Haiti

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As condições de trabalho para os jornalistas e meios de comunicação continuam deploráveis, embora, segundo organizações internacionais, observem-se algumas melhoras e esforços para combater a violência contra os jornalistas. Com a chegada à presidência de Michel Martelly, em 14 de maio, após as turbulentas eleições presidenciais, registraram-se alguns incidentes violentos contra a imprensa nos últimos meses. Entre os fatos relevantes deste período destacam-seos seguintes: Em8 de abril, cinco jornalistas, Jacques Innocent, Guemsly Saint-Preux, Stéphane Cadet, Josias Pierree o ex-editor chefe Eddy Jackson Alexis, foram despedidos da estatal Télévision Nationale d’Haïti (TNH). Os jornalistas afirmaram que foram despedidos, dias após a visita do presidente Michel Martelly à estação, por sua postura política desfavorável ao chefe de Estado. Enquanto isso, o diretor geral da cadeia de comunicações, Pradel Henriquez, afirmou que se tratava de uma campanha dos jornalistas contra o presidente. Henriquez acusou os jornalistas Pierre e Alexis de difamação, crime para o qual a legislação haitiana estabelece penas de prisão. Em 21 de abril, foi incendiada a estação de rádio comunitária Tèt Ansanm Karis, em Carice, no nordeste do Haiti. Este ato foi atribuído a partidários do ex-deputado do partido INITE, Jean Berthold Bastien, derrotado nas eleições gerais de 20 de março. Não consta que houve feridos, mas o equipamento da estação foi totalmente destruído. Em2 de maio, a organização SOS Journalistes, informou que os jornalistas Jean-Claude Dumény e Patrick Jeune, da região central do Haiti, passaram à clandestinidade devido a ameaças de morte. Culparam os jornalistas de divulgar reportagens desfavoráveis sobre alguns candidatos que participaram nas eleições. Em 22 de maio, os jornalistas Eric Julien, Elmuller Janvier e Lesny Jean, de Gonaïves, sofreram maus tratos de agentes policiais que lhes impediram de realizar seu trabalho durante uma visita do presidente Martelly a esta cidade. Os três jornalistas foram empurrados e golpeados por um policial. Em 22 de junho, os jornalistas Ernst Joseph e Wolf “Duralph” François, apresentadores de um programa na Radio Prévention, em Petit-Goâve, no sudoeste do país, foram presos pelas autoridades e acusados de difamação, desordem pública e danos à propriedade pública. Joseph, dono da Rádio Prévention,e François foram intimados para comparecer em juízo,após uma petição firmada por funcionários, entre os quais o prefeito da cidade, Justal Ronald, e membros da sociedade civil, para responder perguntas relativas a informações e opiniões divulgadas nas suas transmissões. Dois grupos de simpatizantes, um a favor dos jornalistas e o outro de seguidores do prefeito, se enfrentaram em frente ao tribunal, jogaram pedras contra as instalações da Corte, causando ferimentos em várias pessoas. Embora no momento deste distúrbio os dois jornalistas estivessem em seu escritório, foi ordenada a sua detenção. Nesse mesmo dia, por causa do lançamento do diário Magic Haiti, o presidente Martelly disse que: “Continuo positivo, creio que estamos diante de uma oportunidade e aqueles que não estão de acordo, no mínimo que se calem. Quem já fracassou, explorou a miséria e os pontos fracos do Haiti, que se cale e dê oportunidade aos jovens profissionais que vêm do estrangeiro ou aos que andam pelas ruas em busca de oportunidades”, referindo-se aos jornalistas que considera sensacionalistas. Em28 de julho, agentes de segurança a serviço do presidente Martelly atacaram jornalistas que cobriam a visita do mandatário à cidade de Jacmel, como parte da comemoração da semana do turismo no Haiti. Também em julho, soube-se que alguns meios de comunicação fazem parte de uma lista de entidades que, segundo parece, serão objeto da atenção e vigilância do Serviço de Inteligência do presidente Martelly, caso ele consiga o seu intento de formar um novo exército. Em 3 de outubro, o presidente Martelly insultou e ameaçou o jornalista Germain Etienne, da emissora Scoop FM, que o interrogou sobre o processo de constituição do Conselho Superior do Poder Judicial (CSPJ). Dias mais tarde, Martelly declarou que não pretende pedir desculpas à imprensa. “Não gostei de como fui abordado, respondi e assunto encerrado”, declarou Martelly em resposta à solicitação de associações dos meios de comunicação e de jornalistas que exigiram um pedido público de desculpas.

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