Este período foi marcado por um clima geral de insegurança, agravado pela conivência do aparelho estatal com as máfias do tráfico de drogas.
Fruto dessa situação foi o assassinato, em setembro, do jornalista Humberto Coronel, que cobria a corrupção e o crime organizado, e que foi morto quando saía da Rádio Amambay 570 AM, em Pedro Juan Caballero. A estação de rádio é de propriedade da família do ex-prefeito José Carlos Acevedo, assassinado em maio em represália por confrontar publicamente o crime organizado.
Segundo declarações do promotor Pablo Zárate, à frente do caso do assassinato do jornalista, as investigações apontam Mauricio Recalde Argüello, que tem antecedentes criminais, como o suposto pistoleiro que o matou. Em junho, Coronel e um colega dele na Rádio Amambay, Gustavo Báez, denunciaram numa delegacia de polícia em Pedro Juan Caballero que haviam recebido uma ameaça de morte escrita contra os dois.
Depois do assassinato de Coronel, o diretor da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Blas Lanzoni, informou que o projeto de lei "Para proteção de jornalistas e defensores dos direitos humanos" seria analisado.
Dados do Observatório sobre Violência contra Jornalistas revelam que 20 jornalistas foram assassinados nos últimos 30 anos, desde que Santiago Leguizamón foi morto em Pedro Juan Caballero, em 1991.
Além do ex-prefeito José Carlos Acevedo Quevedo, foi assassinado também em maio o promotor paraguaio Marcelo Pecci, na Colômbia. Ele foi morto por pistoleiros contratados, num crime que chocou o país. Pecci era procurador adjunto da Unidade Especializada de Combate ao Crime Organizado e liderou várias investigações importantes contra a máfia.
As ligações com o tráfico de drogas e suas ramificações nos poderes do Estado e setores importantes da classe política, para crimes de lavagem de dinheiro e contrabando, parecem ser sustentadas nesse período por indícios de corrupção no aparelho estatal que vieram à tona por meio de investigações e pedidos de relatórios ao Senado sobre o ex-presidente Horacio Cartes e o Banco Central do Paraguai. Neste contexto, a embaixada dos EUA classificou o ex-presidente Cartes como "significativamente corrupto", mesma qualificação dada pelo governo dos EUA ao atual vice-presidente, Hugo Velázquez.
Em maio, a Sociedade de Jornalistas do Paraguai denunciou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) a falta de transparência e o não cumprimento da Lei de Acesso à Informação Pública por parte da empresa binacional Itaipu.
Em julho, a Vara Penal da Corte Suprema de Justiça confirmou a inocência do jornalista Édgar Chilavert, que havia sido processado por abuso sexual infantil. O jornalista passou quase dois anos em prisão preventiva. Ele havia investigado casos de corrupção em sua cidade, Concepción.
Em julho, a juíza Olga Ruiz González declarou que havia sido arquivada a ação criminal contra o jornalista Carlos Giménez, do jornal La Nación, que havia sido processado por difamação, calúnia e injúria por Juan Rojas Cantero, presidente da Associação de Pais da Orquestra de Instrumentos Reciclados de Cateura, devido a matérias sobre a gestão financeira e administrativa dos diretores da orquestra.
Em julho, a Terceira Vara do Tribunal de Apelação Criminal manteve a condenação de janeiro do jornalista Marcos Velázquez, que recebeu uma pena suspensa de um ano e nove meses. A ação foi movida por Alejandro Domínguez, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), pelos tuítes de Velázquez que questionavam sua gestão.
Em julho, o editor do jornal TN Press de Ciudad de Este, César Palacios, recebeu ameaças de morte de um homem armado usando uma máscara, que gravou e postou, via WhatsApp, um vídeo que se tornou viral.
Em agosto, o Ministério Público informou que o jornalista Carlos Granada foi acusado de assédio sexual, coerção sexual e coação, após muitas queixas de funcionárias dos canais do Grupo Albavisión (SNT e C9N). Emitiu-se mandado de prisão para o jornalista.
Em setembro, ocorreu a divulgação de um áudio com a voz de um empresário catalão que dizia ter mandado matar o jornalista Pablo Gastón Ortiz, assessor de imprensa da Visión Comunicaciones em Villarrica, e a promotora que investigava seu caso, Sussy Ramírez. Ortiz já havia sido ameaçado em julho e, após sua denúncia, a polícia o havia colocado sob proteção durante três semanas.
Em setembro, o Juiz Juan Carlos Zárate absolveu o jornalista Juan Carlos Lezcano e Natalia Zuccolillo, diretora do ABC Color. A ex-vice-ministra de tributação, Marta González, havia movido ação contra eles por difamação por causa de matérias sobre uma tentativa de apropriação de terras por ela e seu marido contra uma família no departamento de Paraguarí.