Miami (17 de julho de 2025) – A personalização de conteúdos como ferramenta essencial para que os meios de comunicação fortaleçam seu vínculo com as audiências em um ambiente digital cada vez mais competitivo foi o tema central de um painel realizado durante o SIPConnect 2025, a conferência anual da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) dedicada à transformação digital e à sustentabilidade do jornalismo.
Aldana Vales, ex-diretora de Experiência de Audiência da Gannett-USA Today Network, e Claudio Cabrera, vice-presidente de Audiência do The Athletic, compartilharam suas visões sobre como os meios podem utilizar dados e algoritmos para oferecer conteúdos relevantes, acessíveis e adaptados aos interesses dos usuários. O painel foi moderado por Werner Zitzmann, diretor executivo da Associação Colombiana de Meios de Informação (AMI).
Vales destacou que, embora os algoritmos desempenhem hoje um papel central na distribuição de conteúdo, o verdadeiro ponto de partida continua sendo a escuta ativa das audiências. “Os leitores chegam aos meios buscando coisas diferentes. Isso nos impõe grandes desafios, desde a curadoria editorial nas redações até a personalização ativa feita pelos próprios usuários”, explicou.
Ela também alertou para os riscos de uma fragmentação excessiva: “Uma experiência extremamente fragmentada pode parecer vazia. Cada meio deve se perguntar que tipo de personalização é realmente eficaz para sua audiência.”
Cabrera, por sua vez, ressaltou a importância de entender a diversidade de comportamentos entre diferentes públicos. “Há usuários dispostos a pagar por conteúdo e outros que não estão. Mesmo entre os que pagam, há perfis muito distintos. Alguns são fiéis e engajados, outros permanecem por pouco tempo”, afirmou.
Ao pensar em modelos sustentáveis de receita, acrescentou, não basta contar assinantes: “O alcance também importa. E isso implica analisar hábitos de consumo para atender melhor a cada segmento.”
Cabrera também destacou o valor de estabelecer parcerias com criadores de conteúdo especializados. “Nem sempre buscamos influenciadores com milhões de seguidores. Preferimos aqueles com 20 mil ou 50 mil, mas que têm autoridade e credibilidade em seu nicho”, concluiu.
O painel reafirmou que personalizar conteúdos vai além de uma estratégia tecnológica: é uma decisão editorial centrada nas pessoas.
A SIP é uma organização sem fins lucrativos dedicada a defender e promover a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão nas Américas. É composta por mais de 1.300 publicações no Hemisfério Ocidental e tem sede em Miami, Flórida, Estados Unidos.