MÉXICO
A liberdade de imprensa se viu afetada nos últimos seis meses por 3 assassinatos, 4 seqüestros, 20 agressões e 3 ameaças de morte. Em 15 de julho, Benjamín Flores González, proprietário e diretor do La Prensa, de San Luis Río Colorado, Sonora, foi assassinado na porta de seu jornal. Uma das quatro
pessoas disparou contra ele 30 tiros de metralhadora AK 47. Depois, o assassino pegou uma pistola do veículo em que viajava e deu dois tiros na cabeça da vitima. No momento do assassinato, a modesta publicação que se caracterizava por suas corajosas denúncias, festejava seu quinto aniversário.
Flores aparece em relatórios anteriores da SIP por ter sido preso pela acusação de um funcionário público a quem havia acusado de fraude.
No caso, acusou-se Luis Enrique Rincón Muro de ter disparado a arma, ajudado por Vidal Zamora Lara, Carlos Pacheco García e José Francisco Benavides Avila, que foram detidos.
Suspeita-se que as autoridades que investigam o caso confundiram intencionalmente as investigações, ao não revelarem a presença de Carlos Pacheco García, apelidado "Román", que é apontado por um dos cúmplices, como aquele que disparou contra o jornalista e continua livre.
Em 20 de maio, Abel Bueno León, diretor do semanário La Crónica de Chilpancingo, em Guerrero, foi assassinado com um tiro na cabeça depois de ser torturado por seus agressores.
Em 26 de julho, Víctor Hernández Martínez, jornalista da Revista Cómo, da Cidade do México, morreu depois de ter sido agredido por desconhecidos um dia antes. Em ambos os casos as autoridades têm as investigações interrompidas e se desconhece a identidade dos agressores, assim como os motivos.
Cuauhtémoc Ornelas Campos, editor da revista Alcance, de Torreón, Coahuila, continua desaparecido desde 4 de outubro de 1995 e as investigações não avançaram.
Nos últimos nove anos, 21 jornalistas foram assassinados no México; 14 foram seqüestrados e mais de 288 foram agredidos fisicamente. Continuam impunes os assassinatos de Héctor "EI Gato" Félix Miranda e Víctor Manuel Oropeza Contreras.
Uma escalada de agressões contra a imprensa da capital se desencadeou com três crimes em que policiais parecem estar envolvidos.
Em 25 de agosto, David Vicenteno, repórter do jornal Reforma, da Cidade do México, foi seqüestrado, agredido e ameaçado de morte por realizar investigações sobre o desaparecimento de um agente judicial a quem algumas fontes identificavam como o sósia do suposto narcotraficante Amado Carrillo Fuentes.
Em 5 de setembro, agressores interceptaram Daniel Lizárraga, do Reforma, depois dele entrevistar parentes de funcionários da Procuradoria Geral da República envolvidos no tráfico de cocaína em aviões deste órgão. Os investigadores interrogaram o comunicador sobre assuntos que o Reforma não publicou ainda, mas que investiga.
Em 15 de setembro, Ernesto Madrid e René Solorio, repórteres da TV Azteca, foram seqüestrados e agredidos fisicamente por quatro desconhecidos que questionavam o que estiveram publicando em reportagens contra a delinqüência organizada da Cidade do México.
Em 8 de abril, Néstor Olivares Medina, fotógrafo do jornal La Jornada, da Cidade do México, foi agredido por comerciantes ambulantes ao tirar fotos de um despejo policial do qual eram objeto os mesmos agressores.
Em 11 de abril, em Guadalajara, ]alisco, Salvador Chávez Calderón, repórter da TV 4 de Televisa, foi detido e agredido por policiais municipais quando cobria um assalto e a detenção de reféns em uma casa comercial.
Em 15 de abril, Francisco López Vargas, colaborador do EI Sur, de Campeche, foi agredido por Alvaro dei Carmen Arceo Concuera, que foi juiz civil e secretário geral do Governo do Estado, ao tentar entrevistar Layda Sansores, candidata ao governo de Campeche pelo partido político de oposição PRD.
Arceo Concuera, que ocupou cargos de voto popular pelo partido oficial PRI e atualmente é do PRD, foi denunciado por utilizar um jornal de seu irmão para agredir e ofender aqueles que não partilhem de suas idéias.
Em 14 de maio, três homens com pistolas de grosso calibre agrediram o pessoai do El Sur, de Campeche, para que interrompam sua linha crítica. Foram agredidos Victoria Heredia Chávez, César Cortez Toroya, Estela Escalante Dzib e Dalia Aldana González, editores e auxiliares de redação, assim
como Candelario Coyoc Ramírez e Lucy Maribel Chihi, de circulação e ]avier Flores Cruz, vigia.
Em 22 de maio, em Chihuahua, Chihuahua, cinco repórteres fotográficos foram agredidos por agentes da Segurança Pública Municipal ao tirarem fotos de um despejo violento de vários indígenas tarahumaras.
Em 5 de junho, na cidade de Puebla, Hugo Meza e Fernando Corro Rosas, repórter e cinegrafista do Telecable, foram agredidos por guardas municipais ao filmar um despejo na praça central da localidade.
