Haiti

Aa
$.-
Este período se caracterizou pelo número elevado de agressões contra os jornalistas pela tensão gerada no processo eleitoral que se estendeu de 7 de dezembro até 20 de março, quando ocorreu o segundo turno. Em 7 de dezembro de 2010, enquanto distúrbios sacudiam o país depois do anúncio dos resultados das eleições gerais, diversos jornalistas e funcionários da mídia foram atacados por partidários do candidato presidencial Michel Martelly, vencedor do segundo turno eleitoral. No dia 9 de dezembro, marcado pela violência crescente em Port-au-Prince, Esther Dorestal, da estação privada Radio Metropole, foi agredida por jovens simpatizantes de Michel Martelly, quando se dirigia para o trabalho em uma moto-táxi. No mesmo dia, os supostos manifestantes roubaram a jornalista Patricia Cerezo, da Radio Galaxy, em frente à antiga sede do Conselho Eleitoral Provisório. Também foi registrada a agressão de um operador de câmera da agência on-line Haiti Press Network, após ser identificado em frente ao Palácio Nacional e acusado de colocar o poder em risco. A agência britânica Reuters, por outro lado, informou sobre o roubo praticado contra um de seus jornalistas. Em 9 de março de 2011, o correspondente da Reuters e secretário geral da associação local SOS Jornalistas, Guyler C. Delva Analizar, foi espancado por agentes encarregados da vigilância do Centro de Convenções Karibe, sede do debate público entre Mirlande Manigat e Michel Martelly, candidatos à sucessão do presidente René Preval. O jornalista apresentou a sua identificação de membro da imprensa aos agentes, mas eles lhe negaram o acesso à sala do debate. Houve uma discussão entre Guyler C. Delva e os guardas de segurança, terminando pela agressão do jornalista na frente de outros colegas. Delva apresentou denúncia contra seus agressores a um tribunal civil de Port-au-Prince. Nesse mesmo dia, depois do debate televisado, o candidato presidencial Michel Martelly advertiu explicitamente o jornalista Gotson Pierre sobre possíveis represálias “na rua” depois que o jornalista e editor da agência on-line Alter Presse lhe interrogou sobre suas falências imobiliárias no estado norte-americano da Flórida. Estas ameaças lembram a violência sofrida por vários jornalistas durante as manifestações a favor do candidato um dia após a publicação dos resultados preliminares do primeiro turno em 7 de dezembro. Em 20 de março de 2011, o correspondente da Radio Kiskeya na Ilha de Gonâve, Jean Preston Toussaint, foi assaltado por supostos membros do partido INITE, segundo informou a estação. Continua a haver certa tensão na ilha, onde homens armados abriram fogo contra as seções eleitorais. Em 28 de março de 2011, Patrick Moussignac, presidente e diretor geral da Radio Télévision Caraïbes (RTVC), além de responsável por outros meios de comunicação em Port-au-Prince, solicitou formalmente a proteção da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH) para o pessoal e as instalações dessa mídia, com base nas ameaças de morte e sabotagem recebidas desde o início da campanha partidária que culminou com o segundo turno das eleições presidenciais e legislativas realizadas em 20 de março. Moussignac, em carta ao chefe da missão da ONU, Edmond Mulet, afirmou que as ameaças foram contra as instalações da RTVC em Port-au-Prince, o edifício localizado em Petion-Ville onde funcionam várias estações de rádio sob sua responsabilidade e o local onde estão os transmissores dessas estações em Boutilliers. O diretor geral da RTVC considera que são constantes os boatos de riscos de ataques, além das chamadas telefônicas com ameaças anônimas. A RTVC foi considerada como "mídia inimiga" em pelo menos dois atos públicos do candidato presidencial Martelly. Seus partidários acusam a RTVC de não aceitar a transmissão de anúncios de campanha de seu candidato, embora transmitisse os da sua rival Mirlande Manigat.

Compartilhar

0