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Encontro do CLAEP.

Um chamado à inovação, colaboração e resistência no novo ecossistema digital

28 de mayo de 2025 - 13:32

Buenos Aires (28 de maio de 2025) — O segundo e terceiro dias do encontro do Conselho Latino-Americano de Acreditação da Educação em Jornalismo e Comunicação (CLAEP), realizado na Pontifícia Universidade Católica Argentina, ofereceram um percurso intenso e plural pelos desafios e oportunidades do jornalismo contemporâneo, marcado pela disrupção tecnológica da inteligência artificial, polarização social e transformação da profissão.

Um dos momentos mais destacados desta manhã foi a apresentação de Héctor Aranda, vice-presidente do Grupo Clarín e CEO da Agea S.A., que compartilhou uma reflexão profunda sobre o presente e o futuro dos meios de comunicação na Argentina e na região. Ele ressaltou a necessidade de integrar estrategicamente os diferentes papéis dentro das organizações jornalísticas, com foco no desempenho do conteúdo e no uso de métricas em tempo real como eixo de transformação cultural. Enfatizou a importância de articular áreas como redação, publicidade, tecnologia, assinaturas, capital humano e administração financeira em torno de objetivos comuns, nos quais o público e os dados são os principais insumos para a tomada de decisões.

Aranda trouxe uma visão crítica sobre o consumo atual de informações, a fragmentação do debate público e o impacto do anonimato digital. Ele lembrou que, historicamente, os jornais alcançavam 10% da população, e essa proporção se manteve mesmo com audiências massivas online, nas quais os grandes veículos digitais conseguem atrair apenas uma fração dos usuários dispersos. “O anonimato nas redes não é um detalhe menor”, advertiu. “Enquanto o jornalismo assina, dá rosto e responde pelo que publica, no universo digital se degrada o outro desde o anonimato, polariza-se e mente-se sem qualquer custo. Essa dinâmica corrói o debate público e empobrece a democracia.”

A jornada de terça-feira contou com uma conferência de Daniel Hadad, fundador do Infobae, intitulada “Inovar ou desaparecer: fazer jornalismo diante da disrupção digital”, na qual convocou as redações a adotarem uma mentalidade tecnológica sem perder o compromisso com a veracidade. “Não se trata de escolher entre o algoritmo ou o jornalista, mas de integrá-los a serviço da cidadania”, enfatizou Hadad, em uma apresentação que teve grande repercussão entre os presentes.

Hadad também alertou para os desafios da sobrecarga de informação, da velocidade e da falta de contexto nas notícias digitais. “O grande problema hoje não é mais a censura, e sim a irrelevância”, afirmou. Segundo o fundador do Infobae, as redações devem reconquistar o valor do jornalismo por meio da credibilidade, curadoria inteligente de conteúdo e desenvolvimento de produtos inovadores.

Durante os três dias do encontro do CLAEP, realizaram-se oficinas, painéis e conversas com importantes referências. Entre elas, destacou-se o espaço liderado por Carlos Pagni e Jorge Liotti, onde se debateu o papel do jornalismo diante do poder político e econômico, em um contexto de crescentes tensões e operações de desinformação.

O jornalista colombiano Carlos Eduardo Huertas, diretor da CONNECTAS, fez uma conferência sobre a importância da colaboração transnacional, da formação contínua e do uso estratégico da tecnologia para sustentar um jornalismo de qualidade.

Um dos momentos mais esperados foi a apresentação de Hugo Alconada Mon, que, com seu estilo direto e comprometido, afirmou que, no atual contexto de pressões, opacidade e tentativas de silenciamento, “fazer jornalismo investigativo já não é uma tarefa individual, e sim um empreendimento coletivo”. O jornalista do La Nación chamou a superar o mito do repórter solitário e adotar uma lógica de redes, alianças e cooperação entre meios e jornalistas. “O futuro do jornalismo investigativo depende do quanto estamos dispostos a compartilhar”, afirmou.

Nesta semana, Alconada foi alvo de um ataque coordenado com o objetivo de intimidá-lo, poucas horas depois de revelar que a Secretaria de Inteligência do Estado (SIDE) aprovou um Plano Nacional de Inteligência para examinar informações sobre jornalistas, economistas e outros “atores” que possam minar a confiança nos funcionários do governo.

A SIP é uma organização sem fins lucrativos dedicada a defender e promover a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão nas Américas. É composta por mais de 1.300 publicações no Hemisfério Ocidental e tem sede em Miami, Flórida, Estados Unidos.

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