Em 31 de julho, cinco repórteres de Culiacán, Sinaloa, foram agredidos fisicamente e ameaçados de morte por agentes da Polícia]udicial do Estado ao tentar obter informações sobre a detenção de dois agentes federais e dois pseudo-agentes que tentaram extorquir uma pessoa. Os agredidos foram Rafael
]iménez e Leobardo Espinoza, do EI Debate; Georgina Calderón Gill, correspondente da Televisa; Manuel Salas e Moisés ]uaréz, do Noroeste.
Em 3 de setembro, na praça central da Cidade do México, o fotógrafo Raúl Urbina foi agredido por elementos da Segurança Pública quando cobria o despejo de um grupo de integrantes da Assembléia Cidadã de Devedores Bancários. Os fatos ocorreram ao mesmo tempo que o presidente Zedillo tinha uma reunião com uma comissão da SIP para tratar do tema das agressões a jornalistas mexicanos.
Quanto às ameaças, em 31 de março em Chilpancingo, Guerrero, foi seqüestrada a filha de Miguel Cervantes Gómez, jornaiista de vários noticiários da rádio do Estado, que foi liberada sã e salva quatro horas mais tarde. Quinze dias depois, Cervantes Gómez denunciou ameaças de morte por desconhecidos
que desejam que deixe de investigar homicídios onde os responsáveis supostamente foram funcionários de alto nível do governo de Rubén Figueroa Alcocer.
Em 29 de maio, Martín Alberto Mendoza, editor do Tribuna dei Yaqui, da Ciudad Obregón, Sonora, foi ameaçado de morte por um suposto ladrão de carros da localidade por escrever sobre oficinas de desmonte de carros furtados. Dois dias depois, na madrugada, indivíduos não identificados dispararam contra a residência de Mendoza com a intenção de intimidá-lo e para que desista da ação existente contra quem o ameaçara.
Em 4 de agosto, María Idalia Gómez, repórter do El Economista, da Cidade do México, foi citada pela Procuradoria Geral da República sem explicações. Durante mais de cinco horas, foi interrogada sobre uma reportagem publicada em junho deste ano sobre Raúl Salinas, para que revelasse suas fontes
e declarasse frente a um juiz, já que negou-se a fornecer tais informações.
Em 7 e 20 de março, os governadores Manlio Fabio Beltrones, de Sonora, e Jorge Carrillo Olea, de Morelos, apresentaram queixas por difamação devido à uma reportagem no The New York Times onde
os envolviam com o narcotráfico.
Beltrones Rivera apresentou a queixa na capital do país contra aqueles que foram considerados responsáveis, enquanto Carrillo Olea o fez no estado de Morelos contra os repórteres Sam Dillon e Craig Pyles.
A apresentação das denúncias no México foi interpretada pela associação jornalística como uma intimidação contra a imprensa e disseram que o assunto deveria ter sido tratado nos tribunais norteamericanos e não no México.
Em 17 de julho, Héctor Sánchez de la Madrid, diretor do El Diario de Colima, foi processado legalmente e perseguido por um funcionário de alto nível estatal por denunciar má administração na Universidade de Colima quando este era reitor. Atualmente Sánchez de la Madrid solicitou a proteção
de um tribunal federal para que sejam respeitadas suas garantias constitucionais frente a tal processo
legal.
Sobre outros fatos importantes neste período, em 16 de julho, diretores do El Momento, de San Luis Potosí, foram despedidos por ordem do procurador mexicano Jorge Madrazo Cuéllar, por publicar em 5 de julho o resultado de uma pesquisa de opinião sobre as eleições locais que se realizariam um dia
depois. A decisão foi adotada porque tal conduta está proibida segundo a legislação eleitoral federal e local.
Em 10 de agosto, o semanário Vertical, de Matamoros, Tamulipas, foi vítima de um atentado quando desconhecidos atiraram uma bomba molotov contra o edifício, incendiaram os arquivos e agrediram o colunista Melquiadez Pérez, em clara represália por sua linha noticiosa.
Em 3 de setembro, na Cidade do México, uma comissão da SIP manteve reuniões com o presidente Ernesto Zedillo, o secretário do governo, Emilio Chuayffet e o procurador geral da República, Jorge Madrazo Cuéllar, onde discutiu-se sobre o desenvolvimento das investigações sobre a morte de dois jornalistas. A SIP solicitou o esclarecimento das mortes dos jornalistas mexicanos Héctor "EI Gato" Félix Miranda (1988), do semanário Zeta de Tijuana, Baja California e de Víctor Manuel Oropeza
Contreras (1991), do El Diario de Juárez da Ciudad Juárez, Chihuahua.
Quanto às disposições oficiais, em 23 de abril, a facção parlamentar do Partido Revolucionário Institucional do governo decidiu que a atual Câmara dos Deputados não legislará em assuntos de meios de comunicação nem regulamentará o direito à informação por considerar que poderia atentarse contra a liberdade de expressão.
Dias antes, estes deputados anunciaram a apresentação de um anteprojeto de lei mediante o qual nenhum jornalista nacional ou estrangeiro credenciado pela fonte política da Câmara dos Deputados poderia revelar o conteúdo dos assuntos ou conversas confidenciais que se produzam neste recinto legislativo.
Madrid, Espanha