Miami (18 de junho de 2025) - As organizações signatárias expressam profunda preocupação diante do acelerado retrocesso da liberdade de imprensa em El Salvador, que se intensificou nas últimas semanas.
Miami (18 de junho de 2025) - As organizações signatárias expressam profunda preocupação diante do acelerado retrocesso da liberdade de imprensa em El Salvador, que se intensificou nas últimas semanas.
A Associação de Jornalistas de El Salvador (APES, em espanhol) documentou o deslocamento forçado de pelo menos 40 jornalistas, consequência de assédio, intimidação e restrições arbitrárias ao exercício do jornalismo.
Esses casos não incluem os de outras vozes críticas ou defensoras de direitos humanos que também deixaram o país diante do clima de perseguição. Os jornalistas forçados a fugir provêm de diversos meios de comunicação e realizaram investigações importantes sobre abusos de direitos humanos, corrupção e falta de transparência.
O êxodo massivo de profissionais da imprensa impacta a liberdade de expressão e semeia um clima de medo generalizado, afetando inclusive as famílias dos jornalistas exilados.
A APES alerta sobre a existência de listas de vigilância e ameaças de prisão a jornalistas e defensores de direitos humanos, sem que, até o momento, o governo salvadorenho tenha negado essas acusações ou oferecido garantias de que vozes críticas não estão sendo criminalizadas, incluindo as provenientes do reconhecido meio de comunicação El Faro.
A situação é agravada pela recente aprovação da Lei de Agentes Estrangeiros, que representa uma ameaça direta à liberdade de imprensa e ao trabalho de organizações independentes. Essa legislação impõe restrições severas e pode ser usada como ferramenta de perseguição contra quem exerce o jornalismo ou defende direitos fundamentais.
Missões recentes de organizações internacionais de defesa da liberdade de imprensa ao país concluíram que El Salvador atravessa um dos momentos mais sombrios para a liberdade de imprensa desde o fim do conflito armado, com altos níveis de autocensura e exílio forçado.
Diante desse cenário alarmante, as organizações signatárias manifestam o seguinte:
· O governo salvadorenho deve garantir a integridade física e a liberdade de todos(as) os(as) jornalistas, e cessar imediatamente qualquer forma de perseguição, vigilância ou intimidação.
· O Estado de El Salvador tem a responsabilidade de esclarecer publicamente as denúncias sobre listas de vigilância e ameaças de prisão, e garantir que vozes críticas não estão sendo criminalizadas.
· A comunidade internacional está acompanhando de perto a situação e exige o respeito irrestrito à liberdade de imprensa e de expressão em El Salvador.
· O governo salvadorenho deve oferecer garantias de segurança para que os(as) jornalistas salvadorenhos(as) forçados ao sair possam retornar ao país sem medo de ser perseguidos ou processados judicialmente.
As organizações signatárias continuarão observando atentamente a evolução da situação em El Salvador. Esperamos que as autoridades ajam com responsabilidade e em conformidade com os princípios democráticos, cessando toda forma de perseguição contra jornalistas e defensores de direitos humanos. O respeito à liberdade de imprensa e aos direitos fundamentais exige uma resposta clara, urgente e comprometida.
Organizações signatárias:
Alianza de Medios MX
ARTICLE 19 México y Centroamérica
Asociación Colombiana de Medios de Información (AMI)
Asociación de Entidades Periodísticas Argentinas (ADEPA)
Asociación Mundial de Editores de Noticias (WAN-IFRA)
Asociación Nacional de la Prensa (ANP) Chile
Associação Nacional de Jornais (ANJ) Brasil
Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ)
Consejo de la Prensa Peruana (CPP)
Free Press Unlimited (FPU)
Fundación por la Libertad de Expresión y Democracia (FLED)
Fundamedios
Instituto Prensa y Sociedad (IPYS)
International Press Institute (IPI)
PEN Internacional
Press Freedom Center at the National Press Club
Repórteres Sem Fronteiras (RSF)
Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP)