Neste período, não foram registrados incidentes graves que afetassem a liberdade de imprensa e o exercício do jornalismo, embora a mídia, jornalistas e organizações variadas tenham se manifestado diante dos crescentes ataques de ódio que sofrem nas redes sociais.
Em 1º de setembro, 52 organizações e meios de comunicação denunciaram, em uma carta enviada ao primeiro-ministro Justin Trudeau, "o crescente e alarmante ódio e assédio on-line contra jornalistas e o jornalismo como profissão". Afirmaram que consideram que esses ataques não têm como alvo apenas a imprensa, mas também a democracia. Eles enfatizaram que a maioria dos ataques é feita com base em gênero e raça, já que a maioria deles afeta mulheres jornalistas e repórteres de minorias étnicas.
Na carta, pediram que Trudeau trabalhasse para achar soluções. Uma delas seria que a mídia entregasse à polícia relatórios sobre os padrões dos abusos contra jornalistas para que não fossem vistos apenas como queixas individuais; outra medida seria que as plataformas digitais tomassem medidas urgentes e eficazes diante dos ataques e abusos contra jornalistas nas mídias sociais.
Em 11 de agosto, várias organizações e meios de comunicação, entre eles a Associação Canadense de Jornalistas (CAJ), The Hill Times, Toronto Star e Global News, pediram que a polícia de Ottawa e Toronto investigasse as ameaças de morte e estupro feitas contra as jornalistas Saba Eitizaz, Rachel Gilmore e Erica Ifill.
O governo mantém uma postura de sigilo injustificado quanto às informações de interesse público, apesar de a Lei Antiterrorismo, em vigor desde 2015, ter ampliado a autoridade dos órgãos do governo para divulgarem informações sobre pessoas.
De acordo com relatórios do Índice Chapultepec da SIP, o Parlamento tem debatido os projetos de lei C-10 e C-11 que redefiniriam o sistema de telecomunicações e radiodifusão, bem como os poderes e mandatos do órgão federal, a Comissão Canadense de Rádio-televisão e Telecomunicações (CRTC).
O projeto de lei C-11 daria à Comissão poderes para monitorar o conteúdo audiovisual produzido na televisão e nas mídias sociais. O Google havia expressado seu desacordo, considerando que o projeto de lei restringiria o acesso ao conteúdo no YouTube, porque a nova regulamentação privilegia conteúdos produzidos no país.
A Suprema Corte reconheceu que a garantia de liberdade de expressão da Constituição não é absoluta e que tem limites, como, por exemplo, a incitação ao ódio.
O projeto de lei C-18 sobre notícias on-line, que forçaria a mídia e as plataformas digitais a negociar uma remuneração pelo uso de conteúdos noticiosos, continua no Parlamento. Esta lei se aplicaria ao Google e ao Meta, mas essas empresas poderiam solicitar isenção se chegassem a acordos justos de remuneração com a mídia. Ao contrário de uma lei semelhante na Austrália, que é implementada por um ministério, no Canadá se criaria uma comissão autônoma para supervisionar os acordos e garantir sua transparência.