O sequestro e o assassinato de um editor de revista e produtor de televisão, em agosto, e vários casos de ameaças e interferências no trabalho dos jornalistas obscureceram o clima de liberdade de imprensa que prevalece no país nestes últimos anos.
Em 2 de agosto, indivíduos armados, logo identificados como membros do chamado "cartel do leste" das drogas, sequestraram e executaram a tiros o jornalista José Agustín Silvestre, editor da revista La Voz de la Verdad, publicada em La Romana, em ocorrência atribuída à luta entre dois grupos que disputam o controle do narcotráfico nesta região.
As autoridades esclareceram prontamente o crime, prendendo os autores materiais e identificando Matías Avelino Castro, por ora foragido, como suposto autor intelectual.
O jornalista José Silvestre se destacou por suas denúncias das operações dos narcotraficantes na região leste. Na véspera do crime, ele anunciou que revelaria na próxima edição os supostos culpados de um duplo assassinato ocorrido em La Romana. O Ministério Público informou que esta pessoa recebia dinheiro dos narcotraficantes.
Semanas antes, o comunicador tinha sido encarcerado por ordem de um tribunal após ação judicial por difamação e injúria contra ele, interposta pelo procurador geral de La Romana, que lhe acusou de estar em conluio com pessoas ligadas ao narcotráfico.
Dos cinco detidos, um morreu na cadeia em circunstâncias ainda não esclarecidas até agora.
Em setembro, um tribunal dominicano emitiu sentença em mandado de segurança a favor da jornalista de investigação Nuria Piera, ordenando ao atual superintendente de seguros e alto dirigente do partido do governo, Euclides Gutiérrez Félix, que se abstenha de prosseguir na sua tentativa de submetê-la à justiça, junto com as empresas comerciais patrocinadoras de seu programa, sob a acusação de difamação e injúria.
O tribunal ordenou ao funcionário que pedisse desculpas aos anunciantes pela intimação feita contra eles, tendo em vista que nenhuma legislação vigente reconhece o princípio de cumplicidade ou solidariedade de terceiros por delitos deste tipo.
O caso, entretanto, abriu um amplo debate sobre a liberdade de imprensa, a partir da denúncia formal de um grupo numeroso de jornalistas com base no fato de que altos funcionários do governo pressionavam diversos meios de comunicação para impedir a publicação de críticas a várias decisões governamentais. Apesar disso, os principais diários fizeram editoriais sobre o tema, negando essas pressões e atestando a existência de um clima de respeito geral à liberdade de imprensa.
Em San Diego, houve denúncias sobre reclamações de diversos jornalistas independentes que enfrentaram ameaças ou interferências por cidadãos e alguns agentes policiais quando no cumprimento de suas obrigações na cobertura de julgamentos, protestos populares ou outras atividades públicas.
Por outro lado, os meios de comunicação continuam esperando que o Congresso Nacional examine cinco novos códigos sobre as comunicações e prováveis emendas à Lei de Acesso às Informações Públicas capazes de afetar o nível de restrições às informações ou dados considerados como de interesse da segurança nacional.
Madrid, Espanha