Persiste o clima de insegurança no exercício do jornalismo, impulsionado por elevados índices de impunidade que, além disso, geram autocensura jornalística em temas sensíveis como a insegurança da cidadania e o crime organizado transnacional.
O Governo mantém instruções arbitrárias que restringem o acesso à informação pública, agora agravado pela aprovação em 7 de março da “Lei para Classificação de Documentos Públicos Relacionados à Segurança e Defesa Nacional”, instrumento que viola os princípios de transparência e acesso. Diversos setores contestaram esta lei perante o Poder Judiciário por conter um texto ambíguo capaz de proporcionar aos setores oficiais o ocultamento de informações de interesse público.
Continuam as ameaças, agressões e abusos contra a mídia e jornalistas, destacando-se neste último semestre os seguintes casos:
Em 23 de outubro, foi assassinado o cinegrafista Manuel Murillo Varela em Tegucigalpa. Murillo Varela conseguira medidas cautelares outorgadas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) por ocorrências anteriores.
Em 28 de outubro, o jornalista Adolfo Hernández denunciou o Governo à Comissão de Direitos Humanos (CONADEH) como responsável pelas ameaças de morte e encerramento do seu programa de televisão “No se Deje”, transmitido pela Telered 21.
Em 31 de outubro, a jornalista Ariela Cáceres, do canal Hable Como Habla (HCH), denunciou as ameaças de morte recebidas por telefone além do roubo do seu veículo.
Em 12 de novembro, houve um assalto à mão armada das instalações do Canal 34 e da rádio Popularísima na cidade de Siguatepeque, e também contra o veículo de Nery Recarte, proprietário dos dois meios de comunicação. A CONADEH pediu ao Governo a aplicação de medidas de proteção.
Em 8 de dezembro, relatou-se o assassinato do empresário de comunicações Juan Carlos Argenal Medina, na cidade de Danlí. Ele era correspondente da Globo TV nessa cidade e dono da Discomóvil Suprema. As autoridades disseram que recebeu dois tiros na cabeça.
Em 10 de dezembro, o jornalista Erick Mairena da Maya TV denunciou à CONADEH que foi vítima de agressão física e verbal pelos membros da guarda de segurança do Hospital Escola, enquanto entrevistava uma pessoa neste centro hospitalar.
Em 24 de março, o jornalista Esdras Amado Lopez (do Canal 36) denunciou que o seu canal e a Radio Globo estão sendo vítimas de perseguição e desmoralização pelo Estado e pelo presidente Juan Orlando Hernández. O jornalista baseia a sua denúncia em recentes manifestações do Presidente, em que acusou esses meios de comunicação de ter “como agenda política culpar o Estado de Honduras pelos múltiplos assassinatos de jovens ocorridos recentemente”.
Madrid, Espanha