A liberdade de imprensa sofreu graves retrocessos neste período devido à crise política após as eleições gerais de novembro, registrando-se numerosas ameaças e agressões contra jornalistas, cinegrafistas, fotógrafos e instalações de meios de comunicação, perpetradas por manifestantes e forças de segurança.
As agressões afetaram jornalistas de meios de comunicação nacionais e internacionais, como UneTV, Canal 6, Canal 11, Cholusat, Televicentro, HCH, Radio Progreso, Radio Globo, Univisión, Telesur, HispanTV, diários El Heraldo, La Tribuna e La Prensa, entre outros.
A Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da CIDH expressou que "Honduras continua sendo um dos países mais perigosos na região para exercer o jornalismo." Seu relatório detalha grande número de assassinatos, atentados, agressões e ameaças contra jornalistas e ressalta que a grande impunidade gera autocensura.
Entre novembro e dezembro o governo declarou estado de exceção com a consequente suspensão das liberdades de associação, reunião, circulação e liberdade de expressão. Neste período, houve ataques e ameaças a meios de comunicação, assassinatos e lesões a manifestantes devido ao uso excessivo da força policial. Alguns manifestantes foram detidos, acusados de terrorismo e foi proibido o ingresso de jornalistas estrangeiros.
A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE-UE) revelou que, em média, 64% da propaganda eleitoral (84% no caso de diários) foram pagos pelo candidato governista e Presidente atual. A Missão observou as diferenças entre "a campanha do Partido Nacional (PNH), a grande distância do Partido Liberal (PLH) e da Aliança de Oposição", havendo uma frequente confusão entre o governo e o Partido Nacional na distribuição de bens ou benefícios no contexto dos programas sociais do Estado, o que gerou críticas sobre a discriminação dos recursos por parte do Governo.
O arbítrio existente no manejo da publicidade oficial e as restrições à informação pública compõem um mecanismo perverso de censura indireta. Continuam em vigor leis que restringem o acesso, como a Lei para Classificação de Documentos Públicos Relacionados à Segurança e Defesa Nacional e a Lei de Inteligência Nacional.
Uma proposta da Missão de Apoio Contra a Corrupção e Impunidade em Honduras (MACCIH), para reformar a Lei para Classificação de Documentos Públicos, continua sendo ignorada pelo Poder Legislativo.
Continua em vigor a criminalização de críticas a funcionários públicos sobre assuntos de interesse público. Incluem calúnia, injúria e difamação, conceitos agravados pela reforma do Código Penal.
O Colégio de Jornalistas, entre outras organizações, denunciou campanhas sistemáticas de ódio contra meios de comunicação e jornalistas divulgadas através de redes sociais e portais da Internet, em sua maioria relacionadas à crise pós-eleitoral. Vários jornalistas denunciaram ao Ministério Público estas campanhas acusando órgãos do próprio Estado. As investigações ainda não produziram nenhum resultado.
Um projeto de lei perante o Congresso sobre a Lei Nacional de Segurança Cibernética e Medidas de Proteção perante Atos de Ódio e Discriminação na Internet e Redes Sociais estabelece obrigações para os administradores de websites e sanções de até $42.000 para intermediários, assim como a suspensão e o bloqueio do site digital. A SIP e outras organizações expressaram que qualquer legislação sobre esta matéria deve observar as normas internacionais.
O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OACNUDH) em Honduras, advertiu sobre a existência de campanhas de desprestígio contra defensores de direitos humanos e jornalistas promovidas por funcionários da administração superior. Uma delas foi contra o sacerdote jesuíta Ismael Moreno Coto, Diretor da Radio Progreso, um meio de comunicação que também foi alvo de atentados.
Outros fatos importantes:
Em 23 de outubro, foi assassinado Carlos Oveniel Lara Domínguez, que atuava como cinegrafista do Canal 12 Telemaya na localidade de La Entrada, do município de Nueva Arcadia, no departamento de Copán.
Em dezembro, os jornalistas americanos Jihan Hafiz e Reed Lindsay, além do britânico Ed Augustin, foram detidos durante 24 horas no Aeroporto de Tegucigalpa sem que as autoridades migratórias explicassem os motivos de suas deportações do país no dia seguinte.
Em 1o de dezembro, agentes da Polícia Militar agrediram o cinegrafista David Matute, da Marte TV no município de Comayagua, na zona central do país.
Em 2 de dezembro, o jornalista Bladimir Rivera do canal Prensa foi agredido por agentes da Polícia durante sua cobertura informativa ao sul de Honduras.
A jornalista Sarah Kinosian, que escreve para o diário britânico The Guardian e trabalha para a BBC e o noticiário Democracy Now, denunciou que apanhou de um policial enquanto cobria um protesto.
Em 11 de dezembro, denunciou-se a sabotagem da antena e torre de transmissão da Radio Progreso na cidade de Tegucigalpa, as quais foram derrubadas impedindo as suas transmissões na região.
Em 11 de dezembro, um veículo do Canal 11 na cidade de Choluteca recebeu vários disparos enquanto cobria protestos na região, que não atingiram a correspondente Nilda Sosa e seu cinegrafista.
Em 18 de dezembro, desconhecidos atacaram e incendiaram as instalações do canal Choluvisión, na cidade de Choluteca.
Em 23 de dezembro, foi assassinado com vários tiros o locutor de rádio Osmin Omar Solís Ortiz, na cidade de Olanchito, no departamento de Yoro.
Em 12 de janeiro, durante a cobertura de protestos perto do Palácio Presidencial, os jornalistas Cesar Silva e Rony Martínez da UneTV, além do cinegrafista Pedro Amador, foram agredidos pela Segurança do Estado, que, além disso, destruíram seus equipamentos. Neste incidente, foi também agredida a jornalista Claudia Mendoza, correspondente da Univisión.
Em 20 de janeiro, relatou-se a agressão pelas autoridades policiais do jornalista Dassaev Aguilar, correspondente da HispanTV. O jornalista sofreu ferimentos e fratura em uma das suas pernas.
Em 13 de fevereiro, o jornalista Cesar Silva da UNETV foi alvo de um atentado durante uma transmissão ao vivo. Cesar Silva foi atacado por uma pessoa portando uma faca. O agressor fugiu do local apesar de no momento do ataque estarem presentes membros da Polícia Nacional, que não o prenderam.
Em 22 de fevereiro, a agência Associated Press apresentou um recurso legal contra uma tentativa de funcionários policiais de obter o registro de chamadas telefônicas de um de seus jornalistas para identificar as fontes de uma reportagem sobre suposta corrupção policial. A AP denunciou que, além de romper o sigilo da fonte, pretendia-se intimidar o jornalista.