Durante este período, a situação da liberdade de imprensa na Guatemala não registrou ocorrências violentas, embora persistam ameaças isoladas contra jornalistas, principalmente no interior do país. Enquanto isso, o governo central mantém a sua política de usar a publicidade governamental para castigar os meios de comunicação que o criticam, principalmente a imprensa escrita.
O país se encontra a poucos meses de iniciar um novo processo eleitoral, no qual sempre surgem ataques e críticas dos funcionários do governo contra a imprensa. Espera-se que haverá uma maior confrontação, pelas críticas que diferentes setores estão fazendo dos programas sociais da primeira dama, a única pré-candidata do partido oficial.
Embora não haja aumento do enfrentamento entre a imprensa e o governo, continua a prática de utilizar os meios oficiais e os espaços na televisão aberta para desmentir colunistas e jornalistas. O presidente Álvaro Colom e funcionários, como o prefeito da capital e ex-presidente Álvaro Arzú, sempre confrontam e desacreditam a mídia.
No início deste ano, o prefeito Arzú realizou uma campanha com volantes publicando mentiras, para indispor a população contra os jornais que denunciavam atos de corrupção na adjudicação dos transportes públicos. O presidente, o prefeito e outros funcionários utilizam o espaço que a televisão aberta lhes dá para desmentir ou desacreditar informações publicadas pela imprensa escrita.
O caso mais recente foi o do diretor do programa de opinião na televisão Libre Encuentro, o empresário Dionicio Gutiérrez, crítico da atual administração. Em um encontro de empresários em outubro, onde estava o presidente e sua esposa, ele destacou os erros do atual governo. Poucos dias depois anunciou a sua saída do programa, entre outras coisas, pelo aumento da perseguição e intimidação, e por haver recebido ameaças de morte.
O jornalista Marvin del Cid, da seção de investigações de elperiódico, recebeu ameaças de morte e sua residência foi assaltada duas vezes por pessoas que roubaram seus computadores e documentos das investigações que realizava, sem que as autoridades tenham até agora encontrado os culpados.
Muitos dos correspondentes de imprensa do interior do país, principalmente em algumas zonas onde há forte presença de narcotraficantes, sofrem ameaças se cobrem noticias de apreensão de drogas ou de enfrentamentos armados entre os cartéis e as forças armadas.
Há casos de abusos, nos quais os funcionários recorrem à Lei de Acesso às Informações para atrasar a entrega de informações a jornalistas, apesar de a Constituição destacar que o acesso às fontes de informação é livre e nenhuma autoridade poderá limitar este direito.
Madrid, Espanha