Não parou, neste período, o clima de insegurança contra a imprensa, destacando-se o sequestro e assassinato do jornalista Aníbal Barrow em San Pedro Sula. Alguns dos supostos autores materiais do crime foram presos, porém nenhum autor intelectual. Desde 2003, 36 assassinatos de jornalistas foram registrados e somente um foi julgado e objeto de sentença condenatória, o que significa que 97% dos casos permanecem impunes.
O governo oficial mantém em vigor instruções arbitrárias que restringem o acesso às informações públicas, especialmente na Secretaria de Segurança onde se negam informações e as mesmas se limitam a boletins ocasionais emitidos pelo Escritório de Relações Públicas dessa entidade. Acrescenta-se a isto um discurso governamental que durante meses foi uma confrontação aberta aos meios de comunicação, ao se promover a partir do Poder Executivo a “Lei Marco do Setor de Telecomunicações” que contém dispositivos que violam os princípios da liberdade de expressão e infringem os direitos humanos como os da livre associação, o direito e acesso ao trabalho, o direito à propriedade privada, entre outros. O projeto foi apresentado ao Congresso Nacional e sua discussão abortada após a assinatura de um pacto de “auto-regulação” assinado por alguns meios de comunicação.
Essa lei foi uma das causas da missão oficial da SIP a Honduras, que foi fundamental para a suspensão da tramitação desse projeto de lei.
O Governo de Honduras ainda não cumpriu os compromissos assumidos em nível nacional e internacional, inclusive os propostos pela SIP sobre os mecanismos de proteção de jornalistas.
Casos mais relevantes neste período:
Em maio, Elías Chahin, presidente da Associação de Estações de Rádio e Televisão Independentes de Honduras, levou uma surra de vários indivíduos ao sair de uma estação de rádio. Chahin se opunha à Lei do Setor de Telecomunicações e atribuiu o ataque à sua posição sobre este assunto. Ele também denunciou que sua casa foi atacada dias antes por pessoas que queriam incendiá-la.
Uma equipe de reportagem do canal “Hable como Habla” (Fale como Fala) sofreu um atentado criminoso na cidade de La Ceiba por assassinos contratados. Eles estavam em uma moto e deram nove tiros no veículo com o jornalista Ramón Maldonado e seu cinegrafista no momento do ataque, mas ninguém saiu ferido. Maldonado declarou que o atentado contra ele “poderia estar relacionado a informações sobre a prefeitura de La Ceiba”. Em datas posteriores outros membros deste canal também receberam ameaças de morte.
Em 24 de junho foi sequestrado o jornalista Aníbal Barrow da Globo TV. Seu corpo mutilado e queimado foi encontrado no dia 9 de julho. Depois do assassinato, a SIP insistiu na criação urgente de um sistema de proteção aos jornalistas. Barrow, de 58 anos, era engenheiro agrônomo e catedrático de Economia na Universidade Nacional Autônoma de Honduras em San Pedro Sula.
Em 16 de julho, o jornalista Mario Castro, do programa "El Látigo Contra La Corrupción" (O chicote contra a corrupção) da Globo TV, denunciou o recebimento de várias mensagens de texto, que o ameaçavam de ter o mesmo destino de seu colega e amigo Aníbal Barrow.
Em julho, o jornalista Joel Coca, correspondente do canal 11 e coordenador do programa “Mais Noticias” da Multi Cable em Puerto Cortés, foi agredido por duas pessoas ao sair de seu trabalho. Elas o agrediram com taco de beisebol e disseram que “receberam ordens de somente me dar uma surra”. O jornalista posteriormente abandonou o país alegando falta de garantias pessoais e ameaças à sua família.
Em setembro, jornalistas do El Heraldo denunciaram receberam ameaças do pessoal de segurança do Hospital Escola na cidade de Tegucigalpa, que disseram ter recebido “ordens superiores para seguir o pessoal da mídia” e impedir o seu trabalho.
Em outubro, o jornalista Esdras Amado López, diretor de Notícias do Canal 36, Cholusat Sur, denunciou ter recebido uma chamada de um alto funcionário do governo para adverti-lo da existência de informações de que seu nome está em uma lista de pessoas que podem ser atacadas e que deveria tomar as suas próprias medidas de proteção. Além disso, o jornalista denunciou que não recebeu nenhum tipo de proteção das autoridades.
Madrid, Espanha