Jamaica
Existem vários fatos contra a liberdade que devem ser verificados.
A expressão "notícias falsas", que tornou o presidente dos Estados Unidos tão popular, foi adotada pelo governo atual e parece estar voltada para certos meios de comunicação que tentam pedir prestação de contas à sua administração.
Existem casos em que o governo participa de forma seletiva em foros e eventos de tipo editorial. Nestas situações, os repórteres encontram dificuldades no acesso a funcionários para entrevistas, entre eles, o Primeiro Ministro. Há omissões nas listas de convidados para reuniões informativas do Primeiro Ministro e uma divulgação seletiva de informações do governo para determinados meios de comunicação e jornalistas.
O governo foi tão longe que apresentou a TV do Gabinete do Primeiro Ministro (OPM TV), um canal de mídia social voltado para a promoção das atividades do PM, apesar da longa existência de serviços de informações governamentais como Jamaica Information Service (JIS) e Public Broadcasting Corporation da Jamaica (PBCJ). No anúncio do lançamento da OPM TV, o Primeiro Ministro tuitou que o portal on-line daria ao público todas as informações necessárias.
Uma notícia recente reavivou o debate sobre a criação de um conselho independente de reclamações dos meios de comunicação. Está relacionada com a publicação, por Gleaner, de um artigo intitulado "No a usted, señora! Eu respondo ao empreiteiro, disse o primeiro-ministro ao Ouvidor Geral", que divulgou a interpretação da resposta do PM a uma pergunta.
O titular mencionou uma resposta do gabinete do Primeiro Ministro que, em vez de se dirigir diretamente à mídia em questão na pessoa de seu diretor, ou diretor executivo, preferiu mostrar seu desagrado através de outros meios de comunicação. Isto suscitou uma série de debates que provocaram tanto críticas como apoios, porém o mais importante é que revelou a necessidade de estabelecer um conselho de reclamações da mídia independente.
A última discussão sobre o estabelecimento de um Conselho Independente de Reclamações dos meios de comunicação aconteceu em 2013 quando a Associação de Imprensa da Jamaica (jornalistas) publicou e atualizou o código de ética da mídia e solicitou o apoio da Associação de Meios de Comunicação da Jamaica (proprietários da mídia) para uma assinatura conjunta do documento. As duas associações concordaram com a maioria dos elementos do código, no entanto, houve desacordo quanto a uma cláusula relativa ao auxílio a pessoas prejudicadas em seus direitos pelos meios de comunicação. A proposta era que apelassem a um conselho de meios independentes, constituído por ex-profissionais da mídia e personalidades da área jurídica, entre outros, que poderiam impor medidas corretivas a certos meios, inclusive se estes não estivessem de acordo
Este conselho proposto pela Associação de Imprensa seria estabelecido e financiado de modo integral pela Associação de Meios de Comunicação. O MAJ foi contra a proposta baseando-se em que o poder de um conselho de imprensa abusivo ou corrupto poderia ter um efeito inibidor sobre a liberdade de imprensa. Em seu lugar, a maioria dos meios prefere adotar e fazer cumprir os códigos de conduta, e promover recursos perante os tribunais para determinar se as reclamações dos prejudicados são justificadas. Pelo menos um dos meios estabeleceu um cargo de "ombudsman editorial" para presidir os processos internos sobre a resolução de queixas. Em 2014, as associações constataram que havia desacordo e não se deu prosseguimento ao assunto. O ressurgimento desta questão em 2017 levará a um debate vigoroso no resto do ano e talvez também no próximo ano.
O Primeiro Ministro pediu um mandato de segurança contra uma emissora de televisão para impedir a repetição de um programa sobre a sua pessoa física, na sua condição de contribuinte e proprietário de terras. Os tribunais lhe negaram uma extensão do pedido inicial depois que o produtor de programação fez uma declaração no tribunal e a estação apresentou o seu lado da história. A tentativa do PM de usar o tribunal para evitar a repetição do programa e a concessão do recurso antes da audiência no tribunal para conhecer o ponto de vista do editor destacam o efeito paralisador, embora temporário, sobre a liberdade de expressão. A revogação da liminar estabelece um precedente para o futuro.
Em 10 de março Ruel Reid, ministro de Informação da Jamaica, declarou no Senado que o Governo estava em conversações com a Comissão de Radiodifusão (a entidade de radiodifusão do país) sobre propostas para administrar a sua relação com a mídia. Reid disse a seus colegas no Senado que o governo estava agindo para abordar o consumo e a influência do conteúdo da mídia. "Nesta era de desinformação e recrutamento de terroristas, existe a necessidade de encontrar um novo equilíbrio entre os direitos à privacidade e as preocupações legítimas sobre a segurança", afirmou. A Associação de Imprensa da Jamaica (PAJ) advertiu pouco depois que a entidade de controle da mídia não permitirá que se deteriorem os direitos à liberdade de expressão protegidos pela Constituição da Jamaica.
A Associação de Imprensa perguntou se o Governo tinha a intenção de promulgar leis para impor novas regulamentações à mídia, e em caso positivo, de que tipo; e além disso, por que o governo estava mantendo conversações com a Comissão de Radiodifusão quando o órgão regulador não tinha jurisdição sobre o conteúdo na Internet.
O panorama da mídia da Jamaica compreende três emissoras de televisão de licença livre, três diários nacionais, cerca de 35 estações nacionais de rádio com licença e mais de 40 provedores de transmissão por cabo, incluindo uma nova operadora de cabo, de assinatura sem fio.
Barbados
Neste período não houve relatos de violações importantes à liberdade de imprensa.
Os meios de comunicação continuam trabalhando em um ambiente onde não existem conferências regulares de imprensa com o Primeiro Ministro ou seu Gabinete, como nos países vizinhos do Caribe. Em junho de 2016, depois de exercer o cargo de Primeiro Ministro por seis anos, Freundel Stuart concedeu a sua primeira conferência de imprensa oficial. Desde então isso não se repetiu.
Nove anos depois de redigida, a Lei de Liberdade de Informação ainda não foi apresentada no Parlamento.
Entre os outros assuntos com implicações para a imprensa incluem-se as redes sociais e as difíceis circunstâncias econômicas.
Nos últimos anos expandiu-se o uso local das redes sociais. Isso vem aparelhado com um certo nível de abuso, já que as pessoas utilizam as redes para circular notícias não provenientes de fontes adequadas, sem verificação nem confirmação. Não existem requisitos para os padrões e as redes sociais oferecem a possibilidade de que pessoas anônimas publiquem declarações sem confirmação. Esta tendência fez com que a mídia fosse julgada negativamente devido às notícias das redes sociais. Continua a preocupação de que os excessos nas redes sociais poderiam provocar uma reação legal que envolveria a mídia.
Com vários anos de crescimento econômico baixo ou nulo, a mídia sofreu uma redução na receita por publicidade. Neste mesmo período aumentou a quantidade de meios de comunicação. Como consequência, mais meios de comunicação competem por uma receita já reduzida, uma situação que poderia pôr em perigo a viabilidade de algumas das publicações menores.