotá condenou a penas entre 45 e 60 anos três homens acusados como autores materiais do assassinato dos investigadores e jornalistas Elsa Alvarado e Mario Calderón, ocorrido em 19 de maio de 1997. A Procuradoria acusou o chefe militar Carlos Castaño de autoria intelectual nessas mortes. Em 30 de novembro, foi assassinado em Florencia, Caquetá, Guillermo León Agudelo, jornalista da emissora Voz de la Selva. O ex-presidente do poderoso sindicato petroleiro, Unión Sindical Obrera, Edilberto Torres Monsalve, foi capturado como suposto autor intelectual do atentado contra o colunista do jornal Vanguardia Liberal, Eduardo Pilonieta, em 14 de junho de 2000. A coluna de Pilonieta tratava de assuntos sindicias e trabalhistas. Dezembro: 15 jornalistas de diversos meios foram seqüestrados por um grupo das FARCs quando iam cobrir o ataque desse grupo guerrilheiro à cidade de Granade Antioquia. Os comunicadores foram libertados três dias depois sem que as FARCs tivessem explicado o motivo de seu seqüestro. A Procuradoria-Geral validou a hipótese de que o jornalista e conhecido humorista Jaime Garzón, assassinado em Bogotá em 1999, tenha sido morto pelos paramilitares. A Procuradoria acusou o chefe das chamadas Autodefesas Unidas da Colômbia, Carlos Castaño, de autor intelectual do crime. O chefe paramilitar afirmou não ter nenhuma relação com o crime. Em 13 de dezembro, foi assassinado em Florencia Caquetá o diretor da emissora La Voz de la Selva, Alfredo Abad, morto a tiros na frente de sua esposa por dois pistoleiros de moto. Abad havia aberto os microfones de sua emissora para o povo, para que opinassem sobre as zonas desmilitarizadas de Caguán, onde o governo negocia com as FARCs. O correspondente da Caracol Televisión, no departamento de Nariño, Winston Viracachá, foi seqüestrado pela guerrilha do Eln, que anunciou que iria julgá-lo por suas informações sobre o conflito armado nessa região. Depois de enérgicos protestos do sindicato dos jornalistas, Viracachá foi libertado, nove dias depois do seqüestro. O jornalista Eduardo Luque, da Radio Caracol, em Florencia Caquetá, denunciou ter recebido ameaças de morte por parte dos paramilitares. A Unidade de Direitos Humanos da Procuradoria formalizou os vínculos do sacerdote e duas vezes prefeito de Barranquilla, Bernardo Hoyos, à morte do jornalista Carlos Lajud Catalan, assassinado em março de 1993. A Procuradoria encontrou motivos para abrir investigação contra Hoyos, mas não emitiu mandado de prisão por insuficiência de provas. Hoyos continua ligado à investigação. Três pessoas que haviam sido acusadas do assassinato do jornalista Nelson Carvajal, ocorrido em abril de 1998, foram absolvidas por um tribunal de Neiva, Huila. A decisão foi questionada pela Procuradoria, que havia pedido sentença condenatória por esse crime, motivado pelas denúncias de Carvajal sobre a corrupção política nessa região. Janeiro de 2001: Durante esse mês, saíram do país devido a ameaças de morte a famosa apresentadora de televisão, Claudia Gurisatti; a jornalista da Câmara de Deputados, Martha Patricia Mora, e o jornalista da Caracol, Álvaro Dussán, que denunciou ameaças das FARCs e foi incluído no plano de testemunhas da Procuradoria. O procurador-geral afirmou que as FARCs tinham planos de assassinar Claudia Gurisatti. Fevereiro: A colunista do jornal El Nuevo Día, de Ibagué, Blanca Marina Toros, denunciou ter recebido ameaças de morte. Depois de um confuso incidente na cidade de Cali, no qual um policial recebeu ferimentos a bala, o correspondente da Univisión na Colômbia, Raúl Benoit, denunciou um atentado a sua vida. A Procuradoria investigou o ocorrido e chegou à conclusão de que se tratara de um acidente de trânsito. O jornalista Jorge Enrique Botero, que havia feito um programa não transmitido sobre os soldados e policiais seqüestrados pelas FARCs, recebeu proteção do Comitê de Proteção a Jornalistas do Ministério do Interior. Botero denunciou ameaças dos militares. Seis comunicadores de diversos meios que trabalham no departamento de Cauca foram publicamente ameaçados em um comunicado das Autodefesas Unidas da Colômbia por serem supostos simpatizantes da guerrilha. A correspondente da Caracol Radio no departamento de Arauca, Soraida Ariza Mateus, foi vítima de um atentado com explosivos a sua casa. Ariza havia transmitido, em 22 de fevereiro, um informe sobre distúrbios à ordem pública nessa região por parte do Eln. Em seu informe anual sobre a situação dos direitos humanos na Colômbia, o Departamento de Estado dos Estados Unidos afirmou que os jornalistas colombianos trabalham em um clima de ameaças e intimidação, criado principalmente pelos grupos paramilitares e pela guerrilha. Segundo Washington, muitos jornalistas colombianos praticam a autocensura para evitar represálias. O Tribunal Contencioso Administrativo condenou a Nação a indenizar com dois mil gramas de ouro a família do jornalista Manuel José Martínez, assassinado em Popayán em setembro de 1993. O veredicto responsabilizou o Ministério da Defesa e o Exército Nacional porque o crime foi cometido por dois informantes do Batalhão Militar de Popayán e as armas utilizadas estavam sob custódia desse Batalhão. Os autores materiais da morte de Martínez foram posteriormente assassinados. Não foram identificados os autores intelectuais.

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