México

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A principal preocupação é a constante violência contra os jornalistas, e a ela se somam a impunidade na maioria desses casos e o fato de as leis para proteção dos jornalistas ficarem apenas no papel. Foram registrados nesse período seis assassinatos de jornalistas e três casos de desaparecimento de jornalistas. Em 22 de junho, o presidente Felipe Calderón Hinojosa aprovou o decreto da Lei de Proteção de Defensores de Direitos Humanos e Federalização dos Crimes contra Jornalistas. Vários órgãos defensores dos direitos dos jornalistas comemoraram a reforma do artigo 73 da Constituição mexicana que permitirá que os crimes cometidos contra a liberdade de expressão sejam transferidos para a alçada federal, o que permitirá que sejam investigados e ajuizados em nível federal. Essa medida havia sido recomendada insistentemente pela SIP e por órgãos internacionais como o Conselho de Direitos Humanos da ONU e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Apesar desse avanço, questionou-se o sistema de escolha dos membros do Conselho Consultivo do Mecanismo de Proteção a Defensores de Direitos Humanos e Jornalistas por ser feita apenas pelo Ministério do Interior. Em 26 de julho, a Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) revelou que cerca de 70 por cento das agressões a jornalistas permanecem sem punição. Segundo a CNDH, 82 jornalistas foram assassinados e 16 desapareceram desde 2000. Foram registrados 28 ataques a escritórios ou veículos de meios de comunicação. A CNDH aponta que só em um quinto desses crimes os suspeitos foram processados, e que se emitiu sentença para os responsáveis em menos de um em cada dez ataques ou agressões. Um relatório do Comitê de Especialistas da Convenção para a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher, parte das Nações Unidas, revela que o México tem o maior índice de agressões a mulheres jornalistas. Treze 13 jornalistas foram assassinadas entre 2005 e 2012 e mais de 100 denunciaram ter sido vítimas de vários tipos de violência enquanto realizavam seu trabalho. Principais agressões a jornalistas: Em 25 de abril, funcionários do jornal Enlace, em Izúcar de Matamoros, Puebla, foram alvo de ameaças e tentativas de extorsão por supostos membros do bando Los Zetas, que ameaçaram sequestrar um dos seus jornalistas. Em 28 de abril, foi assassinada a jornalista Regina Martínez, correspondente em Veracruz do semanário Proceso na cidade de Xalapa, Veracruz. Ela foi encontrada sem vida na sua casa em Felipe Carrillo Puerto. Havia sinais de agressões no rosto e no corpo, além de sinais de asfixia. Passados quase dois meses do assassinato, a Procuradoria do Estado de Veracruz afirmou, através de fontes "extraoficiais", que o crime não está relacionado ao seu trabalho como jornalista, mas sim a motivos "passionais". Em 3 de maio, foram assassinados os repórteres gráficos Guillermo Luna, Gabriel Huge, Esteban Rodríguez e Ana Irasema Becerra. Os corpos foram encontrados em um canal de esgoto do município de Boca del Río, Veracruz. As famílias de Guillermo Luna e Gabriel Huge haviam registrado seu desaparecimento. Junto aos cadáveres dos quatro jornalistas foram encontradas duas outras pessoas. Os três fotógrafos faziam a cobertura da editoria de polícia e foram colegas no Notiver de Miguel Ángel López Velasco e seu filho, Misael López Solana, assassinados em 20 de junho de 2011. Organizações civis dedicadas à proteção de jornalistas já haviam avisado que os três jornalistas haviam deixado Veracruz um ano antes, por causa das ameaças. Essa situação havia sido comunicada ao governo do estado em 27 de outubro de 2011 por órgãos de defesa dos direitos dos jornalistas, mas nenhuma autoridade tomou medidas sobre o assunto. Ana Irasema Becerra era vendedora de publicidade para o jornal El Dictamen. Em 15 de agosto passado a Procuradoria Geral de Justiça anunciou a detenção de uma facção do autodenominado Cartel de Jalisco Nova Geração, liderada por Isaías Flores Pineda, suposto responsável pelas operações do cartel em Veracruz e Boca del Río. As prisões permitiram esclarecer 36 crimes na região cometidos nos últimos oito meses, entre eles os assassinatos de Ana Irasema Becerra Jiménez, Guillermo Luna Varela, Gabriel Huge Córdoba e Esteban Rodríguez. Segundo a Procuradoria de Justiça, os presos