A democracia enfraqueceu-se seriamente desde 2007, quando Daniel Ortega subiu ao poder. A liberdade de imprensa sofreu graves restrições através da monopolização dos meios de comunicação pelo governo, da pressão sobre os poucos meios de comunicação independentes e do impedimento de acesso a todas as fontes de informação do governo.
Todos os poderes do governo foram subordinados ao Poder Executivo.
A segurança jurídica foi substituída por um poder ditatorial e discricionário que reconhece, concede ou nega direitos constitucionais.
Não houve mais eleições livres e limpas. Não existem mais o princípio e a norma de alternabilidade democrática, e o exército e a polícia foram obrigados a "regressar às suas origens sandinistas".
Os governos municipais e as universidades públicas perderam sua autonomia constitucional.
A oposição foi dividida e devastada, e boa parte dela foi considerada ilegal e excluída.
As organizações da sociedade civil foram privadas da colaboração externa – por pressão do Estado aos que lhes forneciam colaboração –, perseguidas e enfraquecidas.
A educação perdeu seu caráter nacional e seu sentido humanista e científico para se transformar em um meio de doutrinação das crianças, adolescentes e jovens estudantes.
A deterioração da liberdade de imprensa neste período refletiu-se nos seguintes fatos:
A Lei de Acesso à Informação tornou-se letra morta, uma vez que não é cumprida. Nenhum dos poderes do governo nem as entidades autônomas fornecem informações à mídia independente. Os jornalistas independentes são impedidos de participar de coletivas de imprensa e de outros eventos governamentais, seja para anúncio de medidas de prevenção de desastres naturais, para celebrações de feriados nacionais ou inaugurações de obras públicas.
A maior parte da mídia é controlada através de um duopólio na televisão e no rádio. Existe apenas um canal aberto, e somente alguns canais a cabo não são controlados ou neutralizados pelo governo ou pela família do presidente.
As entidades independentes ou as empresas administradas pelo governo não concedem publicidade à mídia independente, a não ser alguns pequenos anúncios para licitações junto com Instituições Financeiras Multilaterais.
Outros fatos importantes:
Em 3 de abril, o programa "Onda Local", transmitido pela Radio La Primerísima, foi encerrado pela direção da rádio. O "Onda Local" começou a ser transmitido em 2000 e ficou no ar durante 17 anos como espaço independente de informação e promoção de debates sobre os problemas municipais a partir da visão dos envolvidos. A decisão de encerrar o programa teria sido influenciada pelo governo.
Em 16 de maio, o La Prensa publicou declarações do secretário-geral administrativo do Supremo Tribunal de Justiça, Berman Martínez. Em represália, o Tribunal impediu que a jornalista Martha Vásquez Larios, do La Prensa, entrasse no seu prédio. Um magistrado e um porta-voz do Tribunal disseram que o jornal realiza uma campanha de difamação e misógina contra a presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Alba Luz Ramos, que têm o direito de se defender e que não podem "dar facilidades para que nos ataquem na nossa própria casa".
Durante as comemorações dos feriados nacionais, os responsáveis pela segurança interna do Ministério da Educação impediram que repórteres do La Prensa entrevistassem as autoridades e não lhes forneceram o comunicado de imprensa que entregaram a outros meios.
O deputado Mario Valle, do FSLN, partido do governo, ameaçou a jornalista do La Prensa, Lucía Navas, quando ela lhe perguntou por que na reforma orçamentária de 2017 haviam sido alocados 300 mil córdobas (cerca de US$ 10.000) à Universidade de Manágua, instituição privada, da qual ele é o presidente e sua esposa a reitora. "A senhora é agente da CIA", "Quanto a embaixada lhe paga?" "A senhora está gravando e não pediu permissão", gritou o deputado, e disse que se a jornalista fosse homem ele teria lhe dado uma resposta diferente.
O chefe da bancada do partido Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), deputado Edwin Castro, justificou a alocação das verbas afirmando que não se destinavam à universidade, mas sim à transmissão, pela TV, do programa "La Liga del Saber", no qual se faz propaganda do governo.