Neste período aumentaram os casos de agressões, ameaças ouaçõesjudiciais contra cerca de trintarepórtereseprodutores de programas de rádio e televisão por parte de cidadãoscivise agentes da polícia.
Alguns destes episódios ocorreram no decorrer da campanhaeleitoral presidencial para 20 de maio, sendo um dos mais relevantes a operação militar e judicial empreendida no início de fevereiro contra o jornal digital Siglo21.com, cujo proprietário, o comentarista de televisão Guillermo Gómez,e um de seus filhos foram submetidos a investigações por denúncias de que em sua residência e no seu escritório particular - ambos invadidos por batidas de agentes policiais - "hackeavam" e-mails, contas bancáriaseoutros documentos privados de altas figuras do governo e do setor empresarial paradivulgar informações falsas ou manipuladas. Pouco depois da operação, ojornalista Gómez e seu filho foram postos em liberdade sem que até o tenham sido responsabilizados por àviolação dasleis que punemo crime cibernético.
O servidor doSiglo21.com foi desativado nessas batidas policiais, retirando temporariamente o jornal da Internet. O jornal digital havia anunciado que divulgaria umasérie de dezreportagens sobre supostos atos de corrupçãodogoverno, das quais somente três foram publicadas. O jornal retomou suas operações após recolocar em funcionamento o seu servidor e suas equipes de digitação.
A primeira dama, Margarita Cedeño de Fernández, candidata vice-presidencial pelo Partido daLiberación Dominicana (PLD), processou judicialmenteo comentarista de televisão Marcos Martínez, do canal 55, Teleuniverso, da cidade de Santiago, acusando-o de falsificação de documentos apósojornalista revelar que a primeira dama possuíacontas bancárias com 43 milhões de euros em bancos europeus. O Banco da Dinamarca (Danske Bank) negou a existência destas contas em seus registros. A procuradoria geral de Santiago interrogouo comentarista de televisão, mas até o momento não se abriu inquérito judicialcontra ele. No final de março, o comentarista denunciou que seu programa havia sido retirado do canal de televisão por pressõesdo Governo, mas a direçãodo canal disse que a transmissão foi suspensa porque seu produtor deixou de realizá-lo ao vivo por mais de uma semana.
Ao longo da campanhaeleitoral, váriosjornalistasdenunciaramhumilhações praticadas por membros da segurança de alguns candidatos enquanto faziam a cobertura de suas atividades públicas. A repórter Ileana Rosario, doTelemicro, canal 5, disse que lhe deram um soco no estômago durante uma discussãoentre membros da segurançada candidata vice-presidencial do PLD e militantes deste partido na Arena doCibao, antes de começar o ato de proclamação de sua candidatura. Ajornalista disse que precisou ser internada em um hospital por várias horas pelas lesões sofridas.
Outro repórter, Edmundo Ledesma, do Canal 16, denunciou que foihumilhado por membros da segurançado ex-presidente Hipólito Mejía, candidato presidencial do Partido Revolucionario Dominicano (PRD) da oposição, em um ato político. Um vídeo que registra a humilhaçãoficouvários dias sem divulgaçãopelo noticiário SIN do Canal 7, onde or epórter responsável por sua edição, Gilbert Guzmán, renuncioudepois ao seu cargo em protesto contra a censura. Acusou os dirigentes do jornal de ordenarem o adiamento da exibição do vídeo e disse que não aceitava colocar em jogo a sua credibilidade face a este ato de censura.
Johanna Pérez, do mesmo Canal 16, denunciou que membrosdasegurançado ex-presidente Mejía a agrediram física e verbalmente e lhe retiraram o microfone durante uma tentativa de entrevistar o candidato em um clube privado de Santo Domingo.
Emjaneiro deste ano, Anthony Cordero, repórterdo canal 29 de Santiago, denunciou que foiagredido brutalmente por membrosda UnidadeAntinarcóticos da Polícia quando filmava uma operação antidrogas. Em outroacontecimento semelhante, ojornalista Paul Menguis, correspondente doTelemicro Canal 5 emBarahona, denunciou que foi agredido pelo chefe do Departamento de Investigações Criminais da Polícia nessa cidade, quando cobria detalhes sobre o assassinato de umex-major desse órgão.
Emfevereiro, uma oficialda Força Aérea Dominicana agrediu o rosto do repórter Franklin Guerrero, criador da seçãoFotocrónica de um popular programa de televisão, porque, durante uma audiência judicial, eleestava fotografando umirmão da oficial acusado de ser um falso cirurgião. Posteriormente, a oficial se desculpou perante o comunicador.
OjornalistaJhonny Alberto Salazar, que produz um programa de rádionacidade de Nagua, no leste do país, foi condenado por um tribunal a pagar um milhão de pesos dominicanos, acusado de difamação e injúria por umadvogado dessa cidade. Durante o julgamento, a juíza titular impediu a entrada dos jornalistas, o que gerou protestos generalizados dos meios de comunicaçãodo país.
Emmarço, alegandoinsuficiência de provas,o Primeiro Tribunal Colegiado do Distrito Judicial de Santiago liberouos três acusados doassassinatodooperador de câmara e produtor de televisão Normando García, apelidado de Azabache, ocorrido em7 de agosto de 2008, quando ele conversava com um motorista de táxi. O ministério público expressou imediatamente seu desacordo com essa medida e anunciou que entraria com recurso, para evitar que esta morte fique impune.
No início deste mês, a Corte Interamericana de Direitos Humanos emitiu umasentença condenatória contra o Estado dominicano exigindo que apure a verdade dos fatos envolvendo o desaparecimento do professor universitário ejornalistaNarcizo González Medina, apelidadode Narcizazo, em 1994, após sair de um cinema em Santo Domingo. A Corte pede ao Estado que punaosresponsáveispor esse desaparecimento.
Em outra ação positiva, o Conselho Nacional da Reforma do Estado eo Ministério da Educaçãoda República Dominicana empreenderamumacampanha nacional de esclarecimento sobre a lei 200-04, que estabelece o livre acesso às fontes oficiais de informação. Eles pretendem oferecer 700 workshops de formação para treinar especialistas que, por sua vez, ensinarão os cidadãos, estudantes e pessoas próximas a utilizar esta leiem favor de uma cultura democrática.
Madrid, Espanha