admitiram ser os responsáveis pelos assassinatos dos jornalistas. Em 11 de maio, as instalações do jornal El Mañana, em Nuevo Laredo, Tamaulipas, foram atacadas por homens armados que atiraram contra o prédio e lançaram um explosivo no local. Ninguém ficou ferido, mas alguns veículos no estacionamento do jornal foram atingidos. Em outro atentado contra o mesmo jornal, em 11 de julho, desconhecidos jogaram uma granada contra a sua sede. Em 13 de maio, o jornalista René Orta Salgado, ex-repórter do El Sol de Cuernavaca, foi encontrado morto no banco traseiro do seu carro no estado de Morelos. Orta Salgado havia abandonado o jornalismo em dezembro passado para liderar um grupo político chamado "Empreendedores pela Nação", que apoiava o candidato à presidência pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI), Enrique Peña Nieto. Segundo as autoridades, o jornalista não havia recebido ameaças. A Procuradoria-Geral de Justiça de Morelos descartou o envolvimento do crime organizado e garantiu estar progredindo nas investigações, mas até hoje o crime permanece na impunidade. Em 16 de maio foi registrado o desaparecimento do repórter gráfico Federico Manuel García Contreras no município de Tanquián de Escobedo, em San Luis Potosí. O jornalista trabalhava para o jornal El Punto Crítico, sediado na capital do país. Em 13 de maio, três dias antes do seu desaparecimento, o jornalista disse a uma de suas filhas pelo telefone que havia tido um desentendimento com o comandante da polícia local, José Alberto Troas, que supostamente o proibiu de fazer entrevistas na região porque era perigoso. Depois do desaparecimento do jornalista, de quem não se tem notícias desde 16 de maio, suas filhas foram a San Luis Potosí onde foram informadas de que seu pai havia sido preso em 18 de maio por estar alcoolizado. Essa versão foi desmentida pela médica que o examinou, que disse que o exame havia sido feito no dia 17 de maio e não 18, e que o jornalista não apresentava sinais de estar alcoolizado. A gerente do hotel onde o jornalista estava hospedado negou ter visto García Contreras voltar ao hotel na companhia de policiais. O jornalista continua desaparecido. Em 18 de maio, foi encontrado o corpo do jornalista Marcos Ávila García do jornal El Regional de Sonora. Um dia antes homens armados o haviam sequestrado. O corpo tinha sinais de estrangulamento e estava a alguns metros da estrada que liga os municípios de Guayamas e Empalme. Até o momento, o crime permanece sem punição. Em 21 de maio, desapareceu em Nuevo Laredo, Tamaulipas, o fotógrafo independente Zane Alejandro Plemmons Rosales, cidadão americano e mexicano. Plemmons, colaborador dos jornais El Debate e La i em Sinaloa em 2010, foi visto pela última vez na noite de 21 de maio, quando saía para fotografar um tiroteio por volta das 22 horas. Nessa mesma noite, dois homens armados foram ao hotel onde o jornalista estava hospedado, exigiram as chaves do seu quarto e levaram todos os seus pertences. Até agora o caso não foi elucidado. Em 2 de junho, a jornalista Katia D'Artigues, colaboradora do jornal El Universal, registrou queixa junto à Procuradoria de Justiça do Distrito Federal depois de receber várias ameaças pelo Twitter. Em 9 de junho, registrou-se o desaparecimento da jornalista Stephanía Cardoso e de seu filho pequeno. Ela trabalhava como jornalista da editoria de polícia para os jornais Zócalo de Saltillo, Coahuila, e para o Calibre 57. A jornalista reapareceu em 16 de junho e pediu a proteção do governo mexicano para ela e para seu filho, alegando que corriam perigo de vida. Em 22 de junho, Verónica Jiménez, correspondente do Grupo Reforma, no estado de Hidalgo, foi detida arbitrariamente por agentes da Segurança Pública de Pachuca. A jornalista foi acusada por Esteban Mercado, coordenador da campanha da candidata a deputada federal, Mirna Hernández, de prejudicar a ordem pública e danificar propriedades de uso público, por fotografar membros do Partido Revolucionário Institucional (PRI) que distribuíam material promocional antes das eleições de 1o de julho passado. Em 24 de junho, Said Hernández, chefe de redação da revista Tucán foi atacado e ferido com uma navalha por três homens, na capital do estado de Oaxaca, quando chegava em casa, em Figueroa. Os supostos responsáveis foram detidos alguns minutos depois. Em 14 de junho, Víctor