El Salvador

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EL SALVADOR Aos nove meses da administração do presidente Francisco Flores, sua relação com os meios informativos melhorou em comparação com o afastamento que manteve no início de sua administração. Entretanto, o presidente ainda mantém uma prudente distância dos jornalistas e somente emite declarações durante conferências organizadas por seu secretário de Informação e sobre temas específicos. O governante determinou que os membros de seu gabinete deverão abordar os temas que correspondem à especialidade das pastas que dirigem. Deve-se admitir, entretanto, que a informação oficial torna-se cada vez mais fluida, graças à ajuda de funcionários que servem como intermediários. Além disso, o governante Flores mantém uma relação respeitosa com os jornalistas. Apesar disso, ainda prevalece o sigilo oficial sobre alguns temas de interesse público, tais como os procedimentos seguidos em algumas licitações do Estado. Nos novos Códigos Penal e de Procedimentos Penais, continuam em vigor normas que impedem o acesso dos jornalistas a certas fases dos processos judiciais. O argumento principal baseia-se no princípio de "pressuposição de inocência" dos acusados. Apesar disso, os jornalistas salvadorenhos têm desempenhado um papel importante de fiscalização das resoluções judiciais marcadas pela corrupção, a ignorância e o dolo. Esse papel obrigou a Corte Suprema de Justiça e a Promotoria Geral da República a revisarem as atuações de muitos administradores de justiça. Por outro lado, o Código de Menores proíbe os meios de publicarem fotografias de menores de idade, assim como seus nomes completos e outros traços de identificação, independentemente da periculosidade dos chamados "menores infratores". O programa radiofônico de opinião "Conexão com a Verdade" foi suspenso. Um primeiro relatório da diretoria da rádio, a qual é associada ao Estado Maior das Forças Armadas, usou a expressão "ordens da Presidência". O jornalista Edwin Góngora, responsável pelo programa na qualidade de concessionário do espaço, relata que sem aviso prévio seu programa foi suspenso e que foi proibido o acesso à cabine de transmissão. Acrescentou que, ao pedir explicações à diretora da rádio, esta lhe respondeu que se tratavam de “ordens da Presidência”. Carlos Rosales, secretário de Informação da Presidência da República, requisitou a Góngora que negasse que a ordem tivesse partido de seu gabinete. Góngora acredita que a suspensão de seu programa foi resultado de "uma decisão abrupta da diretora". Acrescenta, entretanto, que o espaço não lhe será devolvido e que será concedido a outros jornalistas. El Diario de Hoy publicou, em outubro passado, uma ampla investigação jornalística por meio da qual demonstrou-se que vários cassinos que operam em San Salvador são propriedade de: a) uma organização de apoio ao terrorismo; b) ex-chefe de inteligência do Exército de Honduras, Leonidas Torres Arias, investigado na década de 80 pelo Congresso dos Estados Unidos por supostas conexões com o narcotráfico internacional e o tráfego de armas; c) um alemão vinculado com mafiosos alemães, expulso de Costa Rica e investigado, nos anos 80, pela Polícia Internacional (INTERPOL). Como reação às publicações, o Congresso salvadorenho ordenou a proibição de abertura de cassinos pelos municípios enquanto os partidos políticos anunciaram um acordo para fechá-los quando acabassem as licenças outorgadas para seu funcionamento. De comum acordo com os outros proprietários de cassinos, o coronel Leonidas Torres Arias decidiu processar o diretor do El Diario de Hoy, Enrique Altamirano, e o diretor-geral, Lafitte Fernández. A acusação não constitui um desafio a esse jornal, pois as denúncias estão amplamente comprovadas nos arquivos oficiais dos Estados Unidos. O que realmente preocupa os responsáveis do jornal são alguns fatos referentes ao processo. Um deles é que a ação penal foi ingressada por advogados suspensos pela Corte Suprema de Justiça de El Salvador por seus vínculos com grupos de mafiosos e narcotraficantes e existem também algumas evidências de que tentaram subornar funcionários judiciais para atenderem seus requerimentos judiciais. Este último fato foi comunicado ao presidente da Corte Suprema de Justiça. Em El Salvador é realizada, desde 15 de novembro de 1999, uma greve de médicos e de trabalhadores do Instituto de Seguro Social que se converteu em um verdadeiro drama para os que contam com o sistema de saúde. Com o decorrer do tempo, as relações entre jornalistas e líderes sindicais pioraram. Em diversas oportunidades ocorreram choques verbais. Mais recentemente, fotógrafos do El Diario de Hoy, La Prensa Gráfica e do Canal 12 de televisão foram agredidos em hospitais da capital enquanto cumpriam suas tarefas profissionais. Com o desenvolvimento dessa greve, em 6 de março, houve um confronto entre a polícia salvadorenha e um grupo de grevistas que interrompeu o trânsito de veículos por uma das principais ruas de San Salvador. No encontro foi ferido em suas pernas, com balas de borracha, o fotógrafo do jornal El Mundo, Walter Santos. Um policial disparou contra ele, a menos de três metros de distância, enquanto Santos, plenamente identificado como repórter-fotográfico, cumpria suas tarefas. A Polícia Nacional Civil de El Salvador ordenou uma investigação sobre o fato depois que vários jornalistas que se reuniam em meio da violência identificaram a autoridade que feriu o repórter.

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