Manuel Báez Chino, jornalista do jornal Milenio El Portal e do jornal digital Reporteros Policiacos, foi encontrado morto horas depois de ter sido sequestrado por homens armados no seu escritório na cidade de Xalapa, Veracruz. A Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) em Veracruz responsabilizou o bando Los Zetas. Em 24 de junho, a jornalista Patricia Castellanos foi agredida enquanto cobria uma passeata de jovens do grupo #YoSoy132 na capital de Oaxaca, depois que os manifestantes passaram em frente a um parque público onde se realizava um evento em apoio a Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência do PRI, cujos simpatizantes começaram a agredi-los verbalmente. Em 10 de julho, desconhecidos lançaram um explosivo contra os escritórios do suplemento La Silla, do jornal El Norte, em Monterrey, Nuevo León. A explosão danificou vidraças e a fachada do prédio, mas ninguém ficou ferido. Esse foi o quarto ataque com explosivos contra a filial do El Norte em 21 meses. O prédio foi alvo de atentados semelhantes em 20 de setembro de 2010, em 10 de janeiro de 2011 e 31 de março de 2011; em todos os casos os danos foram apenas materiais. Em 11 de julho, os escritórios do suplemento Linda Vista do jornal El Norte, no município de Guadalupe, Nuevo León, foram atingidos por uma granada e armas de grosso calibre. A fachada e as vidraças do prédio foram atingidas por disparos, mas ninguém ficou ferido. A alguns metros do edifício foram encontradas várias cápsulas de balas do rifle AR-15. Em 16 de julho, Hiram González Machi, jornalista do jornal Nuevo Día, de Nogales, Sonora, e apresentador de um noticiário do Canal Siete local foi ameaçado de morte por criminosos que danificaram sua casa. Em 24 de julho, a Procuradoria Geral de Justiça de Veracruz comunicou o desaparecimento do repórter fotográfico Miguel Morales Estrada, que trabalhava no El Diario de Poza Rica, cidade ao norte deste estado. Segundo a versão oficial, foi a esposa do fotógrafo que fez a queixa. Até o momento, não se tem notícias sobre seu paradeiro. Em 28 de julho, a jornalista e defensora de direitos humanos, Lydia Cacho, recebeu novas ameaças de morte através dos seus equipamentos de rádio. Ela ouviu pelo autofalante uma voz masculina que a advertiu a parar de se meter com eles e que em seguida lhe fez uma séria ameaça. Especialistas em segurança que assessoram a jornalista consideram que os responsáveis têm acesso a tecnologia para interceptar seu rádio e lhe transmitir as mensagens. Depois do incidente, a jornalista se refugiou em Bogotá, Colômbia, apesar de ter declarado que deseja voltar ao seu país. Em 29 de julho, a jornalista Cecilia Cota, do El Diario de Sinaloa, apresentou queixa formal contra Serapio Vargas Ramírez, diretor do órgão não governamental "Brigada Popular". Aborrecido por uma matéria da jornalista, o ex-candidato a deputado federal do Partido Nueva Alianza avisou-a de que é "capaz de muita coisa" e que já havia localizado sua família na rede social Facebook. Em 9 de agosto, um grupo de homens armados fez disparos contra as instalações do jornal El Regional del Sur, situado na zona norte de Cuernavaca, Morelos, e não houve registro de feridos. Em 18 de agosto, o fotógrafo Ernesto Araujo Cano foi agredido em uma tentativa de roubo. Os golpes que recebeu na cabeça pelos três homens que pretendiam levar seu carro provocaram morte cerebral. Araujo era colaborador do El Heraldo de Chihuahua. Em 3 de setembro, sete jornalistas foram agredidos no estado de Oaxaca por moradores de San Pablo Huixtepec, que procuravam dois supostos ladrões para castigá-los em público. Membros da comunidade que confundiram seus equipamentos de trabalho com armas, agrediram David García e Lizbeth Gómez, da TV Azteca; Iván Flores e Esteban Marcial, do jornal Noticias; Jorge Luis Plata e Alberto López do El Imparcial, além de Jorge Pérez, do Tiempo de Oaxaca, e confiscaram as memórias das suas câmeras. Em 1o de outubro, o jornalista Juan de Dios García Davish foi levado diante da sua família quando fazia a cobertura de um confronto no município de Montozintla, Chiapas. A detenção do jornalista, que é diretor de Quadratin Chiapas e correspondente do Milenio, foi feita a mando da polícia, que confiscou seus equipamentos jornalísticos. Ele foi solto no dia seguinte